Labyrinth

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Olá, suas sem vergonha. Voltei mais rápido, como prometido. Meu novo capítulo favorito veio aí.

Dedico ele a Júlia, que estará fazendo aniversário no Domingo, mas já deixarei aqui minhas parabenizações adiantadas. Feliz aniversário, princesa!

Música do capítulo: Labyrinth da Taylor Swift.

Boa leitura.

Intocado.

Olhava para a xícara de capuccino diante de mim, completamente intocada. Eu estava tão absorta em meus pensamentos que nem mesmo percebi que havia permitido esfriar sem ao menos provar. A verdade é que estava com um embrulho em meu estômago e mesmo sentindo fome, não estava pensando em consumir nada verdadeiramente.

Se Camila estivesse aqui, estaríamos tendo uma pequena discussão e eu escutaria ouvindo seu sermão sobre como a primeira refeição do dia era importante pelo restante dele. O pensamento quase me fez sorrir, mas os últimos acontecimentos estavam sendo tão dolorosamente difíceis para Camila lidar, que nossa primeira discussão iria ser sobre o fato de que eu saí de casa às escondidas com propósitos que ela não aprovaria.

— Vamos... Apareça de uma vez. — Sussurrei para mim mesma, olhando em volta, suspirando ao não encontrar quem eu buscava. Então, voltei a ficar absorta novamente.

Faltava apenas algumas horas para que eu tivesse que realizar o serviço solicitado por Chuck e consequentemente, a festa do Myers. Eu nem mesmo tive coragem de falar para o senhor Russell e Samuel que não iria comparecer. Porque todas as vezes que essa festa foi citada no meu ambiente de trabalho, eu queria morrer um pouco mais e não queria levar ninguém comigo. Camila já estava em sua própria agonia e não era nada bonito de se assistir. Então precisei fingir que estaria lá, apenas porque seria mais fácil explicar que não pude comparecer posteriormente.

Alguém poderia dizer que ela estava sendo uma mulher difícil ao ficar tão deprimida e consequentemente, tornar tudo mais difícil para mim, mas ela não estava e todo o seu comportamento era compreensível. De alguma forma, ela continuava me apoiando e garantindo que me amava. Além disso, sua superproteção estava no ápice de uma maneira desproporcional por causa do maldito que eu deveria chamar de meu progenitor. Quem poderia julgá-la, afinal? Quantas pessoas ficariam felizes em ter um relacionamento com uma prostituta? Aquelas eram as consequências que eu tanto tentei alertá-la sobre.

A pior parte é saber que tudo isso era minha culpa e eu era a única egoísta que não tinha coragem de partir e deixá-la. Não poderia deixar Camila Norton. Estava incondicionalmente apaixonada e não havia absolutamente nada nesse mundo que me faria fugir mais uma vez, se eu tivesse que deixá-la para trás.

O barulho familiar da porta de vidro da cafetaria sendo aberta me fez subir os olhos em direção a pessoa que anunciava a sua entrada. Assim que vi os olhos claros me identificando, me forcei a erguer a mão e acenar para ele com um olhar receptivo, como uma saudação.

Eu era uma mulher morta, porque Camila Norton iria me matar.

Pude ver o exato momento onde Nick pareceu completamente satisfeito ao ver que eu estava à sua espera e sozinha na mesa do lugar aquecido. Obviamente, pedi para que ele me encontrasse em um lugar público. Sabendo que minha mulher visaria minha escolha como um risco, ao menos eu faria isso em um lugar público, com testemunhas para manter alguma segurança. Não que eu pensasse até aquele momento que Nick, o garoto que eu conheço desde que pisei na Inglaterra, poderia me machucar verdadeiramente. Mas naquela altura do campeonato, eu não deveria mais confiar em ninguém.

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