Encontro

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Antes do sol de pôr, enquanto preparava um lanche, sorrio antes mesmo da campainha tocar, sentindo a presença de Regina e Henry se aproximando pelo corredor.

─ Por que está com essa cara de besta? ─ Jackie pergunta com uma sobrancelha erguida, mas não precisei responder; com um manear de mão, abri a porta de entrada e ela se surpreendeu assim como os dois visitantes que pararam na soleira.

─ Qual é, vocês já são de casa. Não precisa de cerimônias. ─ Digo, e logo retomo a tarefa de fazer o lanche.

─ Legal. ─ Henry disse antes de entrar, sendo seguido por sua mãe, que educadamente fechou a porta.

─ Querem um lanche?

─ Eu quero. ─ O garoto veio ajudar a preparar, fazendo-me admirá-lo por sua gentileza.

A rainha se sentou ao lado, mesmo recusando o aperitivo. Era como um déjà vu, aquela cena tão familiar, a majestade de forma natural em minha casa, sem ninguém mais para me acusar de insanidade ou estar pronto para se lançar numa luta inútil contra a rainha. Pairava um ar tranquilo como há muito não sentia, e, no entanto, senti que já havia presenciado aquele momento e tido os mesmos pensamentos. Tudo que pensava era que estava certa quanto a Regina. Tudo de que precisava estava bem ao lado: o amor de seu filho. Curioso pensar que tínhamos isso em comum também.

Após a refeição, os deixei na sala e retornei a varanda. Assumia que aquele era o meu lugar preferido, e me elogiei mais uma vez por comprar aquele apartamento. Sentiria falta de estar ali, já que estava quase óbvio que teria que abandonar minha vida em Nova York.

─ Então você ficou. ─ Digo a majestade assim que para ao meu lado, deixando as mãos na grade do paracorpo.

─ Eu não tive escolha. ─ Isso me fez sorrir, e só então a olhei.

─ Não negue, no fundo sei que quis ficar. ─ Brinco, tentando arrancar-lhe algum sorriso, mas isso só a fez revirar os olhos e encarar o céu a frente. ─ Então você compartilha a guarda do garoto com a mulher destinada a quebrar sua maldição?

─ Se eu soubesse que era ela a mãe de Henry... ─ Ela deixou a frase morrer, nem era preciso completar.

─ Você jamais iria querer outro garoto, eu sei disso. Nenhum causaria em você o que ele causa.

─ E o que seria isso?

─ O amor inacabável, como é o de uma mãe. Você se preocupa com ele, com cada movimento que executa. É linda a relação entre vocês.

─ Henry é a pessoa mais importante na minha vida.

─ Eu posso ver. E você foi muito corajosa em embarcar na aventura de criá-lo sozinha.

─ Como pode saber que foi sozinha? ─ Havia um desafio no seu tom.

─ Não vejo nenhum anel em seu dedo, majestade. A menos que me diga que o cara fugiu do compromisso. ─ Não obtive uma resposta imediata, e isso me fez olhá-la, reparando que fitava as próprias mãos com ar distante. ─ Não diga que acertei.

─ Você não acertou. Criei Henry sozinha por minha própria escolha.

─ Ainda assim algo te incomoda. ─ Observei, então penso por um instante. ─ Você tem alguém em Storybrooke? ─ Outra vez, sem resposta. ─ Você está interessada em alguém então. Qual o problema de ficarem juntos?

─ Por que tanto interesse na minha vida pessoal?

─ Só quero conhecer mais da mulher por detrás da Rainha Má. Pode me contar, você sabe que não vou dizer a ninguém. ─ Indiquei meu coração; eu não poderia contar a ninguém qualquer coisa que ela me falasse, seria quebrar minha lealdade. ─ Qual é, o que o canalha fez para não estarem juntos? Vejo algum sentimento aí dentro.

Ascensão das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora