Capítulo 3

1.4K 74 3
                                    

Fiquei parada olhando pra porta, tentando digerir o que havia acontecido, o Gustavo é o meu melhor amigo e meu primeiro amor, mas quanto mais eu fui crescendo e amadurecendo, precisei entender que o único lugar que eu teria na vida do Gu e que eu poderia deixar ele ter na minha, era de meu melhor amigo. Ele nunca percebeu que meus olhares sempre foram mais do que de amiga, que todas as vezes que eu murchava quando ele me contava sobre um novo pedido de namoro, era por que eu gostaria de ser a escolhida da vez. Sempre fui boa como amiga, companheira, ele dizia que não queria que eu saísse da vida dele nunca, mas nunca fui o suficiente para ser sua namorada. Ele nunca me escolheu. No decorrer dos anos, eu encontrei um alguém que me escolheu, escolheu formar uma família comigo, escolheu me apoiar nos meus sonhos e escolheu subir comigo no altar e me tornar sua esposa. Mesmo com meu coração apertado pela nossa briga, decidi tomar um banho e me arrumar pra esperar o Fe que logo chegaria. Ele é um bom homem, é romântico, simpático, educado, trabalhador e faz de tudo por mim e sem sombra de dúvida me ama. O que falta de romantismo em mim, ele supre e entende que não sou a parte romântica do relacionamento, às vezes ele até parece a mulher, já que é ele quem grava as datas, desde as mais bobas, até as mais importantes. Não vou dizer que não o amo, mas é visível que o amor que ele sente por mim, é muito maior do que o que eu sinto por ele. O amo por tudo que ele já fez por mim, amo pela pessoa que ele é, por tudo que ele me proporciona, mas mesmo sendo um dos meus mais repetidos pedidos a Deus, eu não o amo como homem, esse amor é dedicado ao Gu, mesmo que ele nunca venha saber disso. Pensar nisso durante meu banho, fez com que eu acabasse deixando algumas lágrimas caírem dos meus olhos e consequentemente fazendo com que me enrolasse no banho, certamente quando saísse daqui, o Felipe já estaria me esperando. Enquanto terminava meu banho e minha higiene, lembrava das palavras do Gustado e de suas reivindicações acerca de nossa amizade, ultimamente ele vem tendo algumas crises de ciúmes em relação ao Felipe, reclama que não dou atenção ao mesmo tempo que pega uma por semana. Sei que antes éramos mais grudados, mas as coisas mudaram, as coisas geralmente mudam quando o tempo passa e quando entramos em um relacionamento. Por outro lado, Felipe - em sua razão - não gosta da minha relação de amizade com o Gu, ele não me impede de de vê-lo ou algo do tipo, a única coisa que me pediu foi para me afastar um pouco, e mesmo que eu não goste de seguir esse tipo de regra, creio que pelo menos durante esses meses que antecedem nosso casamento, o melhor é manter o mínimo de distância para manter um clima agradável no relacionamento. Sem contar que meus sentimentos andam tão confusos e aflorados, que não sei se seria capaz de seguir em frente com esse casamento, se eu visse o Gu todos os dias.

Felipe: Oi amor, você ainda não está pronta? - perguntou entrando em meu quarto, ele tinha a chave do meu apartamento e inerte aos meus pensamentos, não o ouvi destrancar a porta

Ana: Desculpa amor, acabei me enrolando um pouco, mas já tô quase pronta, só falta vestir minha roupa - respondi dando um selinho nele - as minhas coisas da faculdade já estão arrumadas

Felipe: Tô vendo o quase, parece que não te conheço - riu se sentando na ponta de minha cama

Me vesti e aproveitei pra secar meus cabelos, enquanto secava o ouvi perguntar

Felipe: O que você fez a tarde? - perguntou olhando alguns papéis que eu havia deixado em cima da minha mesinha de cabeceira

Ana: Fui ver o vestido - sorri pra ele e ele me olhou sorrindo largo

Felipe: Então está tudo certo?

Ana: Tudo, só falta chegar o grande dia - sorri

Sorrindo de canto ele se levantou de onde estava e veio em minha direção me abraçando por trás e me fazendo encarar nosso reflexo no espelho

Felipe: Não sabe o quanto tô ansioso pra te fazer finalmente a minha mulher - disse com um tom de voz que eu amava, sorri me sentindo culpada por não poder retribuir tudo que ele me dava, mas como sempre tentaria de tudo para poder. Beijei a bochecha dele com um sorriso no rosto e voltei a me arrumar. Quando terminei, juntei minhas coisas e o chamei com a mão, durante o caminho para casa do Fê, eu não largava o celular, estava preocupada com o Gustavo, ele não tinha avisado se havia ido para algum hotel ou voltado pra São Paulo.

Seu lindo sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora