Íris
Caio: Mãe, eu posso voltar pra escola? - apareceu na cozinha
Íris: O que eu falei de tu sair do quarto, Caio? - gritei
Já estava de saco cheio de tanta coisa dando errado na minha vida.
Caio: Eu só vim te fazer uma pergunta, estou com saudades dos meus amigos. - puxou uma cadeira e se sentou
Íris: Tu não vai voltar pra escola, porque quando tinha que ir ficava cabulando aula! - olhei pra ele -Sobe para o seu quarto, agora! - ele bufou e se levantou - E se bater à porta eu vou subir e quebrar o cabo de vassoura nas suas costas!
Terminei de cortar os legumes, coloquei tudo na panela de pressão, junto com a carne.
Ouvi um barulho na sala e em seguida ouvi passos.
Apareci na porta da cozinha, vi quatro caras de fuzil nas costas e o Perigo.
Íris: O que está acontecendo? - fui até a sala - Está invadindo a minha casa porque? - cruzei os braços
Perigo: Vim buscar o Caio. - disse sério
Íris: Já discutimos sobre isso, tu não vai levar ele! - bati o pé - Não vai passar por cima das minhas ordens, Perigo!
- Posso ir buscar, chefe? - um dos caras perguntou e o Perigo assentiu
Entrei na frente do menino, impedindo o mesmo de dar mais um passo.
Perigo: Não complica as coisas, Íris! - parou ao meu lado - Para de defender esse pilantra!
Íris: Ele é o meu filho! - gritei na cara dele - Tu não vai colocar a mão!
Perigo: Eu não estou pedindo pra tu. - fez sinal para os caras subirem - Cansei de ser bonzinho.
Os caras passaram por mim e eu não sabia o que fazer.
Íris: Pierre, tu está passando por cima das minhas ordens! - peitei ele
Perigo: Não me chama pelo nome! - disse frio - Eu mando nessa porra, Íris. Tu não entendeu ainda?
Íris: Dentro da minha casa tu nunca mandou! - ele riu
Perigo: Caralho, tu realmente acha isso? - continuou rindo - Tudo o que tu mandou, foi porque eu estava de acordo. Dessa vez eu não vou passar por cima da facção!
Íris: Tu tá colocando ela em primeiro lugar, por isso a gente não deu certo. - passei a mão no rosto de nervoso
Perigo: Não demos certo porque tu não sabe aonde é o teu lugar! - respirei fundo - Sabe que essa porra toda tem regras e regras não são feitas para serem quebradas! - gritou - Chega de proteger ele, chega de passar a mão na cabeça!
Íris: Perigo, ele é jovem...fez por impulso, pra chamar a sua atenção! - bati o pé gritando
Perigo: Ele bate no peito e fala pra favela toda que é homem, que é o corre. Então se ele é o corre, tem que ser cobrado como o corre! - dei um tapa no braço dele
Vi o semblante dele mudar.
Ele me empurrou forte e com expulso eu fui para trás, bati as costas na parede.Perigo: Não coloca a mão em mim! - gritou apontando o dedo no meu rosto - Nenhum momento te desrespeitei como mulher, então me respeita porra! - meus olhos arderam e senti algumas lágrimas escorrerem
Íris: Porque você tá fazendo isso com a gente, Perigo? - passei a mão no rosto secando as lágrimas - Porra, já passamos por tantas coisas e agora é isso?
Perigo: Íris, eu não estou fazendo nada! - se afastou - Quero apenas colocar ordem, porque aquele moleque precisa respeitar alguém e se não é por bem, vai ser por mal.
Íris: Eu já disse que vou resolver...mas tem que ser da minha forma.
Perigo: Dessa forma tu não vai resolver nada, ele é homem e tem que assumir os bagulho que faz! - vi os caras descendo as escadas com ele
Íris: Perigo, ele me prometeu que me obedeceria, por favor, não faz isso! - implorei
Perigo: O tratamento dos filhos tem que ser igual, se fosse qualquer um dos outros, estariam na mesma situação! - caminhou até o Caio e segurou no braço dele - Tu é homem na rua, então vai virar homem dentro de casa também!
Caio: Pai, não precisa disso...- implorou - Eu vou ficar longe de tudo isso, prometo!
Perigo: Tua palavra faz curva, não é homem pra sustentar! - puxou ele - Se tu passar por cima da minha ordem e vim atrás, vai apanhar igual vagabundo! - falou olhando pra mim
Observei eles sairem e me sentei no sofá.
Eu não entendo o porque de estar acontecendo essas coisas comigo.
Achei que depois de tudo o que eu passei, o resto da minha vida seria paz.
Mas é totalmente ao contrário disso, cada dia que passa acontece mais coisas.
Eu não aguento mais!
(...)
Perigo
Levaram ele pra salinha e eu fui atrás.
Minha maior decepção como pai é saber que o meu próprio filho colocou a vida da nossa família em risco.
Eu posso ser o mais filha da puta, o mais temido, mas eu JAMAIS faria isso com a minha própria família!
A facção tem que vir em primeiro lugar, mas eu jamais coloquei em cima da minha família, isso não seria justo com as pessoas que tiveram ao meu lado nos piores momentos.
Caio: Eu te odeio tanto. - olhei pra ele - Tenho vergonha em dizer que sou seu filho!
Perigo: Eu que tenho vergonha de dizer que o traidor é meu filho! - peguei um pedaço de madeira - Me odeia tanto que a vida inteira tentou ter a minha aprovação.
Caio: E é por esse motivo que eu te odeio, nunca me tratou como filho.
Perigo: Eu jamais deixaria tu entrar na vida do crime, o Raul só está nessa vida porque ele escolheu depois de virar maior de idade. - me aproximei dele - Você não vê como é a minha vida? Eu não posso ter uma vida fora daqui, não posso sair mais da facção...a minha via gira em torno disso e eu como pai não queria isso pra vocês!
Caio: Mas eu que tenho que escolher! - gritou
Perigo: Não enquanto for menor de idade. - parei na frente dele - Vai apanhar igual vagabundo, pra aprender que não se trai a família!
Caio: Pode bater, mas bate com força. - sorriu
Comecei a dar madeirara nas pernas dele e o mesmo caiu no chão.
Continuei batendo e ele começou chorar implorando para que eu parasse.
Perigo: Agora bate no peito falando que é homem! - continuei batendo
Caio: Pai...- gritou - Para....por favor!
Perigo: Cala a boca! - gritei e dei um soco no rosto dele - Apanha calado, igual homem!
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Herdeiros do comando
Novela Juvenil> Segunda temporada de "Visita Íntima" Entre vielas e beco, contando sempre com a fé, seja o que Deus quiser... Sua mãe chora primeiro, porque tu é Zé mané, prazer sou herdeiro do comando, blindadão de fé!