Capítulo 13

1.6K 146 54
                                    

Cidade de Deus - 22:45
Perigo
Faz uma semana que tudo aconteceu e estou ficando louco.

Não acho os meus filhos por nada!

Três dias depois do aparecimento do Caio, comecei a desconfiar que a Lara foi sequestrada também, ela jamais ficaria tanto tempo longe de casa.

O que me deixa mal é saber que a Íris imaginava desde o começo e mesmo assim eu não escutei.

Me sentei na cadeira olhando o celular, estava esperando alguma mensagem dela.

Faz dias que a gente não se vê, ela está na casa da Bruna.

Não me atende e nem responde nenhuma mensagem.

A única que ela está mantendo o contanto é com a Clara.

A porta da minha sala se abriu e o Raul entrou com uns papéis.

Perigo: Tem notícias da tua mãe? - ele negou e encostou a porta - Essa maluca está me deixando doido. - passei a mão no rosto

Mendes: Acredito que agora as coisas vão melhorar. - jogou os papéis em cima da minha mesa - A gente tava rodando em círculo, só quebrando a cabeça, mas não pensamos no mais óbvio.

Perigo: E o que é o mais óbvio? - peguei os papéis

Mendes: Olhas as paradas aí, pô. - se sentou na minha frente

Olhei todos os papeis e tudo indicava que alguém caguetou sobre tudo e por isso levaram eles.

Perigo: O TCP tá fraco, não tentaria algo contra nois. - olhei pra ele

Mendes: A não ser que foi passado que a favela estaria fraca de contenção. - cruzou os braços - Isso aí tá sendo planejado a muito tempo e a ordem está vindo daqui de dentro!

Perigo: Ninguém seria louco de me trair. - passei a mão no cavanhaque

Mendes: Homem é capaz de tudo por dinheiro e poder.

Perigo: Tem alguém em mente? - ele assentiu - Quem? Manda o papo reto.

Mendes: Tu não vai gostar, mas é só juntas as peças que tudo se encaixa. - fiz sinal pra ele continuar falando - Papo reto, Perigo? Acho que foi o próprio Caio. - neguei na hora - Pensa comigo, ele sempre quis poder, desde menor.

Perigo: Tá mandando o papo torto, Raul. - ele negou - Para de falar essas paradas porque é capaz de alguém achar que é verdade.

Mendes: Abre teu olho, Perigo....se tu continuar com essa venda nos olhos vai ser esfaqueado nas costas pelo seu próprio filho. - ele se levantou

Perigo: Teu irmão nunca trairia a própria família.

Mendes: Tu coloca a família em primeiro lugar, ele não. - abriu a porta - Quando a facção cobrar, tu vai ter que ser homem e matar, isso se tu não encobertar ele. - saiu e bateu a porta

Olhei os papéis mais uma vez e percebi que no celular do Caio tinha algumas ligações restritas, duas semanas seguidas, mais de quarenta minutos na linha.

Isso realmente está estranho, mas não posso acusar ele dessa forma.

Passei a mão no rosto preocupado.

(...)

Caio

Ouvi a Lara chorar baixinho e olhei pra ela.

Caio: O que foi? - ela me olhou

Lara: Em que mundo tu vive, Caio? - perguntou estressada - O que aqui é normal pra tu? - arqueou a sobrancelha, com as lágrimas escorrendo pelo rosto

Caio: Pra ser bandido de verdade tem que passar pelo veneno. - sorri - Agora o pai vai enxergar do que eu sou capaz!

Lara: Capaz? Capaz do que, Caio? Tu é maluco é? Tem algum distúrbio mental? - gritou - Tu é tão burro que foi sequestrado dentro de casa, cara. - negou - Não teve capacidade de fugir, de pensar em porra nenhuma, tu é um bosta...como bandido vai morrer no segundo dia.

Caio: Tu não sabe nem a metade e tá falando essas paradas. - ela negou, ainda chorando

Lara: Caralho, para de ser tchongo! - gritou - Burro do caralho, se toca!

A porta se abriu e o gordo entrou com mais dois caras.

Gordo: Cansei dessa palhaçada. - falou todo bravão - Teu pai é muito mole, tenho que mostrar com quem tá, porque quero matar ele e vocês. - se aproximou da Lara e segurou no cabelo dela - Vou mandar uma fotinha sua pro teu paizinho.

Caio: Solta ela seu filha da puta! - gritei

Gordo: Apaga esse arrombado, porque agora é hora da gatinha aqui. - lambeu o rosto dela

Lara; Que nojo seu podre! - gritou - Nojento, imundo!

Caio: Se tu colocar a mão nela eu vou matar você, filha da puta! - os caras se aproximando de mim

Um deles ficou atrás e passou o braço em volta do meu pescoço, apertou.

Fui perdendo o ar aos poucos e o sentido.
Senti tudo rodar.

(...)

Lara

Um dos caras deu um mata leão no Caio e ele desmaiou.

Lara: Solta ele! - gritei - Bando de arrombado, filha da puta! - cuspi mais uma vez na cara do gordo

Ele me olhou furioso, limpou o rosto e arrumou a postura.

Gordo: Tu é maluca igual a sua mãe. - negou - Nunca vi uma mulher que tem mais coragem do que vocês duas. - sorriu de canto - Isso me deixa excitado. - passou a mão no pau por cima da bermuda - Gosto de mulheres assim. - sorriu de canto

- Tu sabe que estupro é proibido aqui dentro, não paga de louco! - um dos caras falou e o gordo olhou para ele - Se tu colocar a mão nela o patrão vai ficar sabendo é esse vai ser o seu fim.

Gordo: Mas ela quer...não quer gatinha? - se aproximou de mim mais uma vez e passou a mão no meu rosto

Lara: Não! - gritei - Não quero! - olhei firme para ele - Nunca te dei liberdade, sai de perto de mim!

- Tira a mão dela, Gordo! - ordenou e o mesmo tirou

Gordo: Já que eu não posso comer e mandar um vídeo seu pelada para o teu pai, vou torturar. - abriu um sorriso largo - Isso vai doer mais do que transar comigo...pensa bem, gatinha.

Lara: Eu prefiro morrer!

Gordo: Então tá bom, escolha sua...não sabe o que está perdendo. - deu um tapa forte no rosto

Lara: Quando o meu pai te matar, vou fazer questão de assistir, verme! - ele riu alto

Gordo: Quando eu for matar o seus pais, vou fazer questão de tu assistir. - deu um soco no meu rosto

Foi tão forte que eu caí de lado junto com a cadeira.

Algumas lágrimas escorreram e eu senti meu rosto ardendo.

Estou tão exausta desse cenário, parece que eu não serei encontrada.

Ele me puxou pelo cabelo, até a cadeira virar novamente.

Enrolou minhas tranças em sua mãos e começou a me dar várias socos no rosto.

Herdeiros do comandoOnde histórias criam vida. Descubra agora