Shameless

Walls Could Talk

Olá, suas sem vergonha! Vamos iniciar o ano com um novo capítulo de Shameless. Tivemos paz por muito tempo? Bem, estamos entrando na reta final, se segurem porque agora vamos enfrentar uma montanha-russa!

Música do capítulo: Walls Could Talk da Halsey.

Boa leitura!

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Meus olhos se abriram assustados quando pude sentir uma estranha sensação em meu peito.

Inicialmente, não compreendi que aquele frio confuso e doloroso não era meu. Demorei apenas um momento pela sonolência para entender e reconhecer que todas aquelas sensações vinham de Camila. Sem me dar espaço para despertar corretamente, apenas me virei para a mulher que estava dormindo ao meu lado na grande cama da nossa atual casa.

Observei Camila e soube que se olhassem rápido, não poderiam ver absolutamente nada de errado nela, mas eu estava acostumada a prestar atenção mais minuciosamente.

Ela estava com uma das mãos fechadas com firmeza em um punho que deixava seus dedos embranquecidos. O maxilar estava trancado com força e isso era o segundo sinal. Porém o sinal mais perigoso era a sua expressão atormentada, ela estava tendo um pesadelo novamente.

Subi as mãos para o seu rosto rapidamente, ignorando a lentidão após despertar tão inesperadamente. Passei os dedos gentilmente por sua face tão linda e atormentada, aproximando o rosto do seu.

— Meu sempiterno, acorde. — Eu a chamei devagar. Não teve muita reação, pelo contrário, sua expressão ficou mais aflita, então percebi que deveria tentar de novo. — Camila!

A urgência exercida em minha voz por seu nome a fez abrir os olhos avelã-âmbar com rapidez. Ela levou um instante para me focar e a premência de seu ato ao me enxergar, mostrou um alívio imediato que me deixou preocupada. Ela me encarou por um longo momento em silêncio e com uma intensidade de tirar as palavras da minha boca. O que ela estava vendo?

Eu estava prestes a perguntar, mas suas mãos vieram em minha direção no mesmo momento, e com uma celeridade e necessidade, Camila me puxou para si em um abraço que me deu noção antes mesmo de perguntar, que o seu pesadelo deveria ter sido comigo. Ela me puxou para seu corpo e suas mãos eram exigentes em seu toque, os dedos garantindo a minha aproximação.

— Camila, você está bem? — Eu perguntei, ao deixá-la me abraçar pelo tempo que necessitava. Não houve resposta. — Eu estou bem aqui, meu amor.

Toquei ela de volta e Camila soltou a respiração que estava presa com tanta desopressão. Olhei por cima de seu ombro e verifiquei que eram três e meia da manhã quando ela me soltou e me olhou, subindo uma mão até o meu rosto com delicadeza. Esperei pacientemente enquanto ela tocava cada parte de minha face como se estivesse decorando os detalhes em si mesma.

— Me desculpe. — Ela disse calmamente, a voz rouca e levemente embargada. — Isso tem acontecido bastante, não é?

— Está tudo bem. — Eu levei meus lábios ao seu rosto, beijando seu maxilar duas vezes para tranquilizá-la antes de voltar a olhá-la. — Quer me contar?

Ela olhou para cima, encarando o teto enquanto uma de suas mãos desciam por mim, sua mão entrou inconscientemente por baixo de minha blusa de cetim, me deixando sentir a palma de sua mão me alisando ainda mais macio que o tecido que antes me cobria a região. Então, ela levou a mão adiante, até estar acariciando minha coluna de maneira dedilhada distraidamente enquanto pensava. Observei seu busto subir quando ela respirou profundamente e então, ela me olhou novamente.