Cap. 27

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Ariana Queiroz — on

Dou um beijo em Caio.

— Ah, Caio... tô tão na sua que nem sei como voltar pra mim...

— Eu te amo, morena — ele sorri.

— Eu também te amo — dou outro selinho nele.

— Eu te amo... ahh, eu também te amo — Kauan começa a nos imitar. — Que grude!

— Um dia você também vai estar assim — dou play no filme e vejo Kauan colocar a língua pra fora, como se estivesse vomitando, e nós rimos.

— Pipoca? — Caio oferece pra mim, e eu pego a vasilha. Kelly senta em seu colo, se aninhando em seus braços.

Estamos todos juntos em família. Poderia ser uma noite normal, mas resolvemos assistir a um filme juntos.

— Não entendo por que vamos assistir romance — Kaik reclama e olha pro pai, que levanta as mãos em rendição.

— Com certeza isso é ideia da Ary. Ela é a única estranha dessa casa — Kauan fala, e eu mostro a língua pra ele.

— Cala a boca, o mocinho vai beijar a garotinha! — Kelly fala, nos fazendo rir, e Caio fecha os olhos.

Bobão, todo ciumento.

💥💥💥💥💥💥

Saio da clínica e caminho em direção à minha Range Rover.
Sinto um aperto estranho no peito, mas ignoro.

Hoje tive um dia e tanto. Atendi vários animais.

Amo cuidar de animais. Isso sempre foi meu sonho desde pequena, e quando peguei meu diploma, pulei de alegria.

Foi difícil conseguir um emprego, mas graças a Deus, hoje trabalho numa clínica veterinária.

Estou muito empolgada porque atendi um tigre de um zoológico. Foi a primeira vez atendendo um animal de tal porte, mas eu havia estudado sobre eles, então foi tranquilo.

Abro a porta do carro quando sinto a pressão de algo gelado na minha cintura.

— Fica caladinha — ouço a voz firme de Michelle, e sinto minha respiração pesar.

Que droga de vida.

O sangue começa a correr no meu corpo de uma maneira desconhecida por mim.
Noto que o objeto em minha cintura é uma faca. As chances de defesa são maiores do que contra uma arma.

Dou uma cotovelada na barriga dela, fazendo-a se curvar, e me viro, acertando um soco em seu rosto.

Sério que ela veio tentar a sorte logo comigo, que fui criada feito homem?

Ela rola no chão e se levanta, tentando me acertar com a faca. Eu apenas me defendo, sem conseguir revidar.

— Você me paga, sua puta! — ela fala entre dentes. — Olha quem vem ali — ela aponta para alguém atrás de mim.

Na força da intuição, desvio minha atenção e olho para trás.

Vejo Caio caminhando um pouco distante com os gêmeos, e Kelly em seu colo.

Que porra eles estão fazendo aqui?

Kelly é a primeira a me ver e corre em minha direção, quando sinto uma ardência na barriga.

A filha da puta me acertou.

Coloco rapidamente a mão no ferimento para tentar estancar o sangue, mas é impossível.

— Isso é pra você aprender a não se meter no meu caminho — ela segura meu cabelo, forçando para eu olhar seu rosto. — Eu te avisei. Você não sabe com quem tá mexendo! — ela me dá outra facada e corre na direção contrária à de Caio.

Sinto meu corpo cair contra o chão frio.

— ARIANAAAA! — ouço uma voz distante.

Sinto o gosto metálico de sangue na boca. Os sons ao redor começam a ficar cada vez mais distantes.

— Babá! Babá, não morre, por favor! — não consigo reconhecer a voz desesperada.

E aos poucos, apago.

💥💥💥💥

Abro os olhos lentamente por causa da claridade e percebo estar em um quarto totalmente branco.

Será que eu morri e estou no céu?

Desço o olhar para meus braços ao sentir algo me incomodando, e vejo fios ligados a mim e uma bolsa de sangue.

Minha cabeça lateja, e levo a mão até ela, lentamente.

— Porra, que dor — resmungo.

— Você acordou! — olho na direção da voz e vejo Caio com um sorriso enorme.

Meu homem.

— O que aconteceu? — pergunto ainda meio confusa.

— A Michelle te esfaqueou — ele desvia o olhar, e eu me lembro. — Mas não se preocupa. Você já está melhor, segundo os médicos — ele segura minha mão, ainda sorrindo.

— Cadê as crianças?

— Deixei na mansão com a Maria. Eles estão seguros, meu amor — assinto, sentindo a preocupação se esvaindo.

— E a Michelle?

— A polícia está atrás dela. Não se preocupa, ela vai pagar por tudo o que fez — sorrio fraco. — Isso eu garanto.

— Está rindo por causa disso? — levanto a sobrancelha.

— Também — ele sorri, e eu franzo o cenho. — Assim que você foi esfaqueada, te trouxemos para o hospital. Aí os médicos fizeram um exame geral em você e... adivinha...

— Fala logo, Caio! — digo, já me irritando.

— Você está grávida, meu amor — ele sorri, e eu arregalo os olhos.

Grávida?

— G-grávida? Mas como? — ele me olha, sorrindo de lado. — Como se a gente usava preservativ... CAIO, FILHO DA PUTA! — o encaro com ódio nos olhos, e ele para de rir. — Eu sabia que não devia confiar no “confia, eu tiro antes de gozar”!

— Môh, não fica estressada, por favor — o encaro mortalmente. — Olha pelo lado bom: eu e você vamos ter um bebezinho! Eu tô surtando de felicidade por dentro. Nós vamos ser papais de novo! — ele sorri.

— A facada não prejudicou o bebê? — pergunto, preocupada.

— Por incrível que pareça, não. Os médicos disseram que isso é muito raro de acontecer. Foi uma facada e tanto, mas não afetou nenhum órgão e nem impossibilita nosso bebê de nascer com saúde — ele ri todo animado, e eu me permito sorrir também.

Levo a mão à minha barriga.

A primeira coisa que sinto é a cicatriz da perfuração da faca.

Aquela ratazana de esgoto quase matou meu bebê.

— Vamos ser papais — sorrio com a notícia e meus olhos se enchem de lágrimas. — Eu vou ter um bebê...

— Sim, amor, nós vamos ter um bebê — ele me beija, e eu sinto o gosto das nossas lágrimas salgadas.

Vamos ser papais.
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Continua...

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