Capítulo 6

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Acordei mega atrasada pra faculdade, Gustavo havia ido embora pela madrugada, ele tinha me dito que precisaria ir pois teria compromisso no estúdio durante o dia e queria descansar um pouco ao menos, encostei a mão na minha bochecha constatando que o beijo que senti não tinha sido apenas imaginação. Não o culpei por não se despedir, afinal ele sabia que eu estava cansada e que teria aula hoje pela manhã e certamente ele não quis me despertar, não adiantou muito já que acabei acordando muito tarde e perderei a primeira aula de qualquer forma. Me vesti, fiz minha higiene e quando colocava meus acessórios de maneira apressada, ouvi a campainha tocar. Logo agora? Abri a porta e me surpreendi dando de cara com o Felipe, com um buquê nas mãos e um olhar arrependido no rosto.

Felipe: Posso entrar? - perguntou cauteloso

Ana: Claro, pode sim - respondi surpresa por ele ter vindo e entramos no apartamento

Felipe: Podemos conversar? Sei que está atrasada, mas não queria adiar

Ana: Tudo bem - respondi receosa, não estava com disposição pra mais uma briga

Felipe: São pra você - entregou o buquê pra mim

Ana: Obrigada - sorri e cheirei as rosas, vou colocar na água, já volto

Felipe: Ta bem - sentou no sofá - Como passou a noite? - perguntou, acredito que para puxar assunto

Ana: Se eu disser que bem, estarei mentindo - suspirei colocando as flores no jarro - e você? - perguntei e ele ficou em silêncio

Felipe: Eu passei uma noite horrível, mas pelo jeito você dormiu muito bem - disse de maneira irônica, voltei pra sala sem entender, porém quando cheguei imaginei do que se tratava quando ele segurava um papel em suas mãos

Ana: O que é isso? - perguntei para ter certeza

Felipe: Você que tem que me explicar Ana Flávia - disse começando a se alterar, jogando o papel na mesinha de centro. Me abaixei, peguei e li o conteúdo do bilhete "Aninha, fica bem, ok? Não quis te acordar, você estava dormindo tão serena e sei que estava cansada. Mas estou preocupado com você, me liga quando acordar? Estou aqui pra você pra qualquer coisa, você sabe disso, é só me ligar que eu venho de onde estiver. Me liga, seu ursinho está preocupado. Bjo.". Olhando ainda pro bilhete sabia o que Felipe estava imaginando e sua expressão só me confirmava.

Felipe: Logo depois de uma briga nossa, com ele sendo o motivo dela, você tem a coragem de procurar ele pra te consolar? E ainda por cima, dormir com ele? - perguntou nervoso

Ana: Você está tirando conclusões precipitadas. Eu estava muito mal com nossa discussão, ele é meu melhor amigo, você já está cansado de saber, eu liguei porque queria companhia, não queria ficar sozinha, queria alguém pra conversar.

Felipe: Você tem amigas da faculdade, porque não ligou pra alguma delas? Porque não ligou pra Duda te fazer companhia nem que fosse por vídeo? Porque ele? Sempre ele - dizia de maneira desesperada.

Eu não tinha resposta para os questionamentos dele, sabia que eu poderia ter chamado qualquer outra pessoa, mas nenhuma delas tinha o poder de me acalmar que ele tinha, ninguém tinha o abraço dele. Mas parando pra pensar, eu deveria ter chamado alguma das meninas e evitado mais uma briga, porém agora era tarde, precisava ao menos tentar reverter essa briga, eu gostava muito do Felipe, iriamos nos casar em 4 meses, tudo estava pronto e ele teria que confiar em mim.

Ana: Me perdoa, eu estava muito nervosa, peguei meu celular e liguei pra primeira pessoa das chamadas recentes. Eu nem percebi pra quem ligava até ele atender o telefone e perceber pela minha voz que eu chorava, ele não me deu nem tempo de dizer nada, só me disse que estava vindo pra cá - eu menti leitora, menti na tentativa de acalmá-lo, não tinha mais emocional para lidar com outra discussão e pelo mesmo motivo.

Seu lindo sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora