Minha namorada?!

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A relação de Elliot e Karoline foi como um incêndio no começo. Se conheceram em uma festa de um amigo em comum e ela imediatamente começou a beijá-lo. Por mais que o homem nunca fosse do tipo que ficasse com alguém sem conhecê-la direito, ela era tão bonita que era praticamente impossível resistir. Eles namoraram por aproximadamente cinco anos, com várias brigas e muitas vezes em que Elliot desconfiou de que a namorada o traía, mas mesmo assim, ao completarem enfim os cinco anos, ele resolveu fazer o pedido. Ela hesitou um pouco e isso talvez fosse motivo o suficiente para qualquer outra pessoa repensar o pedido, mas ele não.

Elliot sempre foi muito acomodado com as coisas. No momento em que percebeu que ali teria a chance de ter uma família e agradar seus pais, agarrou a chance como ninguém, por mais que desconfiasse toda hora de sua namorada. Mas tinha tanto medo de acabar sozinho, já que Karoline sempre jogava isso em sua cara, que preferia não terminar. De certa forma, era como se estivesse preso, mas ele nem ao menos percebia isso. Por mais que se sentisse inseguro com o relacionamento, sempre a levava nos restaurantes mais caros e sempre enchia-a de presentes, mas foi no momento em que não pôde mais fazer isso que ela terminou o noivado. 

Ele pensava nisso frequentemente. Não por sentir alguma coisa por Karoline mais, e sim por achar que foi um desperdício ter perdido tanto tempo ao lado de alguém que só se interessava em qual restaurante ele podia levá-la na próxima vez em que saíssem. E todas as coisas que ela lhe disse quando terminaram foram tão dolorosas que mesmo que se quisesse voltar para ela, nunca conseguiria. Ela o xingou de todos os nomes possíveis, além de falar que ele nunca seria alguém na vida, e que provavelmente acabaria nas ruas se continuasse no ritmo em que estava. Isso tudo porque naquela época ele havia se decidido finalmente que seguiria somente a carreira de escritor.

- Ei... - Maddox estava agora sentado no chão ao lado da cama de Elliot, esperando o outro acordar.

- Hã... Olá? - Perguntou confuso enquanto observava o mais novo comendo cereais em sua frente.

- Você estava se debatendo e gritando. Agnes não quis ver o que era, mas eu fiquei preocupado. 

- Não era nada, eu só... Estava sonhando com uma coisa.

O irmão de Agnes pediu a Elliot que explicasse o que estava acontecendo e ele enfim falou. Colocou para fora tudo que havia acontecido antes de sua noiva o abandonar e como se sentia naquele momento. Maddox parecia... confuso. Nunca havia sido abandonado em sua vida e geralmente ele quem abandonava as suas namoradas.  Só pode consolar o amigo falando que agora nada daquilo importava e que ele estava vivendo uma vida totalmente diferente agora, e Elliot realmente concordava com isso. Até ele mesmo se surpreendeu quando passou a viver com os irmãos, já que antes da separação, nunca tomara atitudes impulsivas. 

- Mas por que você foi ter essa crise exatamente hoje?

- É que Karoline quer que eu devolva algumas coisas para ela. E eu infelizmente preciso vê-la.

- Eu vou junto. - A voz de Agnes fez com que ambos Elliot e Maddox se virassem assustados. - O que foi? Eu estava ouvindo tudo, quero conhecê-la.

- Agnes... Isso não é coisa para você ir junto.

- Vou me arrumar. Você sai que horas?

- Às... Daqui a uma hora. - Elliot ainda não conseguia entender o porquê dela querer ir junto resolver o término do seu conturbado ex-relacionamento.

Pegaram um táxi e foram direto para a casa da ex-noiva. Ela não morava em um apartamento de luxo, mas seus pais fizeram questão de lhe dar um duplex antigo em Nova Iorque. Era extremamente espaçoso e toda vez que Elliot ia lá se questionava do porquê a mulher estar com ele se com certeza conseguiria coisa melhor. Em sua faculdade, sua ex era popular enquanto o rapaz... Bem, ele não era do tipo que você gostaria que estivesse em seu grupo de trabalhos.

- Por favor, fique no carro, está bem? Eu nem vou entrar, vou só entregar essa caixa para ela e ir embora. Me ouviu? - Agnes nem pareceu se importar com que ele havia acabado de dizer, mas mesmo assim saiu do táxi. - Eu já volto, vou só deixar essa caixa nesse edifício, motorista.

Tocou a campainha e deu de cara com ela. Pensou que daria de cara com a empregada que ela havia contratado, mas infelizmente deu azar. A cara de ódio de Karoline em vê-lo era impossível de não ser notada, e o homem não poderia ficar ainda mais sem graça naquela situação toda. Tentou achar as palavras mais simples e cair fora dali o mais rápido o possível, mas só se enrolava cada vez mais. 

- Está tudo aí? - Ela questionou enquanto tentava olhar dentro da caixa.

- Acredito que sim. Bom, se é só isso eu vou embora. - Ao se virar, deu de cara com Agnes, vindo em sua direção e segurando em seu braço. O estado de pânico em que entrou foi quase cômico.

- Eu imaginava ela bem mais... bonita. Que pena que me decepcionei. - Após a menina soltar essas palavras, só faltava a ex de Elliot soltar fogo pela boca. - Já terminou? Vamos...

- Quem é essa, Elliot?

- Essa é...

- Eu sou namorada dele. Prazer. - Esticou a mão para Karoline, que retribuiu com raiva. - Agnes.

- Você está namorando uma menina?! 

- Eu já tenho vinte. Alguns tem bons genes, já outros... - Encarou a loira de cima a baixo.

- Que tal irmos para casa, hein? - Tentou se acalmar, mas percebeu que a qualquer momento Karoline podia avançar em cima da mais nova.

Puxou Agnes o mais rápido que pode em direção à calçada, sem nem ao menos se despedir da ex e foi embora. O que havia dado em Agnes? Por que ela cismava em causar problemas em todos os lugares em que passava? Até sair do alcance da vista da mulher, não falou nada, mas assim que cruzaram a rua, explodiu, questionando o porquê daquilo.

- Você tem que me agradecer. 

- Te agradecer? Eu e você fomos quase mortos e eu tenho que te agradecer?

- Sim! Se não fosse por mim você ia fazer papel de idiota na frente dela e se duvidar ia pedir para ela voltar com você.

- Isso não... Agnes, não é bem assim.

- Só não finja que eu não lhe fiz bem porque fiz.

- E por que você fez isso? Por que me fez esse favor?

- Já isso não importa. A questão é que quero que você me retribua. Sabe aquele cappucino que você tomou? Quero um também. Agora.

Elliot apenas a obedeceu. De certa forma, ela tinha sim lhe feito um favor. Se não for por ela, provavelmente ouviria insultos gratuitos de Karoline até não poder mais ou até ela se cansar, o que era bem mais provável. Tudo bem que não foi uma boa ideia falar que estava namorando uma menina de dezessete anos e que isso chegasse aos ouvidos de alguém, estaria morto, mas... Por hora, valia bastante a pena. Só de se lembrar da cara de choque e raiva que sua ex fizera, valia muito a pena. 

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