Parece cocaína, mas é só tristeza.

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"Não me sinto tão vivo e tão morto há tanto tempo. Estou tão cansado, mas ao mesmo tempo..."

E com isso, Elliot Campano desmaiou em plena calçada. Algumas horas depois se viu deitado em uma cama de hospital, e em sua volta, Agnes e Maddox. Não era muito difícil perceber o quão preocupado estavam com relação ao estado do escritor, e isso já era de se esperar. Sorriu para que eles se despreocupassem, mas no fundo se sentia muito mal.

- Nós estávamos preocupados. - Maddox se sentou na poltrona ao lado da cama do quarto de hospital, cruzando as pernas em seguida.

- Não pedi que vocês ficassem preocupados. - Elliot respondeu o jovem, de forma hostil.

- Mesmo assim, é compreensível que tenhamos, não é? - Agnes estava em pé, com os braços cruzados, e uma expressão de raiva no rosto. - Aonde você esteve? Porque sumiu?

- Vocês são loucos. - Disse pausadamente, encarando os irmãos, um de cada vez.

- Só porque não vivemos da maneira que você está acostumado, somos loucos? Você já viu o tamanho do mundo senhor Campano? Já viu a quantidade de personalidades, costumes, e culturas que existem por aí?

- Dormir com a própria irmã agora é cultura? - Elliot soltou uma risada após completar a frase. - Que bela piada que vocês são, meus parabéns.

- Agnes é a minha meia irmã, e de qualquer forma... - Encarou Elliot com raiva. - É o amor mais puro do mundo. O meu e o dela.

Era claro que estava longe de ser puro. Agnes se recolheu ao ouvir a frase, sua postura imediatamente piorou e seu olhar se desviou de Elliot. E a partir daí ele sabia exatamente que Maddox estava mentindo, mas que era melhor por hora não falar nada a respeito, caso contrário, quem sofreria as consequências seria a garota.

- Se você diz. - O escritor sorriu e encarou o jovem. - Águas passadas, que seja. Só quero sair daqui o mais rápido o possível e continuar a minha vida ao lado de vocês dois loucos.

- Então você voltará a morar conosco? - Agnes voltou a ter uma expressão leve, feliz em seu rosto.

- Sim, irei.

Naquela noite, Elliot teve alta e repousou na casa dos irmãos, e por mais que Agnes quisesse se deitar ao seu lado, ele recusou e preferiu dormir sozinho, já que precisava de um tempo para absorver toda aquela "informação".

"Eles não são irmãos de sangue, Elliot"

Calm the fuck

Down.

Pensava consigo mesmo, tentando se acalmar ao máximo. Era praticamente impossível, mas sabia que eventualmente conseguiria, é, conseguiria. Só precisaria de um pouco de tempo. E heineken, é, precisaria de um pouco de bebida também. E cigarros... Na realidade, precisaria de qualquer coisa que tirasse sua mente de funcionar por algumas horas.

Finalmente conseguiu adormecer, e ficou em paz. Acordou de manhã com Agnes sentada ao pé da cama, com um sorriso no rosto. Se não estivesse tão bravo, seria uma bela imagem a ser contemplada.

- Bom dia. - Ela tentou se aproximar, mas ele negou contato. - Hm... Vai sair conosco mais tarde?

- Vão sair para onde?

- Para a festa que um amigo nosso vai organizar. Vai ter bastante gente... Vai ser legal, Elliot.... Vai, por favor.

- Vou pensar. - O escritor se virou e se cobriu com o cobertor, voltando a dormir.

Acorda...

Acorda...

Acorda...

Dessa vez fora acordado por Maddox, e a basicamente pontapés. O rapaz empurrava Elliot na cama, o obrigando a no mínimo se mexer um pouco.

- O que você quer?! - Tacou um travesseiro no jovem, que por sua vez estava em pé.

- Se arrume, vamos à festa.

- Perdão?

- Você me ouviu.

Antes que pudesse perceber, já estava sendo arrastado para o armário e colocando algumas roupas. Uma calça jeans, um blazer preto, e uma camisa de banda que estava no chão do quarto que estava. Realmente um fashionista. Pegaram o ônibus desta vez, para não perderem tempo e partiram em direção à casa do amigo, que não ficava muito longe dali.

Quando chegaram, Elliot se deparou com uma enorme mansão, com carros parados em frente a ela, luzes por todos os cantos e dois seguranças na porta de entrada. Era esse o nível dos amigos dos irmãos? Quem eram eles, afinal das contas? Entraram na festa e rapidamente foram recepcionadas por um rapaz fumando um cigarro, loiro, olhos claros e pinta de mauricinho.

- Maddox! Agnes! Meus caros! Vocês estão aqui! - Colocou seus braços em volta dos pescoços dos irmãos. - E quem é este aí?

- Elliot. Ele está morando conosco, é um amigo nosso.

- Se é um amigo dos meus amigos, é meu também. Sirvam-se, meus irmãos, enquanto eu mostro a casa para o nosso novo amigo. - Se aproximou de Elliot, segurando no pescoço do escritor. - Então...

- Olá.

- Elliot, não é mesmo? Me chamo Luda. Eu sou o dono dessa casa e dessa festa. Qualquer coisa que você quiser, eu posso arranjar aqui. E se alguém estiver te incomodando, só me falar que eu tomarei conta pessoalmente do assunto. - Um sorriso sombrio apareceu no rosto do rapaz. - Bem vindo ao meu mundo. - Luda colocou algo no bolso da calça de Elliot e logo em seguida deu dois tapinhas em seu ombro.

O escritor apalpou o bolso da calça e enfiou a mão, pegando o que havia dentro. Era um saquinho...

UM SACO DE COCAÍNA?! MAS QUE PORRA?

Animal InstinctOnde histórias criam vida. Descubra agora