Theodoro Vinro:
Chegamos à bifurcação do corredor. À esquerda, seguimos por outro corredor. À direita, para as escadas. Descemos as escadas e atravessamos mais um corredor, indo contra o fluxo de pessoas que se dirigiam na direção oposta. Olhavam confusos para nossa direção, e devo dizer que o pior foi quando ouviram um estrondo e o chão quebrando, fazendo com que gritassem assustados e fugissem. A cada virada, o tremor pelos corredores aumentava, como se um grito ficasse mais forte, uma corda invisível me puxando na direção certa. Eu nem precisava pensar na direção que precisava ir. Na verdade, era mais fácil parar de pensar e simplesmente deixar isso me guiar, enquanto Simon liderava o caminho e Manu e Raimoy estavam logo atrás de mim, murmurando perguntas sobre o que estava acontecendo.
A tensão no ar era palpável, a urgência de escapar da criatura sobrenatural que nos perseguia tornava cada passo mais desesperado. O tumulto ao nosso redor, misturado com os gritos dos outros estudantes, criava um caos assustador. E, no meio dessa corrida desenfreada, algo sinistro continuava nos alcançando, alimentando a angústia que se acumulava em meu coração.
Finalmente, chegamos à entrada do auditório. Simon empurra a porta com tudo, e passamos.
— Como fez isso sem encostar na porta? — Raimoy perguntou.
— É uma longa história. — Respondi brevemente, sem tempo para detalhes enquanto continuávamos nossa fuga frenética. O som de asas e garras ressoava, lembrando-nos de que a criatura ainda estava em nossa perseguição, implacável em sua busca. O teatro é enorme, com o pé-direito alto e pesadas cortinas vermelhas que escondem o palco.
— Simon, aonde estamos indo? — questionei, buscando uma direção segura.
— Do lado de fora tem um monte de coisas estranhas, assim como o diretor — Simon disse, acenando com a mão em claro desacaso. — Na minha época, tinha uma passagem secreta por aqui que passava por baixo do estacionamento da escola.
— Com quem está falando? — Manu perguntou atrás de mim.
Estremeço, lembrando que os outros dois não conseguem ver Simon. Não é como se eu me esquecesse do que Simon é; isso é bem difícil esquecer quando seu melhor amigo é invisível para o resto das pessoas. Mas é impressionante as coisas com as quais nos acostumamos. O fato de ele me assombrar durante os últimos dois anos inteiros nem é a parte mais estranha da minha vida. Acho que isso diz muito sobre mim.
— É o Simon, meu amigo... bem, amigo é uma palavra complicada para isso — expliquei, sentindo o peso da estranheza da situação.
Manu e Raimoy trocaram olhares confusos, sem entender completamente.
— Não temos tempo para explicar agora, precisamos continuar seguindo Simon e sair desta escola o mais rápido possível. — Falei, tentando focar na urgência do momento.
O corredor parecia interminável, mas finalmente chegamos a uma porta discreta no final dele. Simon a abriu, revelando uma escada que levava para baixo, provavelmente em direção à tal passagem secreta.
— Desçam, rápido! — ordenou Simon, e começamos a descer as escadas apressadamente, deixando para trás o tumulto e o perigo que assolavam o interior da escola.
De repente, dou-me conta do motivo que faz com que eu me sinta mal algumas vezes ao levar-me até ali e notei a energia espiritual inundando algumas paredes com tanta força que quase poderia tocar com as pontas dos dedos, e isso estava diminuindo o calafrio nas costas, ao seguir Simon pelo corredor do subterrâneo em silêncio com as luzes do celular iluminando o caminho.
Raimoy estremece ao meu lado, e eu reviro os olhos.
— Já parou para pensar — observa ele, tentando murmurar baixinho para Manu — que o Theo não se assusta com facilidade suficiente?
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Livro dos ocultos
FantasyTeodoro Vinro tem um segredo peculiar e assustador envolvendo espíritos: desde que ele se lembra, foi constantemente perseguido por esses espíritos. Recentemente descobriu que sua falecida avó havia passado para ele o livro dos ocultos, que contém o...