Dia do mercado.

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"Elliot... Elliot..."

Não sentia a falta de Karoline. Em todo o período em que estavam juntos, ela não se importava com ele exatamente e sim com as visitas a restaurantes caros. Mas mentir, dizendo que não se divertira em nenhum momento era definitivamente errado. Em alguns momentos, realmente acreditou que poderia ser... Amor. Apesar de seus livros serem boa parte romances, ele mesmo não acreditava na possibilidade do sentimento existir, já que boa parte de suas próprias experiências terem sido um fracasso.

"Para! Não existe outro, Elliot. Você é o único para mim!"

Existia. Nunca, nos sonhos mais loucos de Elliot, ele imaginava que era um dos colegas de estágio de Karoline, mas era. Mas com ela estando por baixo dele, jurando que o amava, o que ele podia fazer, não é mesmo? Sentiu-se abalado, sem saber exatamente o que fazer. Se não confiasse nela, seria o cretino da situação.

"Eu não acredito que esse tempo todo, você estava fodendo comigo e com outro cara! Você é uma..."

"Se você ousar usar essa palavra comigo, acabamos a conversa aqui mesmo!"

"Acho até melhor. Isso acaba aqui."

- Merda... Por que eu fico pensando nisso? – Elliot saiu de seu transe.

O telefone tocara em seguida. Era Karoline. Um papo de "precisamos nos ver", e "Precisamos conversar algo muito importante". Não poderia negar o pedido. Achava que nessa conversa, resolveria enfim todas as dúvidas que tivera durante todo o seu relacionamento. E enfim, resolveriam todas os seu problemas. Pegou um táxi e foi até lá. Ela já o esperava na porta, e por alguma razão, a sua aparência parecia estar melhor do que nunca. Já havia um tempo em que não a via tão bonita. Quase como... na primeira vez em que se viram.

- Olha, precisamos conversar. – Ela disse, convidando-o para entrar.

- Também acho.

- Muitas coisas acabaram não sendo ditas e... A questão é, eu sinto a sua falta. Acho que errei muito com você e se você me der uma chance, eu... Eu posso consertar as coisas!

Não teve reação. Aliás, teve, porém uma completamente oposta a que ele achou que teria. Começou a sorrir e dizer que sim, que a perdoava pelo o que ela tinha feito. O que estava acontecendo com ele? Ela só tinha uma condição: Ele sair da casa dos irmãos e voltar a morar com ela. E naquele momento, parecia tudo tão... razoável.

- Eu... Eu... Nunca imaginei que voltaríamos.

- Nem eu! Isso não é maravilhoso!

- É... Isso... É... – Elliot estava extremamente confuso.

Esperou um táxi e foi de volta para a casa dos irmãos Bittencourt. Quando procurou por Maddox para dar a notícia, ele não estava em casa. Se lembrava que hoje era o dia de compras no supermercado, e talvez fosse por isso. Ao procurar por Agnes, se deparou com a garota no início das escadas. Ela usava as mesmas roupas que sua ex usara na primeira vez em que se conheceram. Isso era... estranho? Mas hoje em dia, com as roupas de mulheres sendo tão parecidas, resolvera ignorar.

- Agnes, eu... Eu preciso falar uma coisa com você.

- Pode falar... - Ela sorria, algo estranho demais, considerando quem ela era.

- Eu e Karoline nos acertamos. Digo... Não sei como isso aconteceu, nem o porquê eu aceitei, mas... Nos acertamos, e vou voltar a morar com ela.

- Como assim?! - A expressão de Agnes mudara subitamente. E a que ocupava seu rosto agora era de puro ódio.

- Foi tão repentino! Nem eu consigo acreditar no que eu estou fazendo, mas...

- Você não pode voltar a morar com ela!

- Por que não?

- Por que eu quero você!

E então ela o guiou até a porta de seu quarto. Sabia que era errado o que estava fazendo, mas outra parte involuntariamente o levava para a mesma direção que ela. Voltara sua atenção para Agnes de novo, e para as roupas que ela vestia. Ficavam tão bem nela... Só conseguiu observar, boquiaberto, sem uma reação melhor. Ela estava sentada no pé da cama, como se o chamasse.

- O que você está esperando? Venha aqui!

- Agnes, eu...

- Eu quero você...

- Você tem apenas dezessete anos.

- Isso não importa, eu estou pronta. Eu estou pronta para ser sua e apenas sua, Elliot.

- E quanto a Maddox? E se ele descobrir?

- Esse pode ser o nosso segredinho, o que você acha?

Foi puxado pela garota até a cama, e não demorou muito para que ela tirasse a camiseta branca do homem. O olhar de Agnes era de desejo, e ao mesmo tempo inocência, quase como se estivesse descobrindo um mundo novo àquele instante. Colocou-se por cima da garota, encarando-a nos olhos. Tocava gentilmente nas curvas da garota, como se tivesse ganhado um novo brinquedo e estivesse com medo de quebrá-lo. Quando seus lábios iriam finalmente se tocar, um barulho alto invadiu seus pensamentos.

Tudo ao seu redor começou a girar e então, num susto, acordou. Era tudo um sonho então? Envergonhado de si mesmo, respirou aliviado de que não havia tocado um dedo em Agnes e respondeu ao telefone, que era a causa do maldito barulho em seu sonho. Era o irmão da garota, Maddox ligando.

- O que você quer? - O escritor respondeu mal-humorado. Se o outro rapaz descobrisse o que ele havia acabado de sonhar, provavelmente teria uma briga em casa.

- Hey! Não precisa ser assim... Eu e Agnes fomos ao mercado e gostaríamos de saber o que você quer.

- Quero dormir, e dessa vez, sem sonhos malucos.

- Sonhos? Que sonhos? Elliot!

E então desligou o telefone, voltando a se deitar na cama. Quando se lembrou dos detalhes de seu sonho, não pode deixar de ficar... "animado demais", digamos. E se alguém entrasse no quarto aquele momento, seria pego no flagra. O volume em sua boxer não poderia negar que já era tarde demais para negar qualquer atração pela menina, mas não se deixaria vencer, deveria se controlar. "Ela só tem dezessete", pensou.

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