Capítulo 9

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Cidade de Deus - 02:20

Caio 

Eu fiz uma merda e mas ainda não me arrependo. 
Meu pai vai querer me matar, isso eu tenho certeza.  

Mas se for para viver a vida que eles querem que eu viva, sinto muito, mas não vou viver! 

Já tenho dezessete anos e quem tem que decidir o que é melhor pra mim, sou eu mesmo.

Consegui o contato de um cara que é do TCP.
Tô indo atrás do meu corre, já que dentro do CV eu não tenho oportunidade. 

Mandei a minha localização pra ele e mandei o papo que hoje é um dia bom para invadir. 
Não tem ninguém. 

Vão invadir a favela e me levar como se fosse um sequestro, mas na verdade, quem planejou tudo foi eu. 

Me sentei no sofá apreensivo. 

Estou com medo de dar alguma merda e meu pai descobrir desse plano. 
Sei que ele vai ter que me matar. 

(...)

Os tiros ficavam cada vez mais alto. 
Continuo sentado no sofá, aguardando a cena. 

Sei que eles querem informações, não tenho muito, mas posso dar a minha lealdade! 

A porta foi arrombada e caiu, entraram três caras armados e encapuzados.

-Perdeu, vagabundo! - um dos caras gritou 

Não tive nenhuma reação, eles se aproximaram e apontaram uma arma na minha cabeça, coloquei as mãos pra cima, me amarram e colocaram um pano nos meus olhos. 

Pegaram nos meus braços e me arrastaram. 

- Entra nessa porra. - me empurrou e eu cai em algum lugar duro - Se tentar sai, tu morre! - gritou  

Ouvi baterem e assimilei que estava no porta-malas. 
Logos deram partida. 

Meu coração estava acelerado e eu estava com um sentimento estranho. 

(...) 

Parada de Lucas - 07:17

Lara 

Acordei ainda zonza e com muita dor de cabeça. 
Abri os olhos devagar e olhei em volta. 

Meus pés e mãos estão amarrados em uma cadeira no canto do quartinho. 
É bem escuro e tem um cheiro ruim. 

A porta se abriu e o cara que me sequestrou e mais dois caras entraram na sala. 

- Bom dia, princesa do tio. - abriu um sorriso largo - Tá confortável? - parou na minha frente 

Não respondi nada, apenas encarei os outros dois caras. 
Não eram rostos familiares. 

- Essa é a Clara? - um dos caras perguntaram 

- Não, ela é a Lara. Segunda filha - o cara que me sequestrou falou 

Lara: O que tu quer comigo? - perguntei com a voz embargada Quem é você? 

- Seu pai nunca comentou sobre mim? - cruzou os braços - Que filha da puta! - bateu o pé - Teu pai é o maior arrombado, papo reto! 

Lara: Por favor, cara...- implorei - Eu não fiz nada, me deixa em paz! 

- Bom, princesa. - sorriu e puxou uma cadeira - Eu sou o teu tio. - sentou na cadeira de frente para mim - Conhecido como Gordo. 

Lara: Eu não sei quem é você...resolve tuas paradas com o meu pai, me deixa em paz, psicopata! - gritei 

Gordo: Já estou resolvendo com o seu pai, princesa. - sorriu - Ele tirou tudo de mim e eu vou tirar tudo dele, inclusive você. 

Algumas lágrimas escorreram e começou a me dar falta de ar. 
O desespero estava tomando conta do meu corpo. 

Gordo: Calma, princesa. - levantou e se aproximou - Não precisa se preocupar, eu quero o seu bem, tudo isso vai depender de você. - passou a mão no meu rosto e eu afastei - A gente vai ter uma conversinha e dependendo do que tu me falar, eu te deixo ir embora. 

Lara: Eu não sei de nada. - falei com algumas lágrimas escorrendo 

Gordo: Claro que sabe...- sorriu e passou a mão no meu rosto novamente - Teu pai é tão vacilão, que consegue colocar todo mundo em risco. - pegou no meu rosto e apertou - Aonde ele estava esses últimos meses? - perguntou próximo do meu rosto 

Lara: Não sei.- falei com dificuldade 

- Abre a boca, vagabunda! - o outro cara se pronunciou pela primeira vez - Manda o papo reto logo. 

Gordo: Tu sabe, lógico que tu sabe. - apertou mais o meu rosto - Aonde ele estava? - me soltou - Fala, garota! - gritou no meu rosto 

Lara: Eu...eu não sei, cara...- falei com a voz embargada, minha garganta estava doendo - Para de ser doente, pra que tu quer saber disso? 

Gordo: Seu pai sequestrou o meu neto. - se afastou, foi para o canto da sala próximo da porta - Além de á vinte e dois anos atrás ele virar as costas pra mim e ter tentado me matar, a um mês ele sequestrou o meu neto de cinco anos. 

- E roubou a carga do TCP. - o outro cara disse - Esse verme merece morrer! 

Lara: Gordo, meu pai pode ser o que for, mas ele nunca sequestraria uma criança. - ele foi se aproximando calmamente - Pelo que tu disse, tu conviveu com ele...então deve saber da índole. - ele parou na minha frente e ficou me observando - Ele não é uma pessoa ruim. 

- Seu pai é o maior monstro que eu já vi na minha vida! - olhei para o cara - Eu sou criminoso a doze anos e nunca vi ninguém como aquele cara...ele é psicopata! 

Lara: Todos vocês são psicopatas. - ele negou 

- Não como o teu pai...ele não tem empatia, nem amor e nem piedade por ninguém. - se aproximou - Seu pai é um monstro, ele destrói tudo e todos...você tem que conhecer ele como realmente é! 

Lara: A gente não está falando da mesma pessoa...eu tenho certeza. - as lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto - Meu pai jamais faria isso com ninguém...

- Continue acreditando nessa farsa. - fixou em meus olhos - Tu merece saber a verdade, Lara. 

A porta se abriu novamente e entraram com o Caio vendado e com os braços amarrados. 
Jogaram o mesmo no chão e saíram. 

Gordo: Aqui eu já tenho a metade da família. - sorriu - Vou destruir ele, todos que amam ele e todo o império que ele construiu! 




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