Capítulo 26

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— Você vivia aqui por perto? — Lena perguntou assim que Kara chegou no trailer científico com mais uma amostra de seus espermatozoides.

— Sim. — Kara respondeu entregando a amostra para Lena.

— Obrigada. — Lena replicou.

— Isso é bem constrangedor. Sabe disso, não sabe? — Kara perguntou e Lena riu, assentindo. — Tipo, eu gozo em um pote e depois você coloca ali no microscópio e fica analisando ele. Ele fica bem perto da sua boca. Bizarro!

— Bem, tudo pelo bem da ciência. — Lena disse e Kara assentiu.

— Acha que a mini hulk me mataria se me visse aqui? — Kara perguntou, se lamentando em seu interior por ter sentido vontade de beijar Lena.

Agora que Lena sabia que ela era intersexual não iria querer nada com ela, pensava.

— No mínimo apanharíamos nós duas. — Lena disse rindo, mas logo suspirou. — Ela é uma boa pessoa, só está zangada por ter perdido tudo.

— Eu consigo imaginar como ela se sente. — Kara disse em um sorriso fraco. — Sua família está, hm, viva?

— Minha mãe e avó sim. — Lena respondeu e Kara assentiu. — E a sua?

— Sou só eu agora. — Os olhos verdes se ergueram do que Lena analisava e a fitaram.

— Sinto muito. — Lena disse, vendo Kara assentir. — É tão difícil fazer tudo sozinha por aqui... — Lena disse. — O pior é que, quando estou tendo algum avanço, uma delas chega e tenho que esconder tudo.

— Acha que, bem, que alguma delas esconderia o segredo? — Kara perguntou e Lena assentiu.

— Andrea. — Lena disse e Kara quase revirou os olhos, mas deveria se comportar. — Sam sempre fala pelos cotovelos, acabaria contando sempre que vai à cidade. Alex não consegue esconder nada de Sam. Imra é leal à ciência, sentiria a necessidade de te levar para os grandes laboratórios da grande cidade.

— Que bom que foi justo você que me encontrou então. — Kara disse e Lena parou o que fazia.

— Você viveu todos esses anos por aí sem jamais ser pega. — Lena disse a fitando minuciosamente. — Por que se arriscou em começar a roubar nossa comida a essa altura do campeonato? E não diga que foi por fome, porque sei que esse não é toda a verdade.

Kara suspirou e sorriu-lhe fraco.

— Um dos corpos que vocês queimaram... — Kara disse limpando a garganta. — Era do meu pai. — Lena abriu a boca sem reação alguma.

— E veio atrás de vingança? — Lena perguntou e Kara negou.

— Vim agradecer. — Kara disse em um suspiro. — Todos os dias ver vermes comendo o corpo do seu pai não é algo confortável.

Lena ainda a fitava paralisada, sem saber como se expressar.

— Eu só perdi a coragem e comecei a roubar a comida para ver se iam embora. — Kara disse. — Eu me sentia uma covarde, foragida, incapaz de agradecer e vocês estando aqui me fazia lembrar disso.

— Jamais volte a pensar coisas ruins de você, me entendeu? — Lena disse com veemência e Kara assentiu.

— Entendi. Vou ficar no trailer e te deixar trabalhar. Com licença. — Disse e saiu, fazendo Lena suspirar apenada.

Ela sabia que Kara havia ficado triste.

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O Último PênisWhere stories live. Discover now