Persistência

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Depois que devolvi o coração de volta ao peito de Robin e pude passar um tempo com Jackie, encontrei com Red no que já foi o Granny's e onde agora era um amontoado de destroços. Tornou-se menor, pois estavam usando as máquinas para retirar tudo, e muito provavelmente terminariam hoje. Muitas pessoas vieram prestar condolências à Ruby, além de oferecerem ajuda, mas não havia muito o que pudessem fazer enquanto não tivéssemos o espaço limpo para podermos planejar a obra que faríamos.

Decidimos que tanto a lanchonete quanto o bar seriam construídos ali. Os dois iriam compartilhar um mesmo espaço, mas haveria uma mudança no ambiente e no horário de expediente, para podermos caracterizar essa modificação e ainda ter um período de descanso. A loba continuaria administrando a lanchonete pela manhã até o almoço, quando fecharíamos; e eu iniciaria o bar, que abriria no início da noite e iria até o começo da manhã. Provavelmente só nos encontraríamos de tarde, uma rotina bem diferente da que tínhamos, pelo menos até termos a certeza de que o nosso negócio iria funcionar, então poderíamos até contratar alguém para gerenciar um dos períodos.

Pelo menos, essa rotina iria nos ajudar a tomar conta do ovo, que eu sabia que sairia de mim em algum momento. Por enquanto, eram apenas planos, e precisávamos de paciência para concretizar. No agora, a nossa preocupação era ter um lugar para morar, definitivo, também separado da pensão, que foi abaixo. Estávamos considerando como faríamos com essa parte, se valeria a pena montar a pensão da mesma forma, se agora também funcionaríamos à noite. Placas acústicas resolveriam o problema sonoro, a questão era: teríamos dinheiro para tudo isso junto?

─ Limpando, pintando as paredes, resolvendo o problema de vazamento no banheiro e ainda comprando os móveis que precisaríamos para viver aqui... ─ Red foi listando tudo num caderninho quadrado. ─ Poderia se tornar o nosso lar.

─ É de cara para o mar, parece bom realmente, quando nosso filho nascer. Ter um lugar para brincar. ─ Eu olhava pela janela da cozinha, que dava para o quintal. ─ Quando começar a se transformar em dragão, vai ter espaço longe dos outros para praticar em segurança.

─ Estou ansiosa para ver isso acontecer, você e nosso filho como dragões, voando no telhado. ─ Acabei rindo com isso. ─ Não se esqueça de que eu quero ser a primeira a te ver, quando estiver pronta.

─ Não espere nada majestoso. Eu nunca consegui ser grande, como Malévola, acho que foi um defeito que fiquei, depois dos feitiços para me fazer crescer e depois estabilizar, além do veneno que danificou minha asa, quando meu pai me atacou.

─ Você acha que isso pode influenciar se você vai botar um ovo ou não? Porque você pode levar a gravidez normalmente, não é?

─ Não, não acho possível. Uma vez que a fêmea engravida, é o dragão que predomina. ─ Usei o termo só de implicância mesmo, pois ela soltou um risinho mais atrás. ─ Você gostou mesmo da casa? Podemos olhar outras, mais próximas do Granny's.

─ Não é preciso, e nem estamos tão longe assim. Eu pego carona nas suas asas. ─ Dessa vez ela me abraçou pelas costas, acariciando minha barriga com carinho.

─ Tudo bem, eu vou falar com Regina, dizer que ficaremos com a casa e então conseguirei a escritura e tudo mais. Não deve ser um problema, já que abandonaram o lugar. ─ Virei-me devagar, olhando seus olhos de perto e me admirando com a tonalidade deles. ─ Uma casa, uma família, um filho. Parece que você cumpriu sua promessa e fez de tudo para me conquistar, loba. Tem certeza de que quer isso?

─ Formar uma família com a mulher que eu amo? O que mais eu poderia querer?

─ Estou feliz que possa te dar tudo isso. ─ Segurei sua mão e a puxei para o lado de fora. ─ Vem, vamos brincar de lobo e dragão na praia.

Ascensão das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora