Nascida para a confusão

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Eu não conhecia a cidade, mas nem precisava, pois felizmente meus poderes permitiam que visualizasse a energia de cada pessoa, como se fosse uma aura colorida, cada um de forma única. Então eu sabia dizer onde Jackie estava, e foi somente na presença dela que me concentrei enquanto avançava pelas estranhas ruas de Storybrooke. Estava me sentindo um pouco zonza e confusa diante de tanta coisa nova que me cercava. As pessoas me olhavam com curiosidade, talvez estranhando uma nova pessoa, já que eu lembrava que ali era uma cidade pequena, então julguei que a maioria ou se conhecia ou sabia das notícias fresquinhas e rapidamente; para não os chamar de fofoqueiros.

Tentei não me concentrar no fato de que a qualquer momento poderia reconhecer alguém da Floresta Encantada, pois era mais do que podia lidar agora. Eu só precisava de Jackie, só precisava vê-la para ter a certeza de que algo em minha vida ainda era normal. Um ano não seria o suficiente para que a minha menina mudasse tanto a ponto de me odiar e desejar que eu não acordasse da maldição, não é?

Quando cheguei perto da casa onde ela estava, respirei fundo e avancei até a porta. Era agora. Iria enfrentar o que tinha mudado entre o meu "ontem" e o "agora" dela, um salto de aparentemente um ano entre um e outro. Toquei a campainha duas vezes e esperei uma eternidade até que eu sentisse a energia da minha menina se movimentar até o meu encontro. Quando abriu a porta, a surpresa foi mútua, pois ela estava mais alta e com os cabelos pintados de azul, com aquele aspecto de adolescente que eu não estava esperando. Tinha se passado realmente um ano? Parecia tão mais. E pela surpresa em seu rosto, era de se imaginar que nada a preparou para me encontrar acordada hoje.

─ Mãe? ─ Ela parecia ver um fantasma.

─ Nem tudo mudou se você ainda me chama assim. ─ Sorrio, agora a olhando na mesma altura como nunca. Ah, a puberdade...

─ Elas conseguiram te acordar. ─ Ainda assim ela ficou parada, e seus olhos me miraram por inteira. ─ Você saiu correndo de lá?

─ Quando me falaram que você não estava lá e que tinha uma nova mãe na área, eu não tinha mais nada para fazer naquele lugar. Eu precisava te ver. ─ Para isso ela sorriu. ─ Será que podemos conversar? Pelo menos um pouco.

─ Ela vai voltar a qualquer momento. ─ Ela pareceu lamentar, olhando para a rua. ─ E eu não posso te convidar para entrar.

─ É, tem um feitiço na porta. ─ Constatei, pois podia sentir. ─ Há tanta coisa que gostaria de falar contigo, Jackie.

─ Imagino que sejam várias perguntas. Você não deveria ter vindo aqui. Emma te explicaria tudo.

─ Eu preferia que fosse você a explicar. Você ainda é minha filha, Jackie... sempre vai ser porque nunca vai mudar para mim. ─ Ergui a mão e toquei a superfície da barreira mágica, mantendo os olhos na garota. ─ Imagino que muita coisa tenha acontecido, mas não se deixe esquecer dos nossos momentos em Nova York.

─ Eu sei, mãe... ─ Ela ergueu a mão para tocar a minha, mas logo se interrompeu, seu olhar se tornando preocupado, novamente mirando a rua logo atrás.

─ O que foi? ─ Virei-me, notando a aproximação de uma mulher que acabava de sair de um carro, os cabelos ruivos e olhos azuis de nada lembravam Jackie, mas a presença mágica dela de muito se assemelhava ao da garota; o que comprovava o parentesco.

─ Olha só quem acordou, Bela Adormecida. ─ A mulher abriu um largo sorriso enquanto subia os degraus até a entrada da casa, parando ao meu lado. ─ Sam, não é? Eu sou Zelena, mãe da Jacqueline.

─ Milagres acontecem pelo visto, já que você estava morta. ─ Digo com cautela, ela acabou rindo.

─ O mundo dá muitas voltas. Eu achei que fosse perder minha filha para sempre, mas graças à você, pude me aproximar dela outra vez.

Ascensão das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora