Reunião familiar

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─ Minha filha... está viva? ─ Ela não parecia duvidar que eu falava a verdade, mas era como se a possibilidade de ver a filha a deixasse mais bamba. ─ Então era uma menina.

─ Ela cresceu nesse mundo, sem saber da origem e nem dos próprios poderes. Ainda não ficou claro como ela ficou sabendo sobre você e sobre magia, mas eu não estou me importando com esse passado.

─ Então ela sabe que foi você quem a jogou no portal. ─ Ela considerou os fatos por um momento, ainda parada no lugar. ─ O coração dela foi corrompido?

─ Você quer que eu arranque para tirarmos a dúvida? ─ Sorrio para ela, que me olhou como se eu estivesse fazendo isso no momento. ─ Eu não sei, mas acho que não. Ela já fez bastante besteira, mas não acho que tenha chegado ao extremo.

─ Se ela veio se vingar de você, por que acha que eu te ajudaria a impedi-la?

─ Eu não acho que vá me ajudar, Mal, mas eu acredito que podemos colocar uma pedra no passado para tentar mudar as coisas entre nós no presente. Só... pense sobre isso. Eu sou a única irmã que você tem, somos a última parte da família uma da outra.

─ Não se esqueça de Aurora. Ela tem o trono que te pertence.

─ Eu não me importo com Aurora, ela não significa nada para mim. E eu nunca quis trono ou reino nenhum, Mal. Você estava obcecada com isso até decidir engravidar e roubar meus poderes.

─ E eu suponho que os queira de volta.

─ Se fosse tão simples pegar, você não teria só pego uma pequena parcela.

─ Foi o suficiente para reaver meus poderes. Se eu pegasse mais, você seria enfraquecida, e a julgar pelo seu crescimento precoce, só te tornaria um peso para carregar.

─ Você esperava que eu me fortalecesse para pegar o resto dos meus poderes para então me descartar?

─ Os anos passaram e você ainda não entendeu, não é? ─ Ela suspirou e avistou o livro de capa vermelha sobre a mesa, do qual pegou, lendo as próprias anotações que fez sobre mim; meu crescimento, meu poder, habilidades, temperamento, até a forma como me comunicava com ela e Mulan. ─ Você é diferente de mim. Nossa mãe queria te ter, e teria te criado longe de tudo se não fosse Stefan. Idiota demais para aceitar que só serviu como semente para procriar e nada mais. Mas nossa mãe já temia por isso, então me deixou essa herança, caso ela fosse morta. ─ Quando me olhou, havia aquela intensidade dentro, um misto de informações. ─ Eu sabia que teria que cuidar de você se te pegasse do reino de Stefan, mas sabemos quão bem isso aconteceu.

─ Você me manteve viva, longe de você.

─ Não adiantou muito tentar não te influenciar, não é mesmo? Achei que Mulan iria te inspirar, mas foi somente outra decepção.

─ Inspirar para ser o quê? Ela era uma guerreira sem poder nenhum. Você me deixou com ela e me fez deixar de aprender magia.

─ Mulan só tinha uma função, e falhou quando te deu as costas.

─ Ela tentou me colocar contra você, mas na verdade só me fez entender o que você queria de mim.

─ Ela deveria te colocar contra mim, mas também deveria te levar para longe quando isso acontecesse. ─ Para isso senti um enjoo subir até a garganta, ameaçando colocar para fora tudo o que comi no almoço. ─ Mas então o erro foi meu, acreditar que ela seria capaz de manter você longe das trevas. Eu deveria ter apagado suas memórias antes.

─ Era o que você faria com a sua filha? ─ Busquei questionar. ─ Ela não iria crescer rápido como eu, você teria um bebê normal para cuidar o dia inteiro. O que faria, então? Iria terceirizar os cuidados?

Ascensão das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora