Capítulo 25

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Lara

Doutor apareceu e me chamou até a sala dele.

Tia rafa me acompanhou.
Fui apreensiva e já com medo do que ele poderia falar.

Doutor: Pode se sentar. - disse dando a volta em sua mesa - Chamei vocês aqui, pois é um assunto delicado, então preferi privacidade. Ainda mais por ele ser quem é. - me sentei

Lara: Ele morreu? - perguntei com a voz embargada - Se sim, não precisa enrolar para falar.

Rafa: Calma, Lara. - disse baixo e segurou a minha mão

Doutor: Não, ele não morreu. - se sentou - A cirurgia foi muito complicada, vocês devem imaginar. - assenti com lágrimas escorrendo pelo meu rosto - Ele levou três tiros, dois no abdômen e outro no peitoral.

Lara: Mas ele está bem? - perguntei desesperada

Odeio enrolação!

Doutor: Na cirurgia tivemos inúmeras complicações...- interrompi ele

Lara: Doutor, eu quero saber apenas o estado dele, não quero saber o que aconteceu lá dentro, até porque eu nem entendo nada! - Rafa me repreendeu com o olhar

Doutor: Ele está entubado e em estado grave. - me encostei na cadeira e fechei os olhos - Precisamos encaminhar ele para um hospital. - neguei ainda de olhos fechados - Se ele não for, a probabilidade de morrer será maior.

Lara: Eu não autorizo ele ser encaminhado. - olhei para ele - Meu pai ia preferir morrer do que voltar para cadeia de novo.

Rafa: Pensa bem, conversa com a sua família. - neguei

Lara: Tia, agora é só eu e o meu pai...ninguém tem que decidir nada além de mim. - me levantei - Ele não vai ser encaminhado, porque eu tenho certeza que ele prefere morrer do que voltar para aquele lugar imundo.

Doutor: Eu nem poderia estar falando isso, por questão de ética, mas você está sendo egotista, ele precisa ser encaminhado urgente para um hospital. - neguei - Então preciso que você assine algumas papéis.

Lara: Tudo bem. Depois posso ir ver ele? - ele assentiu sério

Assinei todos os papéis e o médio me levou até o quarto.

Eu tenho certeza que entre voltar para a cadeia e morrer, ele prefere morrer.

Sempre ouvi isso dele e não vai ser agora que vou castiga-ló dessa maneira.

Entrei no quarto e senti uma dor no peito.
Ele estava pálido, estranho, parecia sem vida.

Me aproximei da cama e passei a mão no cabelo dele.

Lara: Eu sei que tu é forte. - falei baixinho - Pai, eu não vou deixar te tirarem daqui, mas tu precisa ser forte! - minhas lágrimas escorreram e pingaram nele - Eu acredito em você.

Fiquei ali no quarto com ele, até a enfermeira entrar e dizer que a hora de visita acabou.

Relutei para ficar, mas foi a mesma coisa que nada.

Ele está em um estado muito grave, então não pode ter acompanhante.

Lara: Tu sabe se a minha mãe acordou? - ela assentiu - Então vou ficar como acompanhante dela, tudo bem?

Enfermeira: Ok, vou te levar até o quarto. - assenti e acompanhei ela

Passei a noite com a minha mãe, conversamos bastante e conseguimos resolver toda aquela situação.

Ela está bem, levou um tiro no braço esquerdo.

Mas está bem.

(...)

7 dias depois...

Doutor: Ele não teve nenhuma melhora, infelizmente teremos que desligar os aparelhos. - neguei

Íris: Não tem mais o que fazer, doutor? - ele negou

Clara: Não, não pode ser! - gritou

Raul: Não vai desligar essa parada aí não!

Íris: Não tem melhora faz uma semana, Raul. - minha mãe se levantou e caminhou até ele - Infelizmente temos que aceitar.

Lara: E tu vai desistir fácil assim? - ela me olhou com lágrimas nos olhos - Eu não autorizo desligarem os aparelhos!

Doutor: Hoje não é você que responde por ele, é a esposa. - neguei

Lara: Está errado, eles estão separados. Ela não decide nada aqui!

Íris: Lara, para de querer prolongar o nosso sofrimento! - implorou - Eu não aguento mais ver o seu pai naquele estado, ele quer descansar! - neguei - Lara, ele não está lutando pra ficar, entenda que ele já cansou dessa vida.

Lara: Eu não vou deixar você decidir como vai ser o destino do meu pai! - gritei - Vocês dois estão separados, então quem decide é eu e os meus irmãos! - ela negou - Se retire, por favor.

Clara: Não precisa disso. - colocou a mão no meu ombro - Deixa ela ficar.

Raul: Lara está certa, mãe. - disse com a voz embargada - Tu e ele não estão mais juntos, então quem tem que decidir é nós. - se levantou com dificuldade por causa da perna - Os aparelhos não vão ser desligados.

Doutor: Só podemos autorizar que ele fique mais uma semana, caso não houver melhora, teremos que desligar.

Raul: Certo, aonde eu assino? - foi pulando até chegar na mesa

Médico deu as papeladas e ele assinou.
Saímos da sala dele e a minha mãe chorando.

Íris: Eu não acredito que a minha opinião não vale de mais nada. - falou me olhando - Eu estou junto com ele a mais de vinte anos, Lara.

Lara: Estava, deixou bem claro que vocês dois não tem mais nada. Então por favor, tudo o que for referente ao meu pai, não se intromete! - sai andando na direção do quarto dele

Entrei e fechei a porta.

Não vou desistir tão fácil assim.
Acredito ainda que ele vai ficar bem.

Lara: Oi, pai. - falei me aproximando da cama - Eu e a mamãe acabamos brigando por sua causa.- coloquei a mão em cima da dele - Ela quer que desligue os aparelhos, porque você não apresentou nenhuma melhora, mas é claro que eu não deixei.

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

É doloroso ver ele dessa forma, entendo o lado dela, mas eu não quero desistir fácil assim.

Lara: Pai, eu sei que o senhor quer descansar...- passei a mão no cabelo dele - Mas não pode deixar a gente agora, precisamos de você! - acariciei o seu rosto - Por favor, pai...luta pela gente, por favor! - implorei

Comecei chorar incontrolavelmente, mas continuei ali ao lado dele.

Acredito que ele esteja me escutando e não é possível que ele vai escutar eu implorando ele para luta pela vida e desistir.

Lara: Não faz isso comigo, não me deixe sozinha. - me aproximei do rosto dele - Pai, luta pela nossa família...as coisas não vão se acertar se você não estiver aqui. - solucei de chorar - Eu não quero ficar unido por sentir a mesma dor que eles...eu quero a nossa família unida em um churrasco de domingo, ver você e a mamãe juntos, por favor....por favor, luta pra ficar!

Fiquei alguns minutos ao lado dele, chorando e fazendo cafuné.

Lara: Temos uma semana, pai. - limpei as lágrimas - Acredito em você...basta você acreditar também! - dei um beijo na testa dele - Luta pela sua vida, por nós...- disse baixinho

Sai do quarto chorando, caminhei calmamente pelo corredor.

Cheguei na recepção e não tinha mais nenhum deles ali.

Sai do postinho e fui caminhando.
Olhando o movimento, como ele gostava de fazer.

Hoje o dia estava estranho, chuvoso e com ventanias.

Não tinha ninguém pelas ruas.

Essa invasão levou muita gente inocente é muito traficante também.

Favela está de luto!

Herdeiros do comandoOnde histórias criam vida. Descubra agora