O Sequestro | - O Épico Amor De Wayland

19(Clary)

Me movi com rapidez, como se meus passos desprovidos de lentidão, pudesse mostrar à Jace, como a emoção de raiva era a única que me cegava naquele momento. Fato, no entanto, que obviamente não aconteceu, porque o infeliz de Wayland, me alcançou mesmo com minhas fungadas e rangidos, que deveria mostrar como ele era a última pessoa que eu gostaria de interagir naquele terrível, pequeno e abalável momento. Por que ele não poderia ser compreensivo com a crueldade de que estilhaçou o meu coração, e deixar-me em paz, permitir que eu desfrutasse de um pouco do silêncio que não acompanhava sua tempestade. E que só procedia quando estava longe de mim, inalcançável como o a lua é de estar com o sol, mesmo sendo eternos namorados. Eternos amantes de um amor infinito, que no entanto, só queima na mesma tempestade romântica, perante o que nomeados o eclipse.

Quando eu era criança, uma jovem curiosa de cabelos ruivos que me tornava fofa, mamãe dizia. Tinha curiosidade inabalável sobre a lua e o sol. Quero dizer... O amor, não importa em que face ele se manisfesta, é o sentimento mais puro e calmo que podemos sentir arder em nossos corações, inundando o nosso peito com uma incansável alegria, que é consequência do amor, não importando qual seu tipo. O amor é a água benzida que se bebe com uma talante que não tem fim. É a terra que lhe mantém firme, mesmo quando os pés do dono mais profano pisa em sua área verde. O amor é o sentimento que necessitamos para respirar; porque, sinto que se eu amar Jace, saberia o verdadeiro significado daquela famosa frase dissonante, que profere a necessidade que um ser humano tem de depender do toque de quem amamos, para respirar. Quando tais alcançaram a minha escuta, a primeira percepção que se fez passar na minha cabeça, é de como isso é impossível. Por que, afinal, um simples tocar de peles é o bastante para desenfrear tamanha função do nosso corpo? Porque, a resposta é mais emocional do que suas palavras soam. Respirar nem sempre trata-se de ser no físico. Talvez eu seja a prova disso a mais tempo do que, de fato, tenha percebido.

Como a primogênita de minha materna beldade, eu tinha a desempenhar um papel indeclinável. Era como se minha figura decrépita, fosse o reflexo de um espelho para a Celeste, minha doce caçula. Portanto, o espelho reflete os movimentos que você enxerga ao olhá-lo, mesmo que tal seja uma péssima jogada. E, era esse o meu incessante medo, dizendo respeito à Celeste. Se eu falhasse, como o reflexo observado por Celeste, tal falha significaria um mal exemplo perante a minha irmã. O que isso tem a ver com a frase mais impossível que já ouvi em toda a minha vida, que alcança quase vinte e seis anos? Tem a ver que, o simples roçar de suaves dedos, já foi o responsável por me tirar da zona temperamental de minha própria dor e sofrimento. Toda vez que eu sonhava em discar o número de Luke, os dedos macios da doce Jocelyn Fairchild, me puxava de um transe, e eu colidia os pés no chão, ao lembrar o motivo de minha ação ser uma escolha errônea, incabível para a violência doméstica que infligia Valentim à minha mãe. A razão? Envolver Luke na tragédia familiar, faria tudo ser pior. Mesmo formado em direito, ter subitamente elevado seu cargo de policial à delegado, Luke não era tão renomado, se colocássemos o nome Valentim Morgenstern do outro lado da balança. E em uma cidade funesta como essa, onde um homem negar seus atos de profana violência, têm mais valor do que uma mulher alegar as agressões desferidas à si, nem mesmo um notável delegado, aclamado, como Luke, poderia salvar-nos do terrível ciclo de constantes violência. Então, o toque de minha mãe, salvou-me de piorar a situação. Porque no fim, é verdade. Nós precisamos do toque de quem amamos quase tanto quanto de ar pra respirar. Precisamos apenas de um roçar, da ponta de um único dedo. E dói, precisar de oxigênio liberado por um toque, de uma pessoa que talvez nunca nem toque-nos com fervura que precisamos.

E neste momento, eu precisava de ar, água, terra, mas certamente não necessitava de fogo. O elemento que incendeia, já estava fazendo sua especialidade; queimado-me até o último pedaço de mim. Eu não precisava de Jace Wayland.