Lara
Doutor apareceu e me chamou até a sala dele.
Tia rafa me acompanhou.
Fui apreensiva e já com medo do que ele poderia falar.Doutor: Pode se sentar. - disse dando a volta em sua mesa - Chamei vocês aqui, pois é um assunto delicado, então preferi privacidade. Ainda mais por ele ser quem é. - me sentei
Lara: Ele morreu? - perguntei com a voz embargada - Se sim, não precisa enrolar para falar.
Rafa: Calma, Lara. - disse baixo e segurou a minha mão
Doutor: Não, ele não morreu. - se sentou - A cirurgia foi muito complicada, vocês devem imaginar. - assenti com lágrimas escorrendo pelo meu rosto - Ele levou três tiros, dois no abdômen e outro no peitoral.
Lara: Mas ele está bem? - perguntei desesperada
Odeio enrolação!
Doutor: Na cirurgia tivemos inúmeras complicações...- interrompi ele
Lara: Doutor, eu quero saber apenas o estado dele, não quero saber o que aconteceu lá dentro, até porque eu nem entendo nada! - Rafa me repreendeu com o olhar
Doutor: Ele está entubado e em estado grave. - me encostei na cadeira e fechei os olhos - Precisamos encaminhar ele para um hospital. - neguei ainda de olhos fechados - Se ele não for, a probabilidade de morrer será maior.
Lara: Eu não autorizo ele ser encaminhado. - olhei para ele - Meu pai ia preferir morrer do que voltar para cadeia de novo.
Rafa: Pensa bem, conversa com a sua família. - neguei
Lara: Tia, agora é só eu e o meu pai...ninguém tem que decidir nada além de mim. - me levantei - Ele não vai ser encaminhado, porque eu tenho certeza que ele prefere morrer do que voltar para aquele lugar imundo.
Doutor: Eu nem poderia estar falando isso, por questão de ética, mas você está sendo egotista, ele precisa ser encaminhado urgente para um hospital. - neguei - Então preciso que você assine algumas papéis.
Lara: Tudo bem. Depois posso ir ver ele? - ele assentiu sério
Assinei todos os papéis e o médio me levou até o quarto.
Eu tenho certeza que entre voltar para a cadeia e morrer, ele prefere morrer.
Sempre ouvi isso dele e não vai ser agora que vou castiga-ló dessa maneira.
Entrei no quarto e senti uma dor no peito.
Ele estava pálido, estranho, parecia sem vida.Me aproximei da cama e passei a mão no cabelo dele.
Lara: Eu sei que tu é forte. - falei baixinho - Pai, eu não vou deixar te tirarem daqui, mas tu precisa ser forte! - minhas lágrimas escorreram e pingaram nele - Eu acredito em você.
Fiquei ali no quarto com ele, até a enfermeira entrar e dizer que a hora de visita acabou.
Relutei para ficar, mas foi a mesma coisa que nada.
Ele está em um estado muito grave, então não pode ter acompanhante.
Lara: Tu sabe se a minha mãe acordou? - ela assentiu - Então vou ficar como acompanhante dela, tudo bem?
Enfermeira: Ok, vou te levar até o quarto. - assenti e acompanhei ela
Passei a noite com a minha mãe, conversamos bastante e conseguimos resolver toda aquela situação.
Ela está bem, levou um tiro no braço esquerdo.
Mas está bem.
(...)
7 dias depois...
Doutor: Ele não teve nenhuma melhora, infelizmente teremos que desligar os aparelhos. - neguei
Íris: Não tem mais o que fazer, doutor? - ele negou
Clara: Não, não pode ser! - gritou
Raul: Não vai desligar essa parada aí não!
Íris: Não tem melhora faz uma semana, Raul. - minha mãe se levantou e caminhou até ele - Infelizmente temos que aceitar.
Lara: E tu vai desistir fácil assim? - ela me olhou com lágrimas nos olhos - Eu não autorizo desligarem os aparelhos!
Doutor: Hoje não é você que responde por ele, é a esposa. - neguei
Lara: Está errado, eles estão separados. Ela não decide nada aqui!
Íris: Lara, para de querer prolongar o nosso sofrimento! - implorou - Eu não aguento mais ver o seu pai naquele estado, ele quer descansar! - neguei - Lara, ele não está lutando pra ficar, entenda que ele já cansou dessa vida.
Lara: Eu não vou deixar você decidir como vai ser o destino do meu pai! - gritei - Vocês dois estão separados, então quem decide é eu e os meus irmãos! - ela negou - Se retire, por favor.
Clara: Não precisa disso. - colocou a mão no meu ombro - Deixa ela ficar.
Raul: Lara está certa, mãe. - disse com a voz embargada - Tu e ele não estão mais juntos, então quem tem que decidir é nós. - se levantou com dificuldade por causa da perna - Os aparelhos não vão ser desligados.
Doutor: Só podemos autorizar que ele fique mais uma semana, caso não houver melhora, teremos que desligar.
Raul: Certo, aonde eu assino? - foi pulando até chegar na mesa
Médico deu as papeladas e ele assinou.
Saímos da sala dele e a minha mãe chorando.Íris: Eu não acredito que a minha opinião não vale de mais nada. - falou me olhando - Eu estou junto com ele a mais de vinte anos, Lara.
Lara: Estava, deixou bem claro que vocês dois não tem mais nada. Então por favor, tudo o que for referente ao meu pai, não se intromete! - sai andando na direção do quarto dele
Entrei e fechei a porta.
Não vou desistir tão fácil assim.
Acredito ainda que ele vai ficar bem.Lara: Oi, pai. - falei me aproximando da cama - Eu e a mamãe acabamos brigando por sua causa.- coloquei a mão em cima da dele - Ela quer que desligue os aparelhos, porque você não apresentou nenhuma melhora, mas é claro que eu não deixei.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
É doloroso ver ele dessa forma, entendo o lado dela, mas eu não quero desistir fácil assim.
Lara: Pai, eu sei que o senhor quer descansar...- passei a mão no cabelo dele - Mas não pode deixar a gente agora, precisamos de você! - acariciei o seu rosto - Por favor, pai...luta pela gente, por favor! - implorei
Comecei chorar incontrolavelmente, mas continuei ali ao lado dele.
Acredito que ele esteja me escutando e não é possível que ele vai escutar eu implorando ele para luta pela vida e desistir.
Lara: Não faz isso comigo, não me deixe sozinha. - me aproximei do rosto dele - Pai, luta pela nossa família...as coisas não vão se acertar se você não estiver aqui. - solucei de chorar - Eu não quero ficar unido por sentir a mesma dor que eles...eu quero a nossa família unida em um churrasco de domingo, ver você e a mamãe juntos, por favor....por favor, luta pra ficar!
Fiquei alguns minutos ao lado dele, chorando e fazendo cafuné.
Lara: Temos uma semana, pai. - limpei as lágrimas - Acredito em você...basta você acreditar também! - dei um beijo na testa dele - Luta pela sua vida, por nós...- disse baixinho
Sai do quarto chorando, caminhei calmamente pelo corredor.
Cheguei na recepção e não tinha mais nenhum deles ali.
Sai do postinho e fui caminhando.
Olhando o movimento, como ele gostava de fazer.Hoje o dia estava estranho, chuvoso e com ventanias.
Não tinha ninguém pelas ruas.
Essa invasão levou muita gente inocente é muito traficante também.
Favela está de luto!
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Herdeiros do comando
Teen Fiction> Segunda temporada de "Visita Íntima" Entre vielas e beco, contando sempre com a fé, seja o que Deus quiser... Sua mãe chora primeiro, porque tu é Zé mané, prazer sou herdeiro do comando, blindadão de fé!