4 - Academia

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Pov Maraisa

Depois de um banho rápido, meu plano era esperar dar umas cinco horas e encher a cara. Grandes planos. Eu havia perdido um dia de folga durante minhas últimas semanas de trabalho por essa porcaria. Podia me divertir também.

Estava deitada no chão do quarto, no meio da rotina de contagem de telhas, quando o celular tocou. Me inclinando em direção à cama, apalpei o colchão até encontrá-lo. Ao ver o nome de Hugo piscar na tela, quase não atendi por causa do meu humor, mas mudei de ideia no último toque.

— Oi. Como foram as entrevistas? — perguntou.

— Parei no caminho de casa e peguei mais duas garrafas de vinho. Adivinha?

— Não foi bom, né?

— Pode-se dizer que não mesmo.

— Sabe o que devemos fazer a respeito disso?

— Com certeza. Ficar bêbados.

Ele riu como se eu estivesse brincando.

— Estava pensando em algo tipo... malhar.

— Fazer exercício?

— Sim, ajuda a eliminar o estresse.

— Assim como o vinho.

— É, mas, com o exercício, você se sente bem no dia seguinte.

— E, com o vinho, não me lembro do dia anterior.

Ele riu.

— De novo, eu não estava brincando.

— Se você mudar de ideia, vou para a Iron Horse.

— Iron Horse?

— Fica na 72nd avenue. Sou sócio de lá. Tenho passes para convidados, caso interesse.

Fazia mais de um mês desde aquele estranho encontro com Marília Mendonça. De repente, me encontrei repensando, álcool versus exercício, porque a mulher usava uma camiseta dessa academia na foto do Facebook.

— Sabe de uma coisa? Tem razão. Eu deveria me exercitar para relaxar. Afinal, posso me embebedar mais tarde, caso não funcione.

— Agora você está falando minha língua.

— Te encontro lá. Daqui uma hora?

— Até já, então.

Eu realmente deveria ir ao médico para que examinassem minha cabeça. Sequei o cabelo e coloquei minha roupa de ginástica mais sexy para malhar com um cara ótimo com quem comecei a sair há pouco tempo, mas nenhum dos esforços era realmente para ele. Em vez disso, eu tinha a esperança descontrolada de ver uma mulher que vestia uma camiseta com o nome dessa academia, uma mulher que achava que eu era esnobe e que namorava loiras esculturais com decotes enormes, não alguém de um metro e meio, com quadril largo, mesmo que com uma cintura bem fina.

Quarenta minutos de elíptico e eu estava lamentando ter ido malhar em vez de beber. Hugo puxava ferro do outro lado da academia e eu deveria ter ficado feliz pelo fato de um cara legal ter me convidado para sair. Em vez disso, fiquei sem fôlego, desapontada e com sede. Ainda bem que coloquei duas garrafas de vinho para gelar.

Minha Chefe Criativa - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora