Capítulo 20 - De volta à luz

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De volta à superfície, Belian esperava na beira da cratera quando avistou Howdar e Layav. Os dois o acompanharam até a capitã que ainda estava recostada contra a pilastra, ela cochilava ao lado de Tarien que cujo olhar esboçava seu cansaço e olhos pesados. Ao se aproximarem, seus passos foram ouvidos por Rhaela que se esforçou para abrir os olhos, lentamente erguendo as pálpebras e ao ver Layav e o garoto diante dela, deu um curto sorriso e suspirou aliviada.

- Acabou, não é...Não vamos mais ver aquelas coisas? – Perguntou a capitã com a voz arrastada, se demorando a cada palavra.

- Não, não vamos. Sem surpresas, eu garanto – Respondeu Howdar inspirando com uma tensão disfarçada enquanto olhava de canto para a bússola que Layav cobria com as mãos.

Howdar notara que a capitã o examinava, mesmo exaurida seu olhar correu por seu corpo e depois pelo de Layav, percebeu também que ela havia fixado sua atenção nas mãos da jovem vär, porém, optou por não falar nada.

- Ótimo, me deem uma ajudinha pra ficar de pé – Pediu a capitã que com o auxílio de Howdar e Layav, ficou de pé. Ela caminhava fazendo uma leve careta a cada passo, a todo instante com a mão sob a ferida – O comerciante, droga, espero que ainda esteja lá fora...Quanto tempo ficamos aqui dentro?

Ouviu-se respostas murmuradas em coro, ninguém parecia saber ao certo quanto tempo havia se passado desde que adentraram o castelo, contudo, ao abrirem o portão de saída que, desta vez, estava destrancado para o alívio deles, ainda estava escuro, mas rente ao horizonte era possível ver um frágil lume da crista do sol que em breve iria raiar.

- O sol ainda nem...Não me digam que aquilo tudo foi uma noite – Resmungava Rhaela mirando com cansaço o céu ainda escuro enquanto o um singelo rosado do alvorecer cortava o horizonte.

- Foi. E é claro que ia parecer que durou mais do que realmente durou. Só coisas boas acabam rápido. – Comentou Howdar, cruzando os braços ao lado da capitã que inspirava num misto de alívio e inconformidade.

Do lado de fora, tomaram alguns instantes para apreciar o nascer do sol que aos poucos insidia sobre eles. Um cheiro forte de terra e grama molhada pairava sob o jardim que contornava o castelo, bem como as poças d'agua espalhadas por toda parte, fruto da chuva intensa que caíra durante a noite. Mais um pouco além estava a carruagem onde, provavelmente, dormia o comerciante que deveriam escoltar. Ladeando o veículo havia duas pequenas tendas armadas e ao centro, entre as tendas e a carruagem, um archote com a chama ainda intensa provia a iluminação.

Ao chegarem mais perto, um dos guardas de Thomus deixou sua tenda, banhando pela luz do archote, puderam pela primeira vez ver a cara o sujeito que estava sem o capacete, ele parecia não ter mais do que quarenta anos, seu cabelo escuro e ralo estava exatamente igual ao seu rosto, amassado. Em soma a isso, a barba por fazer, os olhos pesados e entreabertos e as feições muito marcadas, davam a crer que, ter um boa noite de sono não era algo que ele ou seu colega pareciam ter o costume de usufruir. A primeira reação do guarda foi de tomar o archote e erguê-lo para enxergar o grupo, ele ia falar alguma coisa, mas ao notar o estado em que se encontrara o grupo, engoliu suas palavras quase como se tivesse soluçado e frisando os olhos, observou-os em silêncio, atentando-se as feridas de Rhaela e depois às dos outros integrantes do grupo.

- Deuses, o que foi que houve com vocês!? Arranjaram uma briga aí dentro? - Perguntara o guarda com a voz arrastada, olhando para o castelo e em seguida franzindo o olhar preocupado para o grupo.

- Há! Briga, é, briga, nem me fale... - Respondeu Howdar com a voz abatida apesar da ênfase na resposta - Então, será que dá pra acordar o...carinha aí? Seria bom se pudéssemos sair de perto desse castelo, sabe?

Herdeiros  de Karlari - A bússola de Holdra  (Beta)Onde histórias criam vida. Descubra agora