Capítulo 29

1.1K 98 3
                                    

Não estou sozinha na cama. Como adivinhei? Um peso na minha cintura e pernas. Respirei e fui abrindo um olho devagar. Olhei de lado e aquele que paga meu salário no final do mês estava adormecido ao meu lado, tão humano, quem não conhecesse imaginaria que seria merecedor de ser embaixador da Unicef. 

Tentei me desvincular primeiro minhas pernas e ouvi um ronronar dele. Respirei passiva e comecei, com toda delicadeza que não existia na minha vida, tirar seus braços. Frustrante, novamente. Ele agarrou mais forte e meu puxou para ele. Bufei e ouvi um riso. Filho de uma mãe estava acordado se divertido com minha derrota. O olhei e ele tinha um olho aberto, quando viu que o vi, fechou depressa.
 - Palhaçada, Guilherme. - Resmunguei e ele rio, puxando-me mais e beijou minha testa.

- Bom dia, também, querida. - Disse rouco e eu fiquei quieta. O que era aquela voz pela manhã? Conseguiria ter um orgasmo só com um A. - Que foi? - Perguntou preocupado.

- Queria acordar, levantar e fazer minha higiene pessoa. - Disse e ele me olhou como se eu tivesse falando que vi ET.
 - O que te impede? - Ele perguntou serio e ele o olhei de cenho franzido. - Almoça comigo e a Júlia? - Perguntou me olhando, e pelo seu olhar gentil que não me enganava eu sabia que não teria saída.

- É sim, ou claro? - Perguntei e ele rio, assentindo. - Ok. - Disse e ele me soltou, gargalhando.

- Tem uma hora para se arrumar. - Disse dando um tapa em meu traseiro, quando me levantava. Dei um gritinho e vi que já eram onze e meia da manhã. 

No banheiro, consegui respirar aliviada. Não tinha ninguém me pressionando a nada. Eu poderia pensar, e questionar comigo mesma o que eu estava sentindo. Sendo assim, após trancar a porta, me sentei no vaso sanitário que estava fechado, cruzei as pernas estilo índio e prendi meu cabelo num coque.

- Certo, eu me sinto atraída por ele. Tenho uma atração incontrolável. Ele consegue me domar, me levar facilmente. - Disse pensativa. - Eu não consigo pensar em outra pessoa quando estou com ele. Não imagino se ele não tiver em minha vida e sua ausência me deixar estressada. - Acrescentei. - Ele me protege, quer meu bem, me faz ri e me dar mais de três orgasmos numa só rodada. - Rio lembrando da noite de ontem. Dedos, línguas, anaconda. Opa. - Ele afirma que sou dele e eu não o vejo com outra. Mas também nunca procurei. - Meneio a cabeça. - Eu posso ter um sentimento por ele. - Concluo. - Talvez seja paixão, mas acho que ele não precisa saber. Ele já tenho o ego maior do que o Brasil, não precisa mais acrescentar. - Ri e bati palmas para mim mesma pela minha analise. Dei um joinha com dedo para mim.

- Aconteceu algo? - Ouvi ele tentar abrir a porta e rolei os olhos.

- Não, gostosão. - Disse e ouvi e ele ri. 

Tomei um banho demorando cantando The Heart Wants What It Wants, da Selena Gomez e ri. A música se encaixava na minha vida. Cantei animadamente e depois fui fazer minha higiene bucal. Meu cabelo molhado e enrolada numa toalha, sai do quarto. Fui em direção ao meu quarto e abri meu guarda roupa. Peguei um vestido florido de alça fina e uma lingerie, quando soltei a toalha a porta do quarto se abriu e quando me virei, Guilherme adentrava com uma toalha ao redor de sua cintura, despreocupado. Ele assentiu me olhando e eu o olhei com desdem.

 - Qual foi? Até alguns minutos atrás você estava nua em meus braços. - Disse como se fosse obvio e eu bufei. Ele estava certo. 

 ... 

- Estava com saudades, Ari. - Júlia correu até mim me abraçando quando adentrei a sua residencia. Guilherme atrás de mim bufou.

 - De mim ninguém sente. - Resmungou.

 - Pai, te vejo todos os dias. - Ela rolou os olhos, indo até ele e o abraçando. 
- Você te perdoar porque a Ariana andava mesmo sumida. - Ele disse me olhando e rolei os olhos.

- Vai almoçar com a gente? - Ela perguntou e eu assenti. - Que ótimo, Bianca ainda dorme, mas vai ter salmão e eu adoro. - Disse dando pulinhos.

 - Vai acordar a Bianca, Júlia. Ninguém mandou ela fica até tarde na farra. - Guilherme disse sério e Júlia se virou, mas a segurei.

 - Deixe ela descansar, Guilherme. Dê um desconto. - Disse e ele me olhou feio, mas não disse nada. 

Almoçamos entre conversas e risadas. A comida estava magnifica e comi sem pena. Guilherme me olhou com cenho franzido, enquanto a Júlia falava animada sobre a festa que teria em seu colégio. Ela me convidou. Ela uma festa que teria no final do ano de formatura. Ela iria para o segundo grau, então seria uma das participantes. Teria uma cerimonia e após um baile. Rafael não disse nada, Júlia era a atenção nossa. Após o almoço, eu me ofereci para tirar a mesa, mas Guilherme me arrastou para sua sala de estar enquanto a Júlia foi estudar em seu quarto.

- Ela gosta de você. - Guilherme disse enquanto a Júlia subia as escadas.

- Eu também gosto dela. - Disse o olhando e ele voltou o olhar para mim.

 - Dificilmente ela gostou de uma garota comigo. Ela odiava a Rafaela. - Ele disse e eu sorri de lado. - Veja, o universo conspira ao nosso favor. - Ele disse e saiu um sorriso de lado de seus lábios e eu rolei os olhos.

- Você é tão clichê. Está tentando me levar no papo? - Perguntou empinando o nariz.

- Estou conseguindo? - Perguntou divertido e eu ri.

- Por que eu, Guilherme? - Perguntei e ele me olhou sem entender. - Tantas mulheres ao seu dispor, uma mais linda que a outra, mas você ainda insisti em mim. - Disse e ele passou a mão pelo meu cabelo, descendo para o pescoço.

- Porque eu quero você. Eu te vi quando você nem me conhecia, talvez tenha gostado desde ai. - Ele disse puxando meu rosto para mais próximo. - Não estou me importando com outras, só o que me interessa é você, e eu não vou sossegar enquanto você não aceitar. - Disse e então uniu nossos lábios em um beijo calmo e cheio de sentimento. Me deixei levar, me rendi a ele. Não iria mais me impor, não mais.

Colisão ...O encontro de dois mundos.Onde histórias criam vida. Descubra agora