Complexo da maré - 15:33
Lara
Estou toda machucada, Gordo meu bateu ontem até eu perder os sentidos.
Hoje acordei com feridas pela corpo e com dor em tudo.
Não sei até quando isso vai durar, mas sei que eu não aguento por muito tempo.
Caio: Eu sinto muito...- disse chorando - Me perdoa, irmã.
Lara: Isso não é culpa sua. - falei baixinho
Mal conseguia me arrastar pelo quarto.
Estava deitada no canto agarrada ao meu corpo.Sentido cada músculo retrair e os machucados queimarem de dor.
Caio: Claro que é! - gritou - Eu sou um verme, mereço morrer da pior forma! - olhei na direção dele com dificuldade, por estar com os olhos inchados - Eu....eu caguetei, eu fiquei com tanto ódio do pai...mas eu fiz na emoção!
Fiquei em silêncio tentando raciocinar o que ele estava me dizendo.
Nunca imaginei que ele seria capaz de algo tão cruel.A própria família!
Caio: Eu...fui atrás do chefe do TCP, falei que passaria informações, mas ele teria que me prometer lealdade e um cargo grande na facção...ele me prometeu, mas não cumpriu! - disse ainda chorando - Nada disso era para estar acontecendo, me perdoa, irmã.
Lara: Caio, só me responde uma coisa...- falei com a garganta ardendo de segurar o choro - Tu mandou me sequestrarem?
Caio: Não...não foi assim, eu falei aonde vocês estavam, não estava em meus planos te trazer...eu juro, nunca faria isso contigo ou com a Clara.
Lara: Eu já não acredito mais em nenhuma palavra que sai da sua boca. - algumas lágrimas escorreram - Espero que tu morra o quanto antes!
Caio: Nossa, Lara...que desejo sinistro. - respirou fundo - Eu jamais desejaria isso pra você, até porque tu é minha irmã!
Fiquei apenas em silêncio, chorando baixinho.
"Até porque tu é minha irmã", ele traiu o própria pai, a minha mãe, como não faria o mesmo comigo?
Ouvi barulhos de tiros e me assustei.
Caio: Aí graças a Deus...- sorriu animado - O pai daqui a pouco aparece.
Lara: O meu pai veio me salvar. - dei ênfase no "meu" - Quando ele ficar sabendo o que tu fez, tu vai morrer!
Caio: Tu vai fazer isso comigo?- não respondi - Lara, por favor...me perdoa!
Continuei em silêncio e deviei o meu olhar.
Os tiros ficavam cada vez mais alto.
Meu maior medo é não ser o meu pai!(...)
Passou um bom tempo e os tiros não cessavam.Caio continua chorando e eu já estou pra enlouquecer!
Ouvi um barulho alto e olhei assustada na direção da porta.
Entrou cinco caras encapuzados e com fuzil atravessado nas costas.
Olhei fixamente para um e reconheci as tatuagens.
Um sentimento de paz se instalou em meu peito.Lara: Tu não sabe o quanto eu estou feliz em te ver. - me arrastei no chão e me sentei com dificuldade
Marques tirou o capuz e caminhou na minha direção.
Marques: Olha o que fizeram com você. - passou a mão em meu rosto - Me perdoa por ter te deixado aquele dia.
Lara: A culpa não é sua, relaxa. -sorri de canto com algumas lágrimas escorrendo
Marques: Vamos embora logo daqui. - tirou o colete e colocou em mim - Pombo e Gugu, desamarrem ele, os outros me acompanhem.- me pegou no colo
Lara: Tu não vai ficar sem proteção não né? - perguntei com medo
Marques: Minha proteção é Deus!
Ele saiu do quartinho comigo no colo.
Os dois foram na contenção.Os tiros estavam diminuindo.
Lara: Cadê o meu pai? - ele me olhou rápido e voltou com a atenção para o caminho
Marques: Não veio, sua me está te esperando lá em baixo. - assenti e agarrei no pescoço dele
Estava morrendo de medo de acontecer alguma coisa.
Ele continuou caminhando, com os dois na contenção.
Ouvi mais alguns tiros e avistei o Gordo em um beco.
Lara: O Gordo! - gritei e o Marques se assustou - O Gordo. - apontei e ouvi o barulho de um disparo
Fui jogada longe, vi o Marques caído no chão de bruço.
Me levantei e corri com dificuldades até ele.
Lara: Marques! - gritei e ele me olhou sorrindo - Meu Deus...- passei a mão no rosto olhando para a perna dele - Levanta! - falei desesperada
Os dois caras começaram a trocar tiros com o Gordo e mais um.
Marques: Relaxa, eu tô bem. - se apoio no meu ombro - Só cai por causa do impacto. - olhei para a perna dele novamente
- Derrubamos. - um dos caras gritou e colocou o fuzil para o alto
- Quer ajuda aí, irmão? - ele negou - Certeza?
Marques: Sim, Vambora! - ele se apoio em mim e eu nele
Lara: Dois fudido. - falei rindo da nossa situação
Marques: Por isso que a gente combina. - deu um sorrisinho de lado e piscou, apenas neguei sorrindo
Mais caras apareceram e fizeram a nossa contenção até a barreira.
Caminhamos para longe, até chegar no carro.
Não estava mais aguentando de dor.Íris: Filha! - gritou e correu na minha direção - Aí meu Deus...o que fizeram contigo? - os olhos dela encheram de lágrimas - Aí meu amor, me perdoa. - passou a mão no meu rosto
Lara: A culpa não é sua mãe...- falei baixinho - Vamos embora daqui logo, por favor. - segurei o choro
Íris: Cadê o teu irmão? - balancei os ombros - Vocês não estavam juntos?
Lara: Estava sim, mas não quero saber dele nunca mais, mãe. - apoiei a cabeça no ombro dela
Íris: O que aconteceu, filha? - apenas neguei ainda com a cabeça baixa
Marques: Ele está descendo com o meu pessoal, vai no outro carro, Íris. - levantei a cabeça e limpei meu rosto - Vambora, Perigo já está sabendo.
Íris: Não posso deixar o meu filho aqui!
Marques: Ele está bem, vai ficar seguro até lá. Precisamos ir agora!
Ela assentiu e entrou no carro, entrei no banco de trás e o Marques no banco do carona.
Alguns segundos depois um cara entrou no banco do motorista.
Lara: Porque o papai não veio? - ela respirou fundo - Não me diz que vocês não estão bem?
Íris: Teu pai é teimoso, ouve mais os cara da rua do que a própria mulher. - concordei - Não estamos bem desde quando vocês sumiram.
Lara: Mas vão ter que ficar, preciso contar.
Íris: Contar o que, filha? - perguntou curiosa e eu apenas neguei
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Herdeiros do comando
Novela Juvenil> Segunda temporada de "Visita Íntima" Entre vielas e beco, contando sempre com a fé, seja o que Deus quiser... Sua mãe chora primeiro, porque tu é Zé mané, prazer sou herdeiro do comando, blindadão de fé!