Ascensão das Chamas

Cinzas

~~~Ruby

Algumas horas antes...

Odiava discutir com Samantha, e odiei ainda mais ter que fazê-la desmaiar com os meus poderes, mas seria pior continuar esperando que alguma coisa acontecesse com ela ou nosso bebê. Era melhor lidar com a mágoa dela e a ter viva em meus braços, do que ficar de braços cruzados e assistir algo acontecer diante dos meus olhos.

Depois que saí de casa, teleportei-me para próximo da casa de Lilith e Malévola, sentindo a presença delas lá dentro. Eu só precisava entrar e as pegar de surpresa, prendê-las no ar e... E o quê? Matá-las iria realmente resolver o problema? Claro que sim. Ninguém mais ameaçava Samantha ou nosso filho naquela cidade além delas. Eu não podia hesitar, porque nenhuma delas hesitou em machucar Sam, uma vez atrás da outra. Era o meu dever dar um fim naquilo, naquele ciclo de violência, para poder ter paz e livrar minha mulher de uma profecia maluca.

Eu nunca fui uma princesa em apuros, esperando um príncipe para me salvar, eu fui a vilã da maioria do povo em minha antiga vila. Ainda assim, Snow me salvou e me deu uma chance de fazer o bem, de ser uma pessoa melhor, sem nunca duvidar da minha capacidade de fazer algo bom pelas outras pessoas. Nunca tirei a vida de outras pessoas de maneira intencional e consciente, o contrário do que planejava fazer naquele momento. Se Snow me visse agora, se visse o que eu estava prestes a fazer, será que ela ficaria magoada comigo? Será que poderá me perdoar um dia?

Meu coração, já escurecido pelas trevas que causei a mim em forma de lobo, não sentiria o peso de mortes a mais agora, não é? E quem sentiria falta daquelas duas ao ponto de virem reclamar dos meus atos? Além, é claro, de Samantha. Era a única família dela, mesmo que fossem uma ameaça constante, ainda era o único elo de sangue, coisa que nem mesmo eu possuía, além de Granny, que me criou. Sam e Snow eram o mais próximas que eu possuía de família, e agora havia Jackie, que era uma afilhada, e o nosso bebê, prestes a nascer.

O que eu estava pensando em fazer, afinal? Matar Lilith e Malévola só me faria ser pior do que elas. Iria destruir a família de sangue de Samantha, e de quebra iria prejudicar toda a minha relação com ela.

─ Eu conheço esse olhar. ─ Escutei uma voz atrás de mim, então virei-me, assustada, encontrando os olhos claros de Emma. ─ Você está planejando algo, e a julgar que está com o olhar fixo na casa de Lilith, então imagino que não seja uma visita rotineira.

─ Emma... O que está fazendo aqui?

─ Bem, ao contrário do que Samantha acredita, eu tenho mantido um olhar próximo do que essas duas tem feito. Principalmente agora que o bebê de vocês está para nascer. ─ Ela tombou a cabeça de lado, analisando-me. ─ O que você está fazendo aqui?

─ Provavelmente prestes a fazer uma loucura. ─ Suspirei e cruzei os braços, sentindo-me uma idiota. ─ Eu só estou cansada de esperar e de assistir a mulher que amo morrer um pouco a cada dia, temendo o momento que elas façam um movimento para concretizar aquela maldita profecia.

─ Ei, eu sei que é difícil. Você só quer proteger Samantha e seu filho, mas escolher iniciar um conflito não vai realmente te ajudar aqui.

─ E esperar que elas iniciem vai ser melhor?

─ Ruby, você não é assim. O que está acontecendo? Você e Samantha se desentenderam?

─ Talvez... ─ Senti-me incomodada com a recordação, pois nesse momento Sam ainda deveria estar desacordada em casa.

─ Por isso você não está em casa com ela?

─ É complicado, Emma...

─ Bem, estou com tempo livre. Não acho que aquelas duas vão sair agora, e de qualquer forma, sua casa está protegida, não é? ─ Para isso movi a cabeça de maneira positiva. ─ Então vamos tomar algo juntas, conversar. Acho que faz um tempo que não tiramos um tempo para isso, não é?