Capítulo 10

1 0 0
                                    

Capítulo 10
Clara
1006 palavras

A família de Lana é do elemento de terra, todos os homens da família se enquadram neste elemento. Não é difícil notar isto.

A casa em si já traz este ambiente. Não sei se a sra. Riley faz questão deste tipo de representatividade ou que o marido faz, mas a casa é completa de plantas, com quadros com flores e não sei se toda esta imagem em minha visão faz com que minha mente sinta o cheiro de terra molhada, mas só sei que sinto o cheiro invadir minhas narinas, algo instantâneo.

Os irmãos de Lana, os trigêmeos que curiosamente parecem somente cópias aleatórias um dos outros, porque a personalidade dos três são iguais, se completam em piadas se graça, comentários e falas. Não parece nem um pouco que eles podem ser pessoas diferentes.

Isto é ser irmão?

Compartilhar conhecimentos, conviver o suficiente para saber a resposta, rir das piadas mais estúpidas, que já escutei, para não o deixar sozinho? Isto é fraternidade?

Quando eu era mais nova, tinha apenas seis anos de idade, minha mãe teve um aborto
espontâneo.

Nem sabíamos que ela estava grávida, somente quando eu e meu pai a vimos gritava de dor enquanto sua mão estava em sobre sua barriga e uma mancha de sangue estava marcada em seu vestido.

No momento eu não sabia o que estava acontecendo exatamente, na verdade acreditava que ela estava morrendo, não que havia perdido um possível bebê.

Meu pai correu para ajudá-la e acredito que ele já sabia o que havia acontecido naquele momento, e minha mãe também. Eles me expulsaram, pediram para que eu saísse de lá, com lágrimas nos olhos eu os obedeci acreditando que eles queriam um momento sozinhos antes que minha mãe se fosse,
tolice a minha.

Eu sempre quis um irmão. Uma pessoa diferente para que eu possa compartilhar minhas dores, implicar e brincar.

Porém depois disso minha mãe nunca mais engravidou, não sabemos o motivo concreto, mas este foi o último caso de gravidez de minha mãe.

Logo depois que descobri o que realmente havia acontecido me senti uma bocó, mas também fiquei ligeiramente triste e as lágrimas que tinha desperdiçado por ter pensado que minha mãe iria morrer foram repostas para que caíssem de meus olhos novamente.

- O que está achando do jantar, Clara? - Lana me pergunta, desta vez ninguém nos olha porque estão interditos demais em suas conversas.

Lana está ao meu lado direito, com seu vestido com estampa de folhas e flores, assopradas por um vento que é marcado com linhas finas sobre o tecido.

É muito bonito, junto com o seu cabelo que está em um coque que deixa seus cachos abertos caírem pelo seu rosto.

- Estou muito satisfeita – respondo-a.

- Fico feliz por isso. A torta de sua mãe parece muito saborosa, poderia depois me passar a receita? Sou fascinada por doces e frutas, acho-as lindíssimas.

Ela diz isto rapidamente e eu assinto, segundos depois de ter processado tudo.

Lana quer criar alguma conexão comigo, algo que faça com que nós duas se transforme em amigas e se tornemos inseparáveis. O que é muito bonito de ser ver, mas não comigo que não sei ao menos me comunicar diretamente com alguém sobre estes assuntos.

Consigo falar com alguém profissionalmente quanto a escola, mandatos ou em nome de outra pessoa, mas conseguir tratar sobre coisas intimas? Não.

Eu sou estranha quanto a isso, eu não consigo me comunicar inteiramente com alguém que quero criar intimidade, não consigo sentir confiança para que no final ter um confidente de segredos.

Mas no caso, comigo, minha única confidente é somente eu mesma, guardando tudo para mim e espelhando minhas dores em posturas e golpes, quando posso.

- Bem, enquanto nós não podemos provar aquela maravilha, que tal conversamos?

- Ah, por mim sim, por mais que, de certo modo acredito que eu não seja muito interessante para que você gaste sua querida voz – respondo, mas ela faz um aceno com a mão, largando os talheres em cima do prato que ainda resta um pouco de comida.

- Ninguém é desinteressante, Clara. Todos nós temos vozes de algum modo que, nela sempre haverá algo que temos de compartilhar – ela sorri - Então, não nos conhecemos a muito tempo, mas
sinto que você seja uma pessoa bem quieta e sozinha.

Arregalo meus olhos pela sua sinceridade, pelo seu ato de falar isto tão tranquilamente como se a minha reação não pudesse ser negativa contra sua fala.

Ela parece não notar minha expressão curta e continua falando sobre o que eu aparento ser, somente pela minha fala, andado, e modo que minha postura fica quando me sento.

Esquisito.

É a palavra que resolvo definir para essa cena que, por mais que bastante curiosa, também
engraçada e dinâmica.

Ela continua a falar e eu tento interromper, mas minha voz era sufocada pela dela, praticamente sempre.

- Lana – digo erguendo minhas sobrancelhas – Acredito que sua observação seja maravilhosa por ter notado tantas características minhas em um curto período que esteve comigo, mas eu já entendi tudo que quis transmitir com elas.

- Ah – ela solta – Bem, agora você pode me dizer, portanto o que observou sobre mim.

Meu cenho se franze rapidamente, mas logo volto para minha expressão comum.

O que eu observei nela?

Bem, características negativas pela sociedade, mas positivas para minha curiosidade.

- Você é falante, simpática, aparentemente gentil, e humilde, acredito que estas características fazem você, pelo que eu lhe conheci – ela sorri e vira seu corpo totalmente para minha direção.

- Então agora que sabemos o que cada uma observou uma na outra, podemos finalmente conversar sobre algo já sabendo mais ou menos como cada uma irá reagir!

-|------

Quando Lana gargalhava, as pontas dos meus lábios se erguiam rapidamente;

Quando ela falava animadamente, mas confusamente, eu falava timidamente e claramente;

Quando ela movimenta as mãos para se expressar, as minhas ficaram em meu colo
quietamente;

Quando ela falava comigo como se eu fosse uma amiga íntima, eu falava como se ela
fosse algo passageiro, por mais que pareça que não será.

OS QUATROS ELEMENTOS, A MULHER E A COROA Onde histórias criam vida. Descubra agora