32 - Neste verão

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As filhas de Jungho têm seis e quatro anos, e o filho de Yoonseo tem apenas dois. A irmã de Hoseok também tem uma filha de seis anos, e, juntas, as quatro crianças fazem farra pelo restaurante, seus risos ricocheteando nos candelabros.

Yoongi está feliz correndo atrás deles, jogando-se no chão quando eles tentam derrubá-lo e os levantando no ar, entre gritinhos felizes, quando os pega.

Este é o Yoongi que eu conheço com eles, divertido, aberto e brincalhão, e, mesmo não sabendo bem como interagir com crianças, faço o melhor que posso quando ele me puxa para a brincadeira.

— Nós somos princesas — diz Kat, a sobrinha de Hoseok, pegando minha mão. — Mas também somos guerreiras, então temos que matar o dragão!

— E o tio Yoongi é o dragão? — pergunto, e ela confirma com a cabeça, de olhos arregalados e solenes.

— Mas não temos que matar ele — ela explica, ofegante. — Se a gente conseguir domá-lo, ele pode ser nosso bichinho de estimação.

Embaixo de uma mesa, onde está se defendendo das crianças Min uma de cada vez, ele me lança um rápido olhar de Cachorrinho Triste.

— Certo — digo para Kat. — Qual é o plano?

A noite avança em idas e vindas. Hora dos coquetéis primeiro, depois o jantar, uma infinidade de pequeninas pizzas gourmet guarnecidas com queijo de cabra e rúcula, abobrinha e redução balsâmica, cebola roxa em conserva e couve-de-bruxelas grelhada, e todo tipo de coisa que fariam puristas de pizza como Kim Taehyung se arrepiar.

Nós nos sentamos na mesa das crianças, pelo que a esposa de Jungho, Chaemin, me agradece alegrinha umas cem vezes depois que a refeição termina.

— Eu adoro minhas filhas, mas às vezes só quero me sentar para jantar e conversar sobre coisas que não sejam Peppa Pig.

— Hum — digo —, nós conversamos quase o tempo todo sobre literatura russa.

Ela ri e dá um tapa em meu braço mais forte do que pretendia, depois puxa Jungho pelo braço.

—  Amor, você tem que ouvir o que o Jimin acabou de dizer.

Ela se pendura nele, e ele está um pouco rígido — no fundo é um Min

—, mas mantém a mão nas costas dela. Ele não ri quando Chaemin me faz repetir o que eu tinha dito, apenas comenta com seu jeito Min, sincero e direto:

— Que engraçado. Literatura russa.

Antes da sobremesa e do café, a irmã de Hoseok (com uma enorme barriga de gêmeos) se levanta e bate um garfo em seu copo de água, chamando a atenção na cabeceira do arranjo de mesas.

— Nossos pais não são muito de falar em público, então eu concordei em fazer um pequeno brinde esta noite.

Com os olhos já molhados, ela respira fundo.

— Quem imaginaria que meu irmãozinho irritante se tornaria meu melhor amigo? — Ela conta sobre a infância dela e de Hoseok no norte da Califórnia, suas brigas e gritos, o dia em que ele pegou o carro dela sem pedir e o bateu em um poste de telefone. E depois o ponto de virada, quando ela e seu primeiro marido se divorciaram e Hoseok a convidou para ir morar com ele. De quando ela o pegou chorando enquanto assistia ao filme Doce lar e, depois de rir devidamente dele, sentou-se no sofá para ver o resto junto e os dois acabaram chorando e rindo de si mesmos e decidindo que precisavam sair no meio da noite para comprar sorvete.

— Quando eu me casei de novo — diz ela —, o mais difícil foi saber que provavelmente nunca mais ia morar com você. E, quando você começou a falar do Jungkook, eu vi como estava apaixonado e fiquei morrendo de medo de te perder ainda mais. E aí eu conheci o Jungkook.

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