cap. 18

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Ariana Queiroz – On

Levo minha mão aos lábios e lembro do beijo que o Caio me deu ontem.
Ele é tão gostoso... e isso está acabando com a minha sanidade mental.

Pra começar, isso tudo é errado. Primeiro: ele é meu chefe. E eu? Sou apenas a babá dos filhos dele.

Como as crianças iriam reagir a isso?

— Não, não mesmo. — murmuro para mim. — Não posso deixar isso ir tão longe.

Ouço meu celular tocar e vejo o nome Papai 🥰 aparecer na tela iluminada.
Solto um sorriso em meio ao meu surto interno por tudo que está acontecendo comigo. Atendo e coloco no viva-voz.

— Oi, pai, tudo bem? — giro o volante fazendo uma curva.

— Fala, princesa. Estou bem. E você? — sorrio com o apelido.

— Estou ótima.

— Que bom, minha filha, porque...

Aperto várias vezes a buzina ao ver o trânsito parado.

— Caralho... — reclamo, ficando estressada.

— Filha, tá tudo bem aí? — ouço ele perguntar, preocupado.

— Pai, terei que desligar. Estou no trânsito. — falo e desligo antes que ele possa dizer algo.

Aperto a buzina mais uma vez, impaciente. Passo a mão pelos cabelos.
Estou atrasada.

Tenho três crianças pra pegar na escola. Elas têm que almoçar, têm treino, biblioteca e aula de balé.
E ainda por cima, a diretora da escola dos gêmeos ligou falando que o Kaik está com febre.

Eu falei pra ele não entrar na piscina, o tempo estava frio ontem, mas ninguém me escuta.

Estou surtando. E a porra do trânsito resolve congestionar justo agora.

Esmurro o volante.

— Caralho! — torno a apertar a buzina várias vezes.

Ouço batidas na janela do meu lado. Olho e vejo uma moça loira, muito bonita e bem vestida.
Abaixo o vidro. Ela me encara.

— Dá pra você parar de buzinar? O trânsito já está caótico, e você só está piorando as coisas. — ela fala, provavelmente estressada.

— Se você não sabe, eu tenho muita coisa pra fazer, colega. — falo séria.

— Eu também. Tenho hora marcada no salão de beleza, e ele já está pra fechar. Então, para de ser maluca e se comporte como gente de classe. — ela rebate com arrogância.

— Salão? Maluca? — sorrio com escárnio e desço do carro.

— Sim... — ela me olha dos pés à cabeça com deboche.

— Desculpa, mas foi você quem veio até o meu carro caçar confusão. Eu estava no meu canto. Tem vários motoristas buzinando, e você veio reclamar justo comigo. Se liga, garota. Se tem alguém que não tem classe aqui, esse alguém é você. — cruzo os braços e a encaro.

— Eu? — ela ri. — Você está vestida parecendo uma mendiga, e eu que não tenho classe? — olha ao redor. — Você não sabe com quem está mexendo.

— Tá me ameaçando? — me aproximo dela. — Porque se tiver, eu não tenho medo. — a encaro de cima a baixo.

Ela está muito enganada se acha que vai me intimidar.

Ela pode ser mais alta, mas enquanto ela abaixa a cabeça pra me encarar, eu ergo a minha em sinal de confronto.

— Pense o que quiser. — ela sorri de lado.

Babá vida Loka Onde histórias criam vida. Descubra agora