Capítulo 15

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Capítulo 15
Clara
608 palavras

Eduardo anda de um lado para outro na pequena sala que o príncipe me colocou.

- Quando é que a senhorita vai dizer algo? - pergunta ele.

Já faz certos longos minutos que estamos aqui. Eu não quero dizer nada porque eles insistem que eu conte a verdade, e a verdade não é o melhor para mim nesse caso.

Sou honesta na maioria das vezes, tenho total consciência o que é a mentira e eu não concordo que essa seja a melhor forma de esconder algo, porque querendo ou não, irão descobrir. Então, decidi que o melhor que eu posso fazer é ficar em silêncio absoluto.

Scott está sentado em caixas grandes, bem a minha frente. E eu estou apoiada na parede empoeirada.

Essa sala tem uma curta iluminação, sendo somente por uma pequena janela no superior da parede à minha frente, e a porta do lado de dentro está mofada, como tudo que se encontra aqui.

- Aldrich, sua voz sumiu? - o Eno diz com o tom de arrogância na garganta.

- Clara, nós não vamos fazer nada com você, caso contrário já teríamos te levado para diretoria. Por isso, pode dizer o que quiser conosco – assinto.

- Alteza, eu acredito que meu silêncio seja melhor para nós todos.

Scott levanta e eu sinto um vento bater contra meu rosto, a veia do seu pescoço salta e o vento que balança a poeira da sala é culpa de seu estresse.

- Eu já não lhe disse que nós não vamos fazer nada com você? Então a senhorita pode por gentiliza se adiantar porque ficar aqui te encarando não é a melhor coisa do meu dia – sua rispidez torna sua voz seca, batendo contra mim. O vento continua balançando meu cabelo e eu o encaro, com o cenho franzido, junto com Eduardo que também o olha com curiosidade.

A pupila de Scott brilha, brilha como um ouro, mas não dourado, sim dourado mofado, esverdeado como algo apodrecido.

Eduardo pigarreia e eu vejo o menino na minha frente fechar os olhos rapidamente, e quando os abre, sua aparência está muito mais suavizada.

- Me desculpe – pede calmamente - Não quero lhe assustar.

- Isto não me assustou, vossa alteza – falo.

Ele se senta novamente, com a postura totalmente errada, passando a mão pelas mechas negras de seu cabelo e suspira.

- Eu não preciso informar para você que estamos aqui para te ajudar, não é?

- Bem, eu estou aqui só para dar apoio moral para você e saber que fim vai dar toda essa conversa – retruca Eduardo, e quando me viro para olhá-lo, vejo-o encostado na curva entre duas paredes. As ondas loiras caindo pelos seus olhos violetas o tornam estranhamente bonito - Não querendo te ofender, Aldrich, só acredito que as informações podem valer mais do que tudo aqui.

- Então o cavalheiro está me dizendo que se eu contar algo aqui, você irá espalhar para toda escola?

- Olha, Aldrich, sinceramente, agora a única coisa que eu quero fazer é sair por essa porta.

Francamente eu nunca senti o que estou sentindo agora, meu sangue ferver e o mais esquisito: a minha marca no meu pescoço começa a arder, como uma brasa.

As palavras saem da minha boca antes que eu pudesse contê-las, e a queimação da minha marca em meu pescoço coberto pelo cachecol aumenta.

- Então o cavalheiro deveria sair.

Sinto um tremor na terra e eu me equilibro para que eu não caia.

Olho para o chão e encontro uma rachadura atravessando todo o piso da sala.

- Nós estamos irritando a natureza! - exclama Eduardo - Será que tem como você dizer logo o que tem para nos contar, por amor a sua vida?

OS QUATROS ELEMENTOS, A MULHER E A COROA Onde histórias criam vida. Descubra agora