Capítulo 2.

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Capítulo 2
Clara.

Me debatia enquanto sentia as mãos deles me rodeando, eles me prenderam em dois troncos de duas árvores próximas, e nisso pedia mentalmente para que a morte fosse próxima, não fora primeira vez que isso acontecera ou que eu desejara isto, mas sempre no mesmo ato ele parece maior, o meu medo e meu desejo que isso acabe.

Pedi para que não tirassem minha roupa, pedi para que parassem, mas nunca atenderam meus pedidos e não foi dessa que fizeram isso.

A minha saia foi arrancada de meu corpo, nisso eu estava me debatendo, com as pernas grudadas umas nas outras como todas as vezes em que eles fazem isso. Mas as mãos do ruivo em minha frente me imobilizaram, enquanto o garoto moreno abriu minhas pernas e então meu pesadelo começou.

Eles começaram um a um a brincar comigo, assim que chamaram tal atitude quando comecei a chorar, a pedir que parassem e a gritar por socorro, mas minha voz parecia que não existia, ainda mais quando colocaram o tecido da saia sobre minha boca, sufocando, portanto, toda voz que restava de meu corpo.

A brincadeira acabou, quando se cansaram, quando estavam satisfeitos de mim. Drake, o garoto moreno fez um curto movimento e as cordas que prendiam meus braços se formaram em cinzas.

E eles foram embora.

Eu não penso muito, mas às vezes me dá raiva, me dá raiva enquanto penso que eu sou a vítima, eu me convenci disso, convenci depois de noites sem dormir com pesadelos, depois de ficar com dor nas minhas pernas e em todo meu corpo que eu sou a vítima.

Porém não tenho direito nisso, não tenho direito de dizer isto quando eles têm o poder, a Natureza os ajudou e ninguém pode fazer o contrário.

Os homens têm direito aos quatros elementos: água, fogo, terra e ar. Eles podem não só ter esta vantagem sobre si, mas também são homens.

Eles podem fazer coisas levitarem, queimá-las, enterrá-las e afogá-las, mas também alegam ser mais fortes e eu, as mulheres não têm o que fazer.

Eu tento aguentar calada, tento me manter firme enquanto sei que por mais que eu sinta dor por algo que não fiz de errado, eu tento seguir de cabeça erguida, com tantas injustiças sobre nosso mundo e sobre as mulheres, eu ainda tento compreender o porquê.

Se a Natureza os escolheu eu não posso fazer nada, além de ficar em meu canto pedindo para que passe.

Adormeço com a bochecha melada de lágrimas, sentindo o chão gelado e o cansaço de meu corpo me consumir.

OS QUATROS ELEMENTOS, A MULHER E A COROA Onde histórias criam vida. Descubra agora