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Soraya


O papo estava bastante animado entre eu e Simone, agora já sei o seu nome, a dona lá daquela oficina, onde tive a sorte do meu carro ter dado problema lá perto, não que foi bom o meu fusquinha ter dado problema, mas pelo fato de ter acontecido ali perto de uma oficina, que era tudo o que eu precisava naquele momento.

_Pois é, pois é_ a gente riu de novo.

Eu contava à ela sobre o dia que meu avô iria me ensinar a andar de carro, demorei bastante só para sair do lugar, e para aprender mesmo, levou mais de um mês.

_Agora dirige muito bem aquele fusquinha_ inclinou um pouco a cabeça, procurando pela irmã que dançava com alguém.

Avisei que iria no banheiro, estava muito apertada há alguns minutos, como não conhecia bem o lugar, ela decidiu me acompanhar, assim, afastou com seu jeito sério aqueles homens chatos que vinha de papo para cima de mim.

_Te espero aqui fora_ ela disse.

Abri a porta e escolhi uma cabine para entrar, ouvi a porta bater depois que eu entrei, acho que foi ela ou outra pessoa, senti um alívio ao colocar pra fora todo o líquido amarelo.

_Ufa_ sussurrei.

Puxei de volta minha roupa, saí da cabine e encontrei com uma moça saindo de outra também, fui até a pia, lavei as mãos e logo saí.

_Ei você_ eu disse.

Ela sorriu, lhe acompanhei de volta até a mesa que estávamos, ela foi até o balcão e trouxe mais duas cervejas, acho que essa seria minha última, eu já sentia a tontura chegar.

_Tem entregas para amanhã?_ ela perguntou.

_Amanhã não, tenho uma para domingo_ eu falei.

_Você gosta bastante disso né?_ ela tomou um gole da bebida.

Vi ela arquear uma sobrancelha, passar a língua no lábio inferior, notei que isso era uma mania sua.

_Sim, g-gosto muito disso que eu faço_ ela sorriu.

Estranho isso eu sei, me sentir tão à vontade assim em conversar com alguém que conheci em tão pouco tempo, eu sempre fui fechada para ter conversas mais profundas com alguém, e com ela, com Simone foi diferente, é como se ela conseguisse romper a barreira que eu criei ao longo dos anos.

_Ficou sujo de mostarda aqui_ disse ela.

Então ela esticou seu braço direito, sua blusa de mangas compridas tinham as mesmas dobradas até o cotovelo, seu polegar limpou o que tava sujo no canto dos meus lábios, seu olhar desceu para o mesmo, parei de respirar por alguns segundos.

_Ainda vou visitar sua lojinha_ ela falou, mudando de assunto.

_Vou adorar receber sua visita, será muito bem vinda_ eu falei.

Sua irmã veio até nós, falou que iria dormir na casa de uma amiga, vimos ela sair acompanhada de uma moça alta, que usava óculos, logo sumiram quando passaram pela porta do bar.

_Ah lembrei de algo_ ela falou.

Começou a procurar algo no bolso de sua calça, assim que encontrou, me entregou, ao olhar para o retrato, era uma foto minha com meus avós, como não senti falta quando fui pegar o carro de volta?

_Poxa Simone, obrigada por ter guardado e trago, mesmo sem saber se eu viria_ dei um sorriso tímido.

_Não foi nada_ tomou mais um gole.

A loira do fusca azul Onde histórias criam vida. Descubra agora