Capítulo 29 - Resgate

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De volta ao descampado, o mago, com a menina nos braços, em segundos fora rodeado por pelo menos doze cavaleiros, todos trajavam armaduras de placas de aço escuro com bordas afiadas e alaranjadas e longos mantos de pele de urso pardo. Cada cavaleiro, carregava na ombreira direita, maior que a esquerda, o brasão da cidade entalhado no metal, todos estavam com a armadura de expedição, tendo como principal destaque, o elmo cuja vasta viseira de seis furos verticais, três de cada lado, escondia o rosto por completo.

Todos os soldados carregavam consigo longas e robustas alabardas de cabos de metal negro e lâminas prateadas que, a princípio, seriam direcionadas a quem se aproximasse da cavaleira, no entanto, não havia um único vantelian que não conhecesse o mago, sendo assim, todos mantiveram as armas recuadas consigo.

- Galardë seja abençoado – Falou o mago com a voz lasseada enquanto relaxava os ombros. Um suspirou de alívio chiou por sua boca, ao passo que, lentamente, erguia os olhos aos cavaleiros e subitamente, algo ardeu em seu peito no instante em que olhara para a jovem em seus braços – Pelos deuses, por que demoraram tanto! Quando eu deixei a cidade, pedi que me acompanhassem! Disseram que estariam logo atrás...

Erguendo o corpo desfalecido da garota, cerrou os dentes e estremeceu alçando a voz

- Vejam aonde isto chegou!

Entrementes, os cavaleiros abriram passagem para outro cavaleiro que vinha de trás, sua armadura era totalmente negra, com detalhes alaranjados nas bordas e o brasão em ambas as ombreiras. O cavaleiro, por detrás da viseira, mirou Ulgrad por um instante e um hiato mudo decorreu por quase um minuto enquanto ele, do alto de seu cavalo, erguia a cabeça para examinar a clareira. A seguir, voltando-se ao mago, o cavaleiro subiu a viseira e desceu do cavalo. Uma vez no chão, caminhou até o velho, que, ao reconhecê-lo, franziu o cenho, incerto ao porquê de sua presença ali.

- Por que veio até aqui? O general de Van'Tell deixou a cidade para ater-se a uma mera missão de escolta?

Valggor, ladeando o mago, suspirou impaciente sem encará-lo e mantendo os olhos no descampado, respondeu

- Se dispensa a minha presença aqui, fale de uma vez, mago. Posso montar meu cavalo e dar o fora daqui num instante só.

- Não banque o ofendido comigo, sabe o porquê da minha pergunta. Eu simplesmente não achava que...

- Onde está o resto?

- Por que está aqui? – Insistiu o mago

- Onde está o resto, mago? – Rebateu o veterano, arrastando a voz enquanto levava a manopla a testa suada – E onde está o cavalo que lhe dei? Cavalos não são charretes para serem descartadas quando não se precisa mais delas. Achei que isso fosse óbvio.

Sem resposta, Valggor mirou o mago de soslaio e bufou conformado.

- Chegou a notícia em Van'Tell que você precisava de ajuda, uma conhecida sua...Uma curandeira qualquer, mandou um mensageiro à cidade. Quando o assunto chegou aos ouvidos da regente ela ordenou que eu viesse pessoalmente atrás de você, mas ela não me disse o porquê de isso ser tão importante. Portanto... – Crispou com a voz arrastada o general enquanto abria os braços – É bom ter um bom motivo para eu ter vindo até aqui. Sendo assim, tenha a decência de me dizer o que há por de trás desta suposta...Escolta.

Ao ouvir a resposta do general, Ulgrad o encarou, alternando o olhar entre ele Layav em seu colo e chocado pela impassividade do militar, cerrou os dentes indignado e bradou, dando um passo à frente.

- Será que não vê que estou com uma pessoa no colo!? É Layav, não a reconhece!?

Ao ouvir o nome da garota, Valggor, cujo foco parecia distante, voltou-se a ao mago por meio de um vagaroso girar de sua cabeça. Ainda que supostamente impassível, franziu os olhos ao notar o tom ciano que corria pelos braços e veias da garota e sua expressão morna tornara-se logo intrigada a julgar por como olhara o mago a seguir, seus olhos cor de mel pesavam abaixo das sobrancelhas cheias.

Herdeiros  de Karlari - A bússola de Holdra  (Beta)Onde histórias criam vida. Descubra agora