Descobrindo uma mentira.

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Rosetta estava na casa de Elliot há aproximadamente dois dias. O primeiro dia passou inteiramente com Natasha e ele, achando que ela era na verdade Agnes, a amiga de quem ele havia falado. Aquilo tudo já estava ficando exaustivo demais para a loira, e no dia seguinte, inventou qualquer desculpa para que não tivesse que aparecer por lá.

A Agnes verdadeira, no entanto, se questionava sobre o que estava acontecendo e o porquê de Elliot não querer falar com ela nem com seu irmão. Sabia que algo de errado estava acontecendo, mas tinha medo de investigar a fundo e descobrir o que não deveria. O mesmo servia para o seu irmão Maddox, que já ficava de coração partido só de pensar na possibilidade em ter sido apenas um experimento de Elliot.

No terceiro dia em que a mulher estava com Elliot, a viu dando um abraço no homem e entrando dentro de um táxi. Suspirou aliviada, pensando que poderia realmente ser apenas uma irmã desconhecida do homem, mas algo ainda lhe parecia muito errado, e iria atrás disso, já não aguentava mais ficar sem saber da verdade. Assim que o táxi deixou a casa do escritor, andou com passos apressados até a casa do homem e o confrontou.

- Quem era ela?

- Ela? Ela era...

- Sua irmã? Pois Natasha disse que era isso, mas nem eu e Maddox acreditamos nisso mais. E então Elliot, quem ela é afinal? Foi por isso que você me pediu desculpas aquele dia?

- Agnes, eu posso explicar...

- Ela não é sua irmã, não é mesmo? - Sua voz se acalmou, mas ela parecia mais desapontada do que calma em si. - O que ela é então?

- Conheci Rosetta no hotel em que me hospedei na Itália. Ficamos juntos e... Eu a pedi em casamento.

- Casamento?! Você é louco?! Como você pode pedir em casamento alguém que mal conhece? - Empurrou Elliot, que não teve reação exceto se sentir envergonhado de si mesmo.

- Achei que assim resolveria meus problemas e esqueceria vocês dois de vez. E eu ia vir aqui resolver isso, mas quando pisei aqui nos Estados Unidos, precisava resolver aquele assunto com Luda, precisava vê-la novamente, ver Maddox também... E me enfraqueci. Você não sabe o quão difícil isso foi para mim.

- E para mim, Elliot? O quanto você acha que foi? Eu não confiei em Maddox para ter a minha primeira vez e agora você me diz isso? É sério mesmo que eu a desperdicei com um otário como você?

- Agnes, o que está acontecendo? - Maddox apareceu atrás da garota.

- Maddox, eu... - Elliot tentou começar a se explicar, mas foi cortado imediatamente pela garota.

- Ele vai se casar! Aquela garota que vimos vai ser a futura Senhora Campano! Que fofo, não é mesmo? - Agnes debochava do homem. 

- Isso é verdade?

- Sim... Mas eu... Eu não me arrependo, mas...

- Então acho que você já fez a sua escolha. Vamos, Agnes. - Colocou seu braço pelos ombros da garota e olhou desapontado para Elliot. - Não se incomode em falar conosco novamente, não precisamos mais de você. Como você mesmo disse, você vai ser fácil de ser substituído. - Maddox sorriu de forma debochada e voltou para casa com sua meia-irmã.

Sabia que não seria perdoado mais pelos irmãos. Já era a infinita vez que errava com os dois, mas sabia que aquela vez em especial não teria volta, aquilo era imperdoável. E além do mais, deveria arcar com suas responsabilidades e ficar com Rosetta. Observou os dois entrarem em casa e se sentou no jardim de sua casa. Quem passasse por ali pensaria que ele era um sem-teto, ou coisa do tipo, mas a aquele ponto ele já não se importava com isso, já havia colocado a casa à venda mesmo e havia se decidido em uma coisa: Sua única escolha era ir embora.

Ligou para Natasha e pediu que ela viesse até sua casa para que conversassem. A aquele ponto, ela já sabia exatamente o que tinha acontecido, ainda mais porque Maddox havia desabafado com Arden e Agnes havia chorado no ombro do rapaz. "Ótimo, a fiz chorar de novo", Elliot pensou. Pelo menos concordou que havia sido uma boa ideia contar a verdade de uma vez por todas em vez de omiti-la. A A loira estava por perto e não demorou muito para chegar, mas encarando seu rosto, era claro que ela já não estava mais suportando o escritor, muito menos suas atitudes.

- Oi, o que você quer? - Ela disse, entrando sem perguntar em sua casa.

- Eu contei para eles. Satisfeita?

- É o mínimo que você os deve, não é mesmo? As pessoas não são objetos que você pode pegar e largar, Elliot. Pessoas tem sentimentos, e você brincou com os deles. Agora aguenta.

- E o pior... É que eu não me arrependo de pedi-la em casamento. Eu gosto dela.

- Mas ela não é sua alma gêmea, não é mesmo?

- Não...

- Tarde demais.

- Talvez não... Se eu falar com Rosetta... Talvez ela entenda e...

- Faça o que quiser, Elliot. Não vou mais ficar do seu lado, me desculpe.

A porta da casa do escritor se abriu e era Rosetta. Havia retornado mais cedo das compras e olhou confusa para os dois aparentemente nervosos na sala de estar, repleta de caixas de mudança.

- Agnes? - Natasha ainda não havia se acostumado em ser chamada por aquele nome. - O que você está fazendo aqui? Pensei que você estava ocupada...?

- Só vim entregar uma coisa para Elliot. Foi um prazer vê-la. - Respondeu seca e então saiu da casa do homem.

- Ah... Sim... Certo. - A observou ir embora e então perguntou a Elliot. - Eu perdi algo?

- Rosetta... Nós temos que falar algo. É muito importante que eu fale uma coisa para...

- Só um momento. - Pegou o celular que tocava dentro de sua bolsa. - Pronto?* Che?* Quando?

E então os olhos da mulher começaram a se encherem de lágrimas, e cobria sua boca ao máximo, evitando chorar ainda mais. Elliot não entendia nada do que estava acontecendo, mas estava começando a ficar realmente preocupado, pois julgando a reação de Rosetta, parecia ser algo muito grave.

- Rosetta? Você está bem?

- Meu pai... Meu pai sofreu um acidente e...

- E...? O que aconteceu?

- Tentaram levar ele para o hospital, mas ele não conseguiu sobreviver. - Gesticulava nervosa com as mãos, ainda chorando sem parar.

Abraçou a mulher o mais forte que pôde e todo o discurso que havia preparado em sua mente havia se desmanchado, não tinha condições de terminar com ela depois disso. Precisava cuidar dela, pois sabia que ela não tinha mais ninguém, assim como ele. Sabia quanto o pai de Rosetta ligava para a menina, e não a abandonaria logo agora. 

- O que você ia me dizer? - Limpou suas lágrimas e encarou o escritor.

- Eu queria dizer que... Vou me mudar oficialmente para a Itália com você.


Pronto?* = É tipo um "Olá" dos italianos ao responderem ao telefone.

Che*? = O que



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