Capítulo 12

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Meus dias de folga nunca demoraram tanto pra passar, preso dentro de casa, sem sentir vontade de fazer nada, sem ter como falar com a Ana, tendo como minha companhia o meu violão e os inúmeros papéis soltos pela casa das composições que acabei escrevendo, pensando em todos nossos momentos, nas nossas risadas, segredos compartilhados, era tão bom estar com ela, mesmo que não fizéssemos nada de diferente, só pelo fato de estar com ela, era o que me bastava. Estava sendo difícil não falar com ela, não mandar mensagens pra incomodá-la e não poder visitar nos meus dias de folga, acho que eu nunca tinha percebido como eu era dependente dela e ter que aprender a não ter mais ela comigo, me machucava cada dia mais.

Eu sei que ela tinha razão quando disse que eu saia com uma mulher diferente em casa show, mas nunca teve alguma que mexeu comigo de alguma forma diferente pra eu querer que fizesse parte da minha vida, todas elas sabiam que era só diversão, eu sempre deixei bem claro. E mesmo que tivesse encontrado alguém, nenhuma delas seria a minha Ana, ninguém nunca iria ocupar o lugar dela na minha vida e muito menos no meu coração. Eu jamais perdoaria aquele infeliz por ter tirado minha princesa de mim.

As semanas se passaram comigo olhando pro meu celular todos os dias e a todo momento que eu tinha livre, esperando por uma mensagem ou ligação que não vieram. Ela estava levando a sério o meu pedido dela esquecer que eu existia. Eu estava nervoso, chateado com ela e acabei falando sem pensar nas consequências que minha frase teria. Estava perdido em pensamentos, olhando pro meu celular quando senti alguém encostar em mim, me chamando, certamente porque eu não havia respondido a algum chamado.

Julia: Gu - disse me fazendo olhar pra ela, a Ju era quem cuidava dos sorteios do camarim do meu show, e essa semana ela estava acompanhando pra me auxiliar

Gustavo: Oi - respondi sem graça - me desculpa, não ouvi você me chamar

Julia: Percebi, está no mundo da lua, ta apaixonado? - falou rindo

Gustavo: Que apaixonado o que? Eu to aqui tendo umas ideias pra nossa próxima turne - menti descaradamente olhando pro celular mais uma vez

Julia: Sei... nenhum sinal da Aninha ainda? - me perguntou indicando o celular com a cabeça, eu havia conversado com a Ju no primeiro show após nossa briga, precisava desabafar e ela foi a primeira que estava pela frente

Gustavo: Não. Ela levou a sério a parte de esquecer que eu existo - disse olhando pra porta do camarim

Julia: É complicado, mas eu tenho certeza que ela vai perceber o erro dela e virá atrás de você. Você é importante pra ela

Gustavo: Já não tenho mais certeza sobre ser importante pra ela, o melhor é eu me conformar - falei querendo mudar de assunto

Julia: Calma aí pisciano, quanto drama - ela disse rindo e indicando a porta, avisando que estava na hora de subir no palco para o show começar. Assim que o show acabou, fomos pro hotel, eu só queria tomar um banho e deitar na cama, pra tentar esquecer toda essa situação de merda, por pelo menos 5 minutos

Ana narrando

Mais um mês havia passado, minha vida estava ainda mais agitada, faculdade quase no final, meu casamento ficava cada dia mais próximo, havia conseguido um estágio remunerado em uma clínica odontológica pediátrica, que roubava boa parte do meu tempo também, eu confesso, mas estar fazendo o que eu amo e me preparando pra quando a faculdade acabasse, me deixava feliz, era o único momento do dia que eu conseguia esquecer os últimos acontecimentos ruins da minha vida, que se resumia em uma única pessoa, chamado Gustavo. Que saudades do meu ursinho, de ligar pra ele, contar as novidades, de ganhar cafuné e um abraço que só ele sabia dar. Quando eu consegui a vaga de emprego, a primeira coisa que fiz foi pegar o celular, pra ligar e contar, mas me recordei que isso não era possível, eu sei leitora, a escolha foi minha, mas mesmo assim não deixa de doer. Doía ainda mais, quando eu me recordava das últimas palavras dele, e da forma rude com que falei com ele, sabia que aquilo o tinha machucado, e eu me culpava todos os dias por ter machucado a pessoa que eu amava e que mesmo com todos os defeitos, sempre foi meu apoiador. Mas agora era tarde demais, as palavras ditas não voltavam, eu estava feliz com o Felipe e meu casamento se aproximava cada vez mais. Naquela semana, havíamos escolhido os padrinhos, o Fe escolheu de maneira rápida, mas eu leitora toda vez que batia os olhos naquele papel e via o nome dele com um ponto de interrogação ao lado, sentia vontade de chorar. Nós sempre combinamos que seríamos padrinhos um do outro quando nos casássemos, o único problema é que eu não sabia se ele iria aceitar, o próprio Felipe tinha me dito, que duvidava muito que ele aceitasse, pois nas palavras dele, o Gustavo não era trouxa. Hoje era sexta e as meninas viriam aqui pra casa, pra uma noite do pijama, o que elas não sabiam é que além disso, eu as contaria que iria casar e que elas seriam minhas madrinhas.

Duda: Que delícia, estava precisando disso mesmo - disse se jogando no colchão que eu tinha colocado no chão, no momento que passou pela porta do meu apartamento

Nat: Não é menina? Fazia tempo que não fazíamos uma coisa dessa - dizia se jogando ao lado da Duda

Camila: A Ana agora só tem tempo pro namorado dela, esqueceu que a gente existe - disse rindo, pra me provocar. Camila era uma colega da faculdade que às vezes saia com a gente

Ana: Que engraçadinha que vocês são - eu disse sorrindo falsamente - eu chamei vocês aqui, pra além da gente conversar, eu contar uma novidade

Nat: Fala - disse apressada sentando no colchão

Duda: Fofoqueira - empurrou a Nat pelo ombro, fazendo com que todas dessem risada

Ana: Daqui 2 meses eu me caso e gostaria que vocês fossem as madrinhas - disse soltando a bomba de uma só vez, com medo da reação delas

Camila: É O QUE? - disse alto

Duda: O Gustavo vai morrer - disse com os olhos arregalados

Nat: Que cor eu vou usar? - disse empolgada

Eu amava minhas amigas, e amava mais ainda que a reação de cada uma era diferente da outra

Ana: É isso Cami, nós estávamos nos organizando já faz alguns meses, mas queríamos manter segredo, o convite deve ser entregue a vocês essa semana que vai entrar - disse empolgada - O Gustavo não vai morrer Eduarda, aliás, preciso da sua ajuda com isso, eu queria muito que ele ocupasse o lugar que sempre foi dele, como padrinho ao seu lado - disse apreensiva - e sobre a cor Nat, tons do pink ao marsala por favor - disse rindo com elas

Duda: Você sabe que se quiser ele ao seu lado nesse momento, vai precisar ir atrás ne Ana? - me perguntou - É sempre ele quem vem e dessa vez, você caprichou no ataque com as palavras

Ana: Eu sei, mas esperava uma ajuda sua pra que eu pudesse ir atrás dele - disse juntando minhas mãos em frente ao meu rosto, como uma prece - mas vocês não responderam, aceitam serem minhas madrinhas? - perguntei

Todas responderam empolgadas um sim enorme, levantando e vindo me abraçar, já fazendo mil planos pra quando o grande dia chegasse.

Duda: Vamos começar a maquinar sua aproximação do Gu já então - falou rindo - mas você sabe que de começo ele vai ser durão, mas ele não aguenta muito tempo longe da "princesa" dele - disse fazendo cara de nojinho, brincando com minha cara.

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Presente de natal adiantado, só pq estou generosa. Façam uma boa leitura. 

P.S.: Esse capítulo é dedicado as minhas amigas, que disseram que iriam me matar, caso não tivesse uma nova atualização hoje. Amo vocês haha

Seu lindo sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora