Capítulo 15

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Complexo da maré - 15:33

Lara

Estou toda machucada, Gordo meu bateu ontem até eu perder os sentidos.

Hoje acordei com feridas pela corpo e com dor em tudo.

Não sei até quando isso vai durar, mas sei que eu não aguento por muito tempo.

Caio: Eu sinto muito...- disse chorando - Me perdoa, irmã.

Lara: Isso não é culpa sua. - falei baixinho

Mal conseguia me arrastar pelo quarto.
Estava deitada no canto agarrada ao meu corpo.

Sentido cada músculo retrair e os machucados queimarem de dor.

Caio: Claro que é! - gritou - Eu sou um verme, mereço morrer da pior forma! - olhei na direção dele com dificuldade, por estar com os olhos inchados - Eu....eu caguetei, eu fiquei com tanto ódio do pai...mas eu fiz na emoção!

Fiquei em silêncio tentando raciocinar o que ele estava me dizendo.
Nunca imaginei que ele seria capaz de algo tão cruel.

A própria família!

Caio: Eu...fui atrás do chefe do TCP, falei que passaria informações, mas ele teria que me prometer lealdade e um cargo grande na facção...ele me prometeu, mas não cumpriu! - disse ainda chorando - Nada disso era para estar acontecendo, me perdoa, irmã.

Lara: Caio, só me responde uma coisa...- falei com a garganta ardendo de segurar o choro - Tu mandou me sequestrarem?

Caio: Não...não foi assim, eu falei aonde vocês estavam, não estava em meus planos te trazer...eu juro, nunca faria isso contigo ou com a Clara.

Lara: Eu já não acredito mais em nenhuma palavra que sai da sua boca. - algumas lágrimas escorreram - Espero que tu morra o quanto antes!

Caio: Nossa, Lara...que desejo sinistro. - respirou fundo - Eu jamais desejaria isso pra você, até porque tu é minha irmã!

Fiquei apenas em silêncio, chorando baixinho.

"Até porque tu é minha irmã", ele traiu o própria pai, a minha mãe, como não faria o mesmo comigo?

Ouvi barulhos de tiros e me assustei.

Caio: Aí graças a Deus...- sorriu animado - O pai daqui a pouco aparece.

Lara: O meu pai veio me salvar. - dei ênfase no "meu" - Quando ele ficar sabendo o que tu fez, tu vai morrer!

Caio: Tu vai fazer isso comigo?- não respondi - Lara, por favor...me perdoa!

Continuei em silêncio e deviei o meu olhar.

Os tiros ficavam cada vez mais alto.
Meu maior medo é não ser o meu pai!

(...)
Passou um bom tempo e os tiros não cessavam.

Caio continua chorando e eu já estou pra enlouquecer!

Ouvi um barulho alto e olhei assustada na direção da porta.

Entrou cinco caras encapuzados e com fuzil atravessado nas costas.

Olhei fixamente para um e reconheci as tatuagens.
Um sentimento de paz se instalou em meu peito.

Lara: Tu não sabe o quanto eu estou feliz em te ver. - me arrastei no chão e me sentei com dificuldade

Marques tirou o capuz e caminhou na minha direção.

Marques: Olha o que fizeram com você. - passou a mão em meu rosto - Me perdoa por ter te deixado aquele dia.

Lara: A culpa não é sua, relaxa. -sorri de canto com algumas lágrimas escorrendo

Marques: Vamos embora logo daqui. - tirou o colete e colocou em mim - Pombo e Gugu, desamarrem ele, os outros me acompanhem.- me pegou no colo

Lara: Tu não vai ficar sem proteção não né? - perguntei com medo

Marques: Minha proteção é Deus!

Ele saiu do quartinho comigo no colo.
Os dois foram na contenção.

Os tiros estavam diminuindo.

Lara: Cadê o meu pai? - ele me olhou rápido e voltou com a atenção para o caminho

Marques: Não veio, sua me está te esperando lá em baixo. - assenti e agarrei no pescoço dele

Estava morrendo de medo de acontecer alguma coisa.

Ele continuou caminhando, com os dois na contenção.

Ouvi mais alguns tiros e avistei o Gordo em um beco.

Lara: O Gordo! - gritei e o Marques se assustou - O Gordo. - apontei e ouvi o barulho de um disparo

Fui jogada longe, vi o Marques caído no chão de bruço.

Me levantei e corri com dificuldades até ele.

Lara: Marques! - gritei e ele me olhou sorrindo - Meu Deus...- passei a mão no rosto olhando para a perna dele - Levanta! - falei desesperada

Os dois caras começaram a trocar tiros com o Gordo e mais um.

Marques: Relaxa, eu tô bem. - se apoio no meu ombro - Só cai por causa do impacto. - olhei para a perna dele novamente

- Derrubamos. - um dos caras gritou e colocou o fuzil para o alto

- Quer ajuda aí, irmão? - ele negou - Certeza?

Marques: Sim, Vambora! - ele se apoio em mim e eu nele

Lara: Dois fudido. - falei rindo da nossa situação

Marques: Por isso que a gente combina. - deu um sorrisinho de lado e piscou, apenas neguei sorrindo

Mais caras apareceram e fizeram a nossa contenção até a barreira.

Caminhamos para longe, até chegar no carro.
Não estava mais aguentando de dor.

Íris: Filha! - gritou e correu na minha direção - Aí meu Deus...o que fizeram contigo? - os olhos dela encheram de lágrimas - Aí meu amor, me perdoa. - passou a mão no meu rosto

Lara: A culpa não é sua mãe...- falei baixinho - Vamos embora daqui logo, por favor. - segurei o choro

Íris: Cadê o teu irmão? - balancei os ombros - Vocês não estavam juntos?

Lara: Estava sim, mas não quero saber dele nunca mais, mãe. - apoiei a cabeça no ombro dela

Íris: O que aconteceu, filha? - apenas neguei ainda com a cabeça baixa

Marques: Ele está descendo com o meu pessoal, vai no outro carro, Íris. - levantei a cabeça e limpei meu rosto - Vambora, Perigo já está sabendo.

Íris: Não posso deixar o meu filho aqui!

Marques: Ele está bem, vai ficar seguro até lá. Precisamos ir agora!

Ela assentiu e entrou no carro, entrei no banco de trás e o Marques no banco do carona.

Alguns segundos depois um cara entrou no banco do motorista.

Lara: Porque o papai não veio? - ela respirou fundo - Não me diz que vocês não estão bem?

Íris: Teu pai é teimoso, ouve mais os cara da rua do que a própria mulher. - concordei - Não estamos bem desde quando vocês sumiram.

Lara: Mas vão ter que ficar, preciso contar.

Íris: Contar o que, filha? - perguntou curiosa e eu apenas neguei

Herdeiros do comandoOnde histórias criam vida. Descubra agora