Elliot deixou quinze mensagens na caixa eletrônica de Natasha. Já haviam se passado alguns dias depois daquele dia em que a deixou esperando por horas na frente de sua casa, e só hoje tivera a coragem de ligar para a garota. Mas depois do que havia feito, ela não queria vê-lo nem pintado de ouro. Após a décima sexta ligação, ela finalmente o atendeu. Era claro a raiva em seu tom de voz, e o homem não sabia nem como reagir àquilo. Mesmo tendo feito um plano em sua mente de como aquela conversa seguiria e o que falaria, deu-lhe um branco no momento em que ouviu a voz da sua ex-ficante, se é que Natasha poderia ser rotulada assim.
- O que você quer, Elliot? Você não desiste, né? Fiquei até impressionada, ligou quinze vezes.
- Dezesseis, contando com essa.
- Se você vai ser sarcástico, eu desligo o telefone agora mesmo...
- Não, não, me ouça! Por favor... Bem, eu errei. Eu deveria ter honrado o meu compromisso e ter saído com você, mas é que... As coisas saíram um pouco do controle aquela noite. Eu nunca tinha ido à uma rave e...
- Se divertiu?
- Eu prefiro não falar sobre isso, mesmo.
- Elliot, se é para você ter perdido o nosso encontro, é bom ter tido um ótimo motivo.
- Eu tomei algumas coisas, e... Algumas coisas aconteceram. Não foi ruim, somente... estranho.
- Você ficou com alguém?
- Eu...
- Sério, Elliot, pode me falar. Eu e você não somos namorados nem nada, então é compreensível você ficar com alguém. Eu mesma tive um encontro essa semana. - O escritor ficou chocado com o que ela acabara de dizer. Por um momento, achou que os dois estavam ficando firme e que não podiam ficar com mais ninguém.
- Eu realmente não quero falar sobre isso.
- Foi com Agnes?
- Não...
- Então foi com quem?
- Eu não sei o que me deu na cabeça, mas quando eu vi, eu já estava lá e ele já estava lá e... A minha cabeça anda uma confusão, Natasha.
- Espera... Você ficou com o Maddox? Ai meu Deus! - Elliot só conseguiu ouvir uma risada do outro lado da linha e então ela voltou a falar. - Eu já sabia que aquele menino cortava para os dois lados, agora você...
- Como eu já disse - Respondeu seco. - Eu não sei o que deu em mim. Porém não vai se repetir. A gente pode sair? Ou eu ir aí, fazer alguma coisa?
- Vem aqui em casa e então assistimos alguma coisa, que tal?
Elliot concordou e então combinaram o horário. Pelo menos ela levou tudo numa boa, mas não conseguia entender Natasha. Porque ela o perdoou tão fácil? Algo estava errado aí, mas chegou à conclusão de que só indo mesmo na casa da loira para descobrir o que ela realmente estava sentindo. Pegou um táxi e não demorou muito para chegar a Mansão dos Schnetzer. Tocou a campainha e deu de cara com Luda, com a camisa aberta e de bermuda. O rapaz ficou surpreso de ver Elliot por lá e franziu o cenho, seguido de uma recepção calorosa.
- Pensei que a minha irmã já tinha lhe dado o pé na bunda.
- Pois é, eu também achei. Cadê ela? - Tentou entrar na casa, porém Luda fechou sua passagem, colocando a mão na parede da porta.
- Ela já vem. Não sabia que teria que ver você hoje. Soube que você, Agnes e Maddox saíram para uma rave. E...
- E...?
- Não fui convidado. Isso me entristece bastante, visto que quem andava com eles para esse tipo de coisa era eu.
- As coisas mudam. - Elliot deu um sorriso e tentou passar novamente para dentro da casa, sem sucesso. Seu sorriso se desfez e prosseguiu. - Ou as pessoas podem ter simplesmente uma coisa chamada "Novos amigos", isso não substitui os velhos, apenas acrescenta.
- Pode até ser. Mas o fato deles dois andarem com você o tempo todo... - Luda finalmente liberou a passagem do escritor, e começou a cercá-lo. - Principalmente Agnes, não me agrada nem um pouco.
- E eu deveria me importar com isso exatamente por quê...?
O garoto então encostou uma Walther P38, pistola alemã, nas costas de Elliot e simplesmente abriu um sorriso para o escritor, que não teve uma reação, até se dar conta de que se tratava de uma arma apontada exatamente para a sua coluna, e então começou a surtar, tentou sair de perto de Luda, mas o garoto o puxou.
- Herdei muitas coisas do meu pai. Meu pai conseguiu comprar essa arma depois de um tempão a procurando, e a única pessoa que deixa usá-la sou eu. Ele odiaria se alguém tentasse tirar algo que é dele, e sou assim também. Odeio que tirem as coisas de mim. Você entende do que eu estou falando, não é mesmo, Elliot? Acho que todos nós somos um pouco assim.
- Você sabia que eu vinha né?
- E eu sempre gostei de armas, e por isso desde mais novo pedi para ele me ensinar a atirar. Hoje em dia se eu quiser deixar alguém em uma cadeira de rodas ou matar uma pessoa consigo fazer isso tranquilamente. Porém... Ainda bem que eu não quero isso, não é?
- Luda? - A voz de Natasha vinda das escadas fez com que Elliot soltasse um suspiro de alívio e então o irmão da garota desencostou a arma das costas do escritor. - O que você está fazendo aqui? E com a arma do papai?
- Estava mostrando para o Elliot o quão legal ela é. Ele havia comentado uma vez para mim que também se interessava por armas, e resolvi pegá-la e mostrá-la para ele. - Sorriu cinicamente para o escritor e abriu o cartucho da arma, mostrando que não havia nenhuma bala dentro. - É uma pena não ter nenhuma bala aqui, senão eu mostrava o quão bom sou atirando, não é mesmo? - Deu uma risada e saiu andando. Elliot não acreditou que havia acabado de ser ameaçado por Luda, com uma arma que sequer estava carregada.
- Meu irmão é... Apenas o ignore. E então? Eu esperava que você trouxesse chocolates ou algo do tipo, mas nem isso... Estou decepcionada.
- Me desculpe, Natasha, eu... Eu não sou muito bom com essas coisas e...
- Meu Deus, relaxe. Eu estou apenas brincando. Vem, essa semana andei muito estressada e preciso me desestressar um pouco.
- E como vamos fazer isso?
- Você realmente não sabe? - A loira sorriu para Elliot e ao se aproximar dele, passou a mão por cima de sua calça, surpreendendo o homem. - Você tem sorte de eu ter gostado daquele dia. - E então ambos subiram para o quarto da garota, e ficaram por lá até a noite chegar.
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Animal Instinct
Romance(PLÁGIO É CRIME) Elliot Campano é um homem quase chegando aos seus trinta anos, divorciado e que única ocupação é escrever colunas pessimistas para um jornal. No entanto, ele vê isso tudo mudar quando dois irmãos chamados Agnes e Maddox, de 17 e 19...