Theodoro Vinro:
De volta ao Reino dos Espíritos, finalmente tive um momento para me retirar do caos e me refugiar no meu quarto. O peso das responsabilidades recentes e a intensa conversa com Manu ainda estavam frescos em minha mente, mas, por agora, eu precisava de silêncio. Precisava descansar, afastar-me de tudo por um breve instante.
O quarto era um lugar de calma, um espaço simples, mas que carregava uma energia tranquila. As paredes eram de pedra lisa, cobertas por tapeçarias antigas que narravam histórias dos espíritos que governaram antes de mim. Uma luz suave iluminava o ambiente, e o som distante da natureza espiritual ao redor me ajudava a relaxar. Eu me joguei na cama, sentindo o cansaço me puxar para um estado de quase inconsciência.
Eu queria pensar nas próximas etapas, no que precisaria enfrentar nos dias que viriam. Dy e Quil ainda estavam inquietos, e manter a paz entre os territórios era uma luta constante. Havia tratados a serem revisados, decisões a serem tomadas, e, acima de tudo, o fardo de governar pesava em meus ombros como nunca antes. Mas, naquele momento, eu só queria deixar tudo isso de lado, nem que fosse por um breve intervalo.
Deitei de costas e fechei os olhos, permitindo que a calma envolvesse meus pensamentos. A suavidade do colchão parecia me puxar para uma tranquilidade que eu raramente experimentava desde que assumi a coroa. O som suave do vento espiritual do lado de fora, as árvores e plantas exalando uma energia quase viva, me davam uma sensação de paz que eu tanto ansiava.
O quarto era meu santuário, o único lugar onde eu podia ser apenas Theo — não o rei, não o protetor dos espíritos, mas apenas eu. Era como se, dentro daquele espaço, o mundo lá fora ficasse suspenso por um momento. Não havia pressões, não havia responsabilidades urgentes.
Fechei os olhos por um tempo, deixando que o cansaço físico e emocional lentamente se dissipasse. Mas, mesmo no silêncio, meus pensamentos vagavam. Pensava em Manu, em sua preocupação e em sua aceitação. Pensava em Madara, em como ele sempre sabia o que dizer para me fazer sentir mais firme, mais presente. Seus beijos, seus toques suaves e cheios de carinho estavam sempre ali para me lembrar que, independentemente de quão complicado o mundo se tornasse, eu não estava sozinho.
Eu mal havia sentido o tempo passar quando ouvi uma leve batida na porta. Sem abrir os olhos, suspirei.
— Entre.
A porta se abriu suavemente, e o som dos passos familiares fez com que um sorriso surgisse em meus lábios antes mesmo de olhar.
— Eu sabia que você estaria aqui — a voz de Madara ecoou suavemente no quarto, cheia de carinho e uma leve preocupação.
Abri os olhos lentamente, encontrando o olhar caloroso de Madara ao meu lado. Ele se aproximou da cama e sentou-se na beira, seus olhos percorrendo meu rosto como se quisesse ter certeza de que eu realmente estava bem.
— Eu só precisava de um momento para descansar — expliquei, minha voz mais tranquila do que havia sido em dias.
Madara sorriu levemente, mas havia uma seriedade em seus olhos que indicava que ele sabia exatamente o quão pesado aquele momento era para mim.
— Você tem se forçado demais, Theo. — Ele estendeu a mão, tocando meu rosto com delicadeza. — Sei que quer manter tudo sob controle, mas às vezes você precisa se lembrar de que não precisa fazer isso sozinho.
Acariciei sua mão em meu rosto, sentindo o calor de seu toque me reconfortar. Madara sempre soube exatamente como me alcançar, como me lembrar de que, mesmo no meio de todo o caos, eu ainda tinha quem cuidasse de mim.
— Eu sei, e agradeço por isso — murmurei, minha voz mais suave. — Só... preciso de um pouco mais de tempo para entender como equilibrar tudo. Mas você sempre me ajuda a encontrar esse equilíbrio.
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Livro dos ocultos
FantasiaTeodoro Vinro tem um segredo peculiar e assustador envolvendo espíritos: desde que ele se lembra, foi constantemente perseguido por esses espíritos. Recentemente descobriu que sua falecida avó havia passado para ele o livro dos ocultos, que contém o...