Soraya
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⇊Nesse exato momento eu me encontrava na mesma mesa que está o casal que eu suspeito ser meus pais, ainda estou calada, não consegui dizer, levei uma mão até minha coxa e alisei, tremia como se eu estivesse no frio da Antártida, mas era apenas nervosismo e ansiedade a causa desse tremor.
_Querida, não quero atrapalhar muito você, então eu quero te falar_ ela se ajeitou na cadeira.
_Nos ouça, depois você pode nos julgar à vontade_ o homem falou.
_Estou ouvindo_ juntei minhas mãos sobre a mesa.
Ontem quando Simone chegou em casa depois que foi comprar algumas coisas para sua oficina, fui chamada por ela para conversar assim que eu acordei, ouvi tudo atentamente o que ela me dizia, o casal que apareceu aqui na cidade podem ser sim os meus pais, a mulher diz que tem certeza por conta da receita da torta que eu levei pra eles no pedido que fizeram quando vieram na minha lojinha, dei uma chance para que eles pudessem me explicar sobre o que aconteceu.
_Eu não queria ter feito o que fiz_ ela disse.
_Eu que sou o culpado dela ter feito o que fez_ disse o homem.
_Podem continuar_ falei.
Me atentei a ouvir tudo o que ela tinha para dizer, já era de se imaginar que eu não fui planejada, ainda não vi um casal de jovens planejar ser pais, ter um bebê, eu cheguei como uma intrusa na vida deles dois.
_Não nego que no momento que eu soube, quis abortar, mas senti medo_ suspirei em ouvir isso dela.
_Medo do quê?_ eu quis saber.
_De algo poder dar errado_ entendi o que ela quis dizer, ela poderia morrer por isso.
Pedi pra ela dar continuidade, assim ela fez, falou que ao descobrir a gravidez, tentou esconder por um tempo quando decidiu seguir em frente e não abortar, mas logico que isso não iria durar muito tempo, a barriga iria crescer.
_E foi quando eu estava com os quatro meses que decidi contar ao Daniel, seu pai_ olhei pra ele que baixou a cabeça.
Pouco a pouco eu ia sabendo sobre o motivo do meu abandono, e o culpado estava bem na minha frente, sem conseguir me encarar, voltei a olhar pra mulher que ia me contando, soube que eles planejaram fugir, bem, ele quis fazer isso, e ela decidiu seguir o que eles quis, se ligou mais ao amor do homem do que o amor ao filho que tinha.
_Quando você nasceu, foi o dia mais feliz da minha vida, mas logo fui arrancada dessa felicidade com o choque de realidade_ foram embora quando eu nasci.
_Você não sentiu nenhum remorso por fazer a mãe da sua filha tomar essa atitude que você quis?_ perguntei à ele.
_Assim como pensei ser pra mim, seria melhor para ela também tomar essa decisão_ ele disse.
_E vocês não pensaram no que poderia ser melhor para mim?_ os dois baixaram a cabeça.
Uma lágrima minha escapou, enxuguei rapidamente, ouvi ela dizer o quanto sofreu quando foi embora com ele depois que me deixou com meus avós, e com um tempo já passado, ela quis voltar, o arrependimento era grande.