Capítulo 31 - Calmaria antes da tormenta

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Valggor cavalgava a um ritmo moroso, ladeando-o estava Ulgrad, quieto desde que haviam deixado a clareira e discutido com os recém reagrupados, Layav cavalgava junto dele, ainda semiconsciente, dividindo a sela do cavalo. Atrás deles, estavam os demais cavaleiros e o restante do grupo, Tarien, Rhaela, Belian, Kaya e Thomus. Alguns estavam montados junto dos cavaleiros, outros, em cavalos avulsos trazidos como precaução pelo pelotão, e em um dos cavalos avulsos, amarrado ao lombo do animal, estava Howdar, seu corpo coberto por uma lona e mais atrás, amarrado ao último cavalo da fila, vinha o corpo de Val'Er.

Decorreu-se algo em torno de uma hora até alcançarem o limiar do corredor abarrotado de troncos, ao fim do qual, via-se o fulgir do sol contra o solo.

Apressaram-se então para deixar a mata e, uma vez fora, deram para o alto de uma encosta que descia até uma vasta planície verdejante a se perder a vista. Ao longe, no meio da baixada, podiam ver inúmeras trilhas repletas de charretes e inúmeros indivíduos montando seus animais, todos convergindo seus caminhos aos grandes portões de ferro adjacentes aos altos e imponentes muros de Barnva que foram parcialmente erguidos anexos às paredes de uma pequena cordilheira que, curiosamente, formava um círculo quase completo ao redor da cidade.

Valggor desceu a encosta, distanciando-se dos demais, enquanto o pelotão, ao acompanhá-lo, adotava uma formação de triângulo a fim de proteger os jovens no meio. De onde estavam, já era possível ver o topo de algumas das seis grãs torres Barnvarianas, imponentes monumentos que não só compunham o brasão da cidade, mas eram também os respectivos corações de cada um dos distritos da cidade.

Conforme aproximavam-se dos portões da cidade, chegaram eventualmente ao tráfego de charretes e nos primeiros minutos após ajuntarem-se aos transeuntes, inúmeros comentários abafados começaram as surgir em paralelo a olhares de esguelha e cochichos abafados com as mãos.

- O sacerdote que mencionou, eu o conheço? – Perguntou Valggor ao mago, elevando a voz parar ser ouvida acima do falatório vindo do povaréu que circundava a o pelotão.

- Sim, mas creio que o tenha visto não mais do que três vezes. Me refiro a Laevir, responsável pelo santuário da cidade, no terceiro distrito à direita da entrada – Disse o mago, apontando para os portões, cujos muros ao redor eram altos ao ponto de terem que erguer os olhos para o céu caso quisessem ver a borda da muralha.

- Ah sim, esse sujeito – Comentou Valggor cerrando os olhos com desgosto ao ouvir a menção ao sacerdote

- Algum problema, general? – Perguntou o mago, de esguelha

- Não haverá problema algum desde que ele não fique tecendo comentários de como minha energia está instável ou como meus astros estão desalinhados. Raios, astros!? Já ouviu tamanha baboseira?

- Ora, há quem diga que as coisas com as quais lido também são, como disse? Baboseira.

Valggor grunhiu, fazendo-se de desentendido e redarguiu

- De qualquer forma, acha mesmo que ele vai receber esse tanto de gente, do nada? O que vai falar quando souber da condição de Layav e...Howdar?

Ulgrad fitou o general antes de respondê-lo e com um suspiro satisfeito, empertigou-se na sela e falou.

- Não se preocupe, ele vai fazer o que eu demandar dele, sem pestanejar. Laevir me deve muito depois dos favores que lhe prestei.

Valggor deu de ombros, franzindo o beiço enquanto assentia à resposta do velho.

Entrementes, Ulgrad cruzara os portões antes dos demais e de Valggor que vinha logo atrás. Uma vez dentro da cidade, reuniram-se em uma pequena praça que estendia-se numa avenida movimentada onde cavalos, pessoas, e charretes iam e vinham aos montes. Os veículos, em sua maioria eram refinados, charretes dos mais variados confeccionadas em madeira lustrosa e, possivelmente envernizada, junto a elas, cavalos e pedestres iam e vinham ininterruptamente.

Herdeiros  de Karlari - A bússola de Holdra  (Beta)Onde histórias criam vida. Descubra agora