Capítulo 49

1 0 0
                                    


Não demorou para que já no percurso de volta, fossem avistados outros soldados e cavaleiros disparando assíduos em direção ao santuário. Por entre as vielas, pode-se ouvir gritos e uma crescente agitação conforme mais e mais pessoas escoavam, fugindo do conflito.

Chegando à praça que antecedia a entrada para o santuário, um pequeno grupo de soldados barnavarianos lutava contra adversários, soldados trajando armaduras até então desconhecidas. Antes que pudessem auxiliá-los, os invasores sobrepujaram os guardas da cidade, e com aqueles, já havia dezenas de mortos, estirados pelo chão, civis e militares.

Desmontando dos cavalos, Valggor empunhou seu machado de duas faces e avançou, Laevir, recuado, assistiu impotente. Rhaela, de habitual armou-se com seu escudo e a clava-de-mão e seguiu no encalço do general enquanto Howdar, desarmado, correu em junto aos dois e empunhou a espada de um soldado caído. Ulgrad havia ficado para trás, protegendo o sacerdote de possíveis atacantes.

Com um alto clangor, Valggor chocou seu machado contra as espadas e machados dos inimigos; o veterano, apesar da idade, ainda era ágil e voraz nos ataques, pareando golpes com maestria, fora capaz de abater em segundos, dois de seus algozes.

Rhaela e Howdar tinham consigo, cinco ao redor, a capitã pareava golpes, mantendo suas costas rentes ao do garoto, que nas breves brechas que encontrava, encaixava seus golpes. Brevemente então, quando o general estava livre, avançou contra os demais e enfim, poucos minutos depois, a praça de entrada estava livre, mas era possível, contudo, ouvir sons de embate vindo do santuário. Assim sendo, avançaram todos para dentro, mas Ulgrad, antes de cruzar a ponte de entrada, hesitou por um breve instante, atentando-se a um dos inimigos abatidos.

Possuíam todos, armaduras similares com ombreiras robustas, seccionadas, largas o suficiente para cobrir ao mesmo tempo, parte do peito e costas. Braçadeiras, botas e demais partes, eram de metal rubro com um aspecto enferrujado, os elmos na parte de cima, exibiam uma crista afiada que lembrava uma meia lua, seguindo da base de trás da cabeça, até o início da testa. As viseiras cobriam seus rostos por completo, deixando para visão apenas uma única fresta vertical em meio a rasgos irregulares no metal.

Por toda a armadura havia runas, símbolos em linguagem antiga, que o mago particularmente, conhecia bem. Por fim, havia algo comum a todos, um colar cujo pingente era uma moeda dourada, exatamente igual a que vira em diversas ocasiões até aquele momento.

- Do que vocês estão atrás afinal? – Crocitou Ulgrad em seu último segundo gasto contemplando o solado abatido.

Pelo vasto pátio que separava a ponte até a entrada do santuário, corpos de soldados barnavarianos e invasores, preenchiam o solo compondo uma paisagem mórbida onde clangores de metal e gritos ecoavam pelo até então, pacato santuário e junto àquele cenário, soprava o vento solitário, trazendo consigo um odor férreo de sangue no ar.

Uma vez no saguão, foram recebidos por um pequeno grupo de soldados vantelian que junto as forças barnavarianas, foram capazes de conter o avanço inimigo, entretanto, eram poucos, não mais do que quinze soldados haviam sobrevivido e aqueles nativos da cidade, eram apenas quatro.

- Fizeram um ótimo trabalho, mas ainda preciso de vocês, me ajudem com os feridos – Comandou Valggor, ofegante enquanto apoiava seu machado contra uma pilastra e caminhava para junto de alguns monges que reuniam feridos, soldados e pacientes, em macas. Os jovens vantelian, assentiram e prontamente correram em busca de quaisquer feridos.

No meio tempo, desceram as escadas, Layav, Tarien e Belian. Possuíam sangue em suas roupas, mas a julgar por seu aspecto, o sangue não parecia ser seu. Ao avistá-los, Ulgrad correu em direção a garota e Howdar em seu encalço abraçou-a em seguida e sorriu ao reencontrar Belian e seu irmão.

Herdeiros  de Karlari - A bússola de Holdra  (Beta)Onde histórias criam vida. Descubra agora