A volta da italiana.

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"- Quanto tempo você vai passar lá?

- No máximo dois dias e já devo estar de volta, meu amor.

- Está bem... Mas volte rápido, ok? "

Rosetta sorriu e então Elliot acordou de seu sonho. Lembrava-se da última vez que havia conversado com sua noiva e como aquilo tudo na Itália havia o dividido completamente. A mulher não sabia de tudo sobre os irmãos e os irmãos não sabiam absolutamente nada da mulher.

- Droga, que horas são? 

Encarou o seu celular e viu seis ligações perdidas. Quando percebeu de quem se tratavam, fez o favor de sair o mais longe dos irmãos e se trancar no banheiro para que pudesse conversar com ela. Como ele explicaria aquilo tudo? Não tinha nem como. Se tentasse, no mínimo, seria algo tipo "Oi, sem querer desmanchar seus planos inteiros de se casar, mas eu meio que mudei de ideia". Ele nem sabia por onde começar.

- Por que você não atendeu as minhas ligações? Fiquei preocupada. Está tudo bem?

- Está... Está sim. Eu estava dormindo aqui e...

- Dormindo? Há uma semana, Elliot? O que você está fazendo de verdade? - Aquela pergunta foi como um soco no estômago. Será que ela desconfiava de algo?

- Eu me encontrei com algum de meus amigos... Acabei ficando aqui mais do que eu esperava.

- Amigos? Isso é ótimo! Vou viajar para a América para conhecê-los. Quero que eles me aprovem, afinal vou ser sua esposa, não é mesmo?

Nem sabia o que falar. Gostava de Rosetta, e ela talvez fosse a sua única saída de uma montanha russa de emoções com os irmãos Bittencourt, mas ao mesmo tempo... Não a amava da mesma forma que os amava. Por que ele tinha que ter feito aquele pedido? Se deixou levar pela esperança de seus problemas finalmente irem embora, só não sabia que conseguiria mais problemas com isso.

- Sim... É claro. Quando você pretende vir?

- Depois de amanhã devo estar aí. 

- Você tem certeza de que quer vir?

- Você está escondendo algo de mim, Elliot?

- N-Não... É claro que você pode vir.

- Então pronto. Mal posso esperar para conhecê-los!

- É... Eu também não.

Aquilo ia dar muito errado. Finalmente as coisas haviam se acertado entre ele e os irmãos, por que ele tinha que ter pedido Rosetta em casamento? Porque ele foi tão inseguro sua vida inteira? Isso tudo só lhe trouxe problemas até hoje e agora, mais do que nunca, precisava de um milagre. Só foi na sétima batida de porta que percebeu o barulho, e a destrancou.

- Está tudo bem? A porta estava trancada e... - Agnes perguntou preocupada.

- Está, eu... Eu... Me desculpe, Agnes. 

- Pelo o quê?

- Me desculpe.

Dois dias depois daquele dia, Rosetta chegou. Elliot estava se comportando um pouco mais frio com os irmãos, mas não revelou o porquê, afinal, não podia de forma alguma. Dormiu na sua casa no dia anterior, o que lhes fez questionar ainda mais o porquê do comportamento estranho do homem. Quando a italiana chegou e saiu do táxi, o escritor já a esperava do lado de fora.

- Olha, Maddox. Uma mulher chegou. - Agnes observava os dois de dentro da casa dos Bittencourt.

- Quem será que ela é? Será que é irmã do Elliot ou algo do tipo?

- Não, Elliot não tem irmã. - Natasha disse ao fundo, junto a Arden no sofá.

- Você pode descobrir quem ela é, Natasha?

Natasha sabia exatamente quem ela era, e por essa única razão achou melhor ela mesma ir até Elliot do que qualquer um dos irmãos e chamou Arden para ir com ela. Quando o homem os viu, começou a sentir pânico. Se eles dois estavam ali, sinal de que algo bom não estava acontecendo, será que os irmãos tinham visto algo? Eles não podiam saber o que tinha acontecido e o que estava acontecendo, mas já era tarde demais, não é mesmo? Não havia mais como esconder.

- Oi Elliot. - Natasha forçou um sorriso simpático. - Essa é quem estou pensando que é?

- Ela é... Ela é Rosetta, ela é...

- Olá! Vocês devem ser os amigos de Elliot! Me chamo Rosetta... Ele deve ter lhes contado, a futura esposa dele!

- A futura... futura esposa dele... - Arden tentou processar aquilo em sua cabeça, mas honestamente não conseguia. - Mas...

- É claro! Ele nos contou tudo. Não privou a gente de nenhum detalhe, como ele poderia não é mesmo? Casar é algo tão importante! Como ele não falaria isso para a gente?

- Natasha, que porra é essa? - Arden falou baixo para que só a loira pudesse ouvir. - O que você está fazendo.

- Vai na minha. Depois discutimos com ele.

- Elliot me disse que você era mais nova... Ou você se enganou, Elliot?

- Eu falei dezessete? Eu quis dizer vinte e sete.

- Bom... - Cerrou os olhos desconfiada, mas segundos depois já não parecia ligar. - Quero sair com vocês dois e conhecê-los um pouco melhor. Elliot disse que vocês são irmãos? Meio irmãos, aliás.

- É... Sim... Claro. - A vontade que Arden tinha naquele momento era socar Elliot com todas as forças e honestamente não sabia se conseguiria aguentar por um dia inteiro. - Eu realmente adoraria sair com você hoje, mas eu estou ocupado com algumas coisas da faculdade...

- Ah sim, claro... Eu entendo perfeitamente! E você, Agnes?

Natasha ficou encarando Rosetta por um tempo, até perceber que se tratava dela mesma. Não conseguia acreditar que Elliot havia levado aquilo tão a fundo e agora tinha que acobertar sua mentira. Arden lhe deu um beijo em sua testa e foi em direção à casa dos Bittencourt, mas antes, a loira o pegou pelo pulso.

- Conte que é irmã dele. Fale que eu me enganei, mas por favor... Não conte a verdade. - Disse baixo enquanto Rosetta e Elliot conversavam entre si.

- Mas...

- Eu vou fazê-lo contar ele mesmo.

- Então... - Rosetta tentou puxar um assunto enquanto Arden ía embora. - Acho que somos nós três, não é mesmo?

A vontade que Natasha tinha era de falar "Não, não é", mas precisava ao máximo se conter. Não sabia como Elliot iria consertar aquela besteira que havia feito, mas aquilo não ficaria em suas mãos. Não mesmo. 

- Claro. - Sorriu de forma forçada novamente. - Que tal entrarmos e vocês contarem como foi o pedido de casamento? Elliot já me contou, mas adoro ouvir histórias de vários pontos de vista.

- Foi tão inesperado, eu... 

E então a mulher começou a contar sem pausas, quase sem ar, do início ao fim de como havia conhecido Elliot. No fundo, ela era uma romântica frustrada, e o escritor havia acendido uma chama que havia sido apagada anos atrás. O único problema é que ela deveria ser apagada novamente. 






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