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Simone


_Isso tá uma droga, preciso de peças novas_ comentei sozinha, como de costume.

Me olhei no pedaço de espelho que tem na parede da minha oficina, não é surpresa nenhuma ver o quanto minha roupa já tá suja de graxa, resultado do trabalho de hoje com essa moto que deixaram para eu consertar.

_Eli, venha aqui por favor_ a chamei.

Apressada como sou e querendo as coisas no meu momento, chamei novamente, e de novo, e mais uma vez, até escutar ao longe seus resmungos.

_Mas que porra Simone, o que você quer?_ sei que deixei ela irritada.

_Preciso de sua ajuda_ falei.

_Mas é claro, você só me chama quando quer algo_ revirou os olhos.

_Assim como quando você quer carona minha para encontrar com seus machos_ dessa vez eu quem revirei os olhos.

_Você me chamou aqui pra quê mesmo?_ franziu seu cenho.

_Pode ir na loja de autopeças comprar algo para mim?_ ela negou.

_Não vou não_ cruzou os braços.

_Deixa de ser palhaça, vai lá pra mim vai_ pedi com carinho.

_Eu hein, só vou porque te amo muito, sua boba_ sorri.

Eliziane é minha irmã, minha mãe a adotou quando encontrou ela dentro de uma cesta na porta da casa em que moramos um dia, na época dona Fairte não tinha muitas condições, poderia levar até a delegacia ou algo assim para que eles encontrasse um jeito de cuidar da bebê, mas não, preferiu ficar com ela, como ela nos faz falta hoje em dia.

_Me dê seu cartão e o nome da peça_ falou ao voltar de novo, vestida em uma nova roupa.

_Aqui, não vai ficar de namorico por aí, tenho pressa_ ela deu sua típica revirada de olhos.

_Cadê suas chaves?_ mandei ela pegar na sala.

Passou por mim e jogou um beijo no ar, logo a vi saindo da oficina, entrar em meu carro e dar partida, a loja não ficava tão longe assim, como a moto é a única que tá ocupando meu tempo nesse momento, e preciso da tal peça para dar continuidade ao trabalho, aproveitei para fazer um lanche, até Lili voltar.

_A danada não lavou a louça_ resmunguei.

Se ela me ouve reclamando, já ia me dar um tapão no braço, como costuma fazer ao me ouvir falando essas coisas, ri sozinha com isso.

_Porra, até a jarra ela deixou vazia aqui dentro, ah não_ fechei com força a geladeira.

Caminhei até o armário de parede, peguei um suco de pacote, já iria preparar, quando buzinou lá fora, minha barriga reclamou comigo, tô há algumas horas sem comer, desde o café da manhã.

_Bom dia dona Simone, eu novamente_ era Lula, um dos meus primeiros clientes.

_Qual foi dessa vez?_ olhei para sua moto lá fora.

_Até que não foi nada de mais_ apontou para o pneu, furado.

Ele deixou a mesma sobre a calçada da oficina, pegou um dos bancos e sentou, peguei as ferramentas para dar início a troca do pneu, logo deixei a parte traseira da moto sobre o macaco hidráulico.

_Passou por onde com esta belezura?_ tava um estrago mais ou menos.

_Não percebi que havia uma armadilha no caminho para casa_ comentou.

A loira do fusca azul Onde histórias criam vida. Descubra agora