11 - Neste verão

9 2 0
                                    

Há muitas espreguiçadeiras vazias disponíveis na piscina do Rosa do Deserto, já que todos estão na água, então Yoongi e eu levamos nossas toalhas para duas no canto.

Ele faz uma careta quando se senta.

— O plástico está quente.

— Tudo está quente. — Eu desabo na cadeira do lado dele e tiro minha camiseta. — Quantos por cento da piscina você acha que é xixi? — pergunto, indicando com a cabeça o bando de bebês com chapéu de sol chapinhando nos degraus com seus pais.

Yoongi faz cara de nojo.

— Não diga isso.

— Por quê?

— Porque está tão quente que eu vou entrar na água de qualquer jeito e não quero pensar nisso. — Ele desvia o olhar enquanto puxa a camiseta branca sobre a cabeça, depois a dobra e se vira para colocá-la no chão atrás dele, os músculos se retesando em seu peito e barriga no processo.

— Como você ficou mais sarado? — pergunto.

— Eu não fiquei. — Ele pega o protetor solar na minha bolsa de praia e despeja um pouco na mão.

Baixo os olhos para minha própria barriga, sobrando acima do shorts de tactel laranja Nos últimos anos, meu estilo de vida de coquetéis em aviões e burritos, gyros e massas tarde da noite me deixou mais cheio e flácido.

— Certo — digo para Yoongi —, então você está exatamente o mesmo, enquanto o restante de nós começa a cair os olhos e pescoço e fica com cada vez mais estrias, manchas e cicatrizes.

— Você quer mesmo ter a aparência que tinha aos dezoito anos? — ele pergunta, e começa a espalhar grandes punhados de protetor solar pelos braços e peito.

— Quero. — Pego o frasco de Banana Boat e passo um pouco em meus ombros. — Mas me contentaria com vinte e cinco.

Yoongi balança a cabeça, depois a abaixa enquanto passa mais protetor solar no pescoço.

— Você está melhor agora do que naquela época, Jimin.

— É mesmo? Porque a sessão de comentários no meu Instagram não concorda — digo.

— Isso é besteira — ele rebate. — Metade das pessoas no Instagram nunca viveu em um mundo em que cada foto não fosse editada. Se elas te vissem na vida real, não iriam acreditar. Minhas alunas estão obcecadas com aquela "modelo do Instagram" que é totalmente CGI. A garota feita com técnicas de animação. Ela é literalmente como uma personagem de videogame, e, toda vez que o perfil faz uma postagem, as meninas todas enlouquecem comentando como ela é bonita.

— Ah, sim, eu conheço essa garota — falo. — Quer dizer, eu não a conheço. Ela não é real. Mas conheço o perfil. Às vezes eu me meto num poço sem fundo lendo os comentários. Ela tem uma rivalidade com outra modelo de CGI... quer ajuda?

— O quê? — Ele me olha confuso. Levanto o frasco de protetor solar.

— Suas costas. Elas estão no sol.

— Ah. Quero, obrigado. — Ele se vira e abaixa a cabeça me sento sobre os joelhos para alcançar o espaço entre seus ombros. — Enfim. — Ele pigarreia. — A molecada sabe que tenho uma sensação muito ruim ao ver réplicas humanas, então sempre arrumam um jeito de me enganar e me fazer olhar para imagens dessa garota falsa só para ver eu me retorcer. Isso meio que me deixa com uma sensação de culpa por fazer a Cara de Cachorrinho Triste para você por todos esses anos.

Minhas mãos param sobre seus ombros quentes com sardas de sol, e sinto um frio no estômago.

— Eu ia ficar triste se você parasse de fazer.

De férias com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora