Elliot não fazia a menor ideia do que havia acontecido no clube, Agnes não se deu o trabalho de lhe ligar avisando o que tinha se passado lá, e onde seu irmão se encontrava agora. Ele tentou ligar diversas vezes, mas sempre dava em caixa postal, então imaginou que havia brigado com os dois ou que eles estavam fazendo algo entre eles, nunca sabia o que pensar, eles eram imprevisíveis. Mas de qualquer forma, voltou para a casa dos Bittencourt e os aguardou lá. Se passaram dois dias e nada dos dois voltarem, e então começou a estranhar. Mesmo que tivesse brigado com os dois, não demoraria para que Agnes o expulsasse de casa.
Ligou novamente e ela finalmente atendeu, de forma grosseira, mas atendeu. Estranhou o tom de voz de Agnes, mas resolveu continuar a ligação como se nada estivesse acontecendo. Não se lembrava de nada da última vez que saíra com os dois. Tentou refazer seus passos como se tivesse cometido um crime, e foi aí que percebeu que de certa forma, cometeu sim. Lembrou exatamente do que disse para Maddox, e como aquelas palavras saíram de forma tão natural de seus lábios. Havia elogiado o beijo do outro rapaz, e nem conseguia acreditar que realmente havia dito aquilo.
- Aconteceu algo? - Perguntou novamente.
- Eu realmente não sei como você tem a coragem de me perguntar isso.
- Perdão...?
- Meu irmão está em um hospital por sua culpa! E você é o único imbecil que não percebeu isso até agora.
- Maddox está no hospital?! Por quê?!
- Ele teve uma overdose. Depois que você e ele discutiram no bar.
- Nós não discutimos.
- Mas para ele ter usado a quantia que usou você deve ter feito algo muito ruim para ele. Nem se preocupe em vê-lo, quero você o mais longe o possível dele.
- Agnes... Agnes! Eu vou vê-lo sim. Onde vocês estão? Em qual hospital?
E então Agnes desligou. O escritor bufou de frustração, mas não havia nada que pudesse ser feito aquela hora. Provavelmente tentaria ligar depois para a garota, e esperava que ela já tivesse se acalmado até lá, caso contrário, teria ele mesmo que procurar o hospital que Maddox estava. Não havia muitos hospitais pela região, então já era um bom começo. E perto do clube em que estavam só havia um. Novamente, já tinha onde procurar.
Passou a tarde inteira se remoendo sobre o que havia dito ou feito para causar alguma reação negativa em Maddox. Se lembrava aos poucos da frase inteira que havia dito, e lentamente se lembrava da conversa que havia tido com o rapaz. E quanto mais se lembrava, mais se sentia realmente culpado pela overdose do garoto, e por mais que não quisesse admitir, talvez Agnes estivesse certa.
Eram cinco da tarde e ela ligou, para a surpresa de Elliot. Pediu para que ele viesse para o hospital, pois queria que ele visse o que tinha feito. Mesmo relutante, o escritor concordou em ir, e rapidamente se arrumou e pegou o primeiro táxi que conseguiu achar. Teria que encarar os sermões de Agnes assim que chegasse lá, e não sabia como iria reagir a Maddox deitado com soro em suas veias, mas tentava se acalmar o máximo que conseguia no banco do passageiro do veículo amarelo.
- Pensei que não ia vir. - Agnes o encarou no momento em que ele apareceu na porta do quarto de Maddox.
- Como ele está?
- Por que você mesmo não vê?
E então entrou no quarto. Nunca havia visto Maddox tão... sem vida. Na realidade, nunca havia o visto sem estar sequer um pouco energético, ou iluminando o salão, e tentando alegrar todos ali. Vê-lo naquele estado o assustava, pois não sabia como ou se ele sairia daquela situação bem. Não entendia muito sobre drogas, principalmente cocaína, e agora, mais do que nunca, considerava-se culpado por tudo aquilo. O garoto estava com soro injetado em suas veias e sua pele, que já era clara, estava mais pálida, quase cinza.
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Animal Instinct
Romantizm(PLÁGIO É CRIME) Elliot Campano é um homem quase chegando aos seus trinta anos, divorciado e que única ocupação é escrever colunas pessimistas para um jornal. No entanto, ele vê isso tudo mudar quando dois irmãos chamados Agnes e Maddox, de 17 e 19...