Luzes de esquina.

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"Parece que você nem ao menos quer estar aqui!"

"Talvez eu não queira!"

A cena se repetia e se repetia na cabeça de Elliot, várias e várias vezes. Foi em que dia da semana mesmo? Ah, como poderia se esquecer? Foi chutado na véspera de natal. Foda, Foda, Foda. Não valia a pena ficar triste por Karoline, já que ela nunca ligou de fato para ele. Mas óbvio que ele ficou, e como não ficaria? Viveu anos com aquela mesma mulher e do anda ela acha que ele não faz mais esforços para manter a "chama" do relacionamento acessa? Ele andava ocupado, e apenas isso, oras. Custava ela entender? Ele estava fazendo a porra dos esforços necessários, ela que não enxergou.

Será?

Voltando ao presente, levantou-se da cama, observando a figura nua de Agnes ainda adormecida na cama, estática. Ela era perfeita. De uma forma ridiculamente clichê, parecia que fora desenhada antes de nascer. Cada fio de cabelo. Dos pés à cabeça. Ele queria tocá-la, mas sabia que se caso o fizesse, estaria quebrando as supostas regras que ela impôs.

- Ela é bonita, não é? - Elliot olhou para trás e Maddox estava apoiado na porta, com os braços cruzados. Os olhos fixados na irmã, sem expressão alguma, vidrados. Aquela expressão chegava a assombrar Elliot de alguma forma.

Ele não o respondeu, apenas se virou novamente, encarando o corpo de Agnes, ainda dormindo. Não havia muito a ser dito naquele momento, aliás... Maddox já havia dito tudo que Elliot poderia dizer, para ser completamente honesto.

- Vá beijá-la. - Ordenou à Elliot.

- Como?!

Maddox simplesmente encarou Agnes, e esperou que Elliot o obedecesse. E como era o esperado, ele o fez. Se aproximou da cama, ainda um pouco receoso, toda hora se virando para trás e encarando o rapaz, e sussurrando "Não posso".

- Claro que pode.

Aproximou seus lábios dos de Agnes, porém recuou no momento em que se deu conta do que estava fazendo. Agnes tinha dezessete anos, dezessete. Ela abriu os olhos e o encarou, em cima dela, e não fez nada, apenas continuou encarando-o como se esperasse alguma reação do homem, como se ela estivesse ouvindo tudo e ainda estivesse esperando pelo beijo, mas isso não aconteceu. Estava sob Agnes, mas conseguira se conter.

- Eu preciso... tomar banho e ir resolver uns assuntos. -Disse se afastando da cama com rapidez.

A garota se sentou na cama, ainda nua, com um olhar ingênuo no rosto, isso enquanto Elliot saia praticamente correndo do quarto, de cueca, passando por Maddox, que vinha em direção ao quarto.

- Você é uma decepção para mim, senhor Elliot.

- Você é um doente! - Elliot finalmente parou e segurou no pescoço de Maddox. - Você me entrega a sua irmã simplesmente assim? Ela é a porra da sua irmã!

- Eu não me importo. - Um sorriso cínico surgiu nos lábios do rapaz. - Aposto que você ficou excitado, não é mesmo? Tocá-la... Beijá-la... Ficar em cima de seu corpo. Não minta para mim. - Aproximou seu rosto do de Elliot.

- Você me enoja. Vou sair, não sei quando volto. - Foi em direção ao quarto em que suas malas estavam, para trocar de roupa e assim que o fez, saiu de casa, levando consigo um maço de cigarros.

Seu telefone começou a tocar. Inicialmente achou que era algum dos irmãos ligando para que ele voltasse para casa, mas o número não era o da casa deles, e lhe parecia familiar. Resolveu atender, já que já estava um pouco embriagado. Havia tomado algumas garrafas da bebida mais barata do bar da esquina.

- Alôor? - Elliot quando bêbado fica insuportável.

"Você bebeu? Ai que ótimo, logo quando pensei que teria uma conversa civilizada com você."

- Karoline? É você do outro lado da linha? É você?!

"Aonde você está? Fique aonde está que eu vou te buscar"

E então Elliot passou o endereço para a ex-noiva e em alguns minutos um carro alto e bonito preto apareceu na rua, e dentro dele estava a mulher.

- Entre logo, não quero ficar muito tempo neste muquifo de rua com o meu carro. - Encarou Elliot de cima a baixo.

Ela serviu café para ele, e deixou com que ele descansasse em seu sofá por alguns minutos. Isso foi o suficiente para que ele melhorasse um pouco da embriaguez. Obviamente não foi o suficiente para que ele melhorasse totalmente, mas ao menos já conseguiria conversar com ela normalmente.

- Por que você estava bebendo? Nunca foi de beber. De fumar sim. Beber não. - Ajoelhou-se à sua frente.

- Prefiro não falar. De qualquer forma... Quanto tempo. - Elliot deu um "tchau" com as mãos, e sorriu de forma boba e infantil. - Olá!

- Você não está bem, não é?

Elliot simplesmente encarou Karoline, que por sua vez se aproximou dele. Foi uma questão de segundos, uma maldita questão de segundos até que lábios se juntassem e roupas fossem jogadas ao chão. E quando se deram conta, já estavam no quarto, colando seus corpos.

Karoline por cima do embriagado Elliot, gemendo alto. Foi bom, isso nenhum dos dois poderia negar. Mas também, nenhum dos dois gostaria de lembrar que houve um flashback naquela noite.

Ele acordou um pouco depois, naquela mesma madrugada. Olhou para o lado, vendo sua ex-noiva, e imediatamente pegando suas roupas e achando a porta na escuridão. Não ficaria ali mais um segundo sequer.

A vida de Elliot Campano estava oficialmente virando uma bagunça.


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