34 - Me senti usada

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Pov Maraisa

Marília não apareceu ao trabalho no dia seguinte. Meu desconforto se transformou em um desmoronamento geral e meu estômago estava dolorido porque eu sabia que algo havia mudado.

Não fazia ideia se tinha a ver com a mulher que saíra do escritório de Marília no dia anterior à noite ou com a reação que Josh teve com a notícia de que éramos um casal, mas minha ansiedade estava me matando.

Ela não respondeu à mensagem de texto, e, ainda que o celular estivesse configurado para produzir um som sempre que uma nova mensagem chegasse, fiquei de olho nele a cada dois minutos.

Estava perdendo rapidamente o foco para trabalhar. Uma voz baixa em minha cabeça sussurrou: Viu? Isto é o que você consegue por ter um caso no escritório. Você não aprendeu a lição?

Tentei ignorá-la. No fim do dia, parei na mesa da secretária de Marília e tentei soar natural.

— Sabe quando a chefe volta?

— Ela não disse. Acabei de receber um e-mail dizendo que ela não viria. — Ela franziu as sobrancelhas e deu de ombros. — Achei estranho.

Fiquei no escritório até as sete. Ainda sem sinal de Marília, peguei o telefone e liguei antes de sair. Deu caixa postal direto. Passando de ansiosa para preocupada, enviei outra mensagem. A segunda não mostrou nem a notificação de entrega. Seja lá o que estava acontecendo, o celular estava desligado, e ela não queria ser encontrada. Eu estava aflita pensando sobre o que fazer depois.

Aparecer na casa dela sem avisar? Tínhamos um relacionamento. Era normal que eu estivesse preocupada com a falta de notícias dela, certo?

Então, novamente, se ela quisesse falar comigo, já teria ligado. Ao contrário dela, eu estava bem aonde deveria estar. E acessível de várias maneiras: mensagem de texto, voz, e- mail, telefone do escritório. Ela podia me encontrar. A menos que. A menos que algo estivesse errado.

Puta merda. Algo estava errado!

O que eu estava fazendo sentada no escritório?

Praticamente correndo para o metrô, subi no primeiro trem e segui para o outro lado da cidade. Toquei a campainha, mas as luzes da casa de Marília estavam apagadas. A correspondência parecia não ter sido recolhida havia um dia... talvez até dois.

Não sabendo mais o que fazer, depois de um tempo, fui para minha casa com relutância. Logo pela manhã, se ainda não tivesse sinal dela, eu ia falar com a Luísa.

Virei de um lado para o outro a noite inteira.

Por fim, tomei banho e me arrumei, mesmo que fossem só cinco da manhã. Meu celular estava carregando e, quando abri as mensagens que havia mandado para Marília, notei que as da noite passada haviam sido lidas recentemente. No entanto, não houve resposta. Ela deve ter carregado o celular em algum lugar. Possivelmente em casa?

Minhas emoções estavam à flor da pele. Ela, obviamente, estava em algum lugar em que conseguia ligar o celular, então poderia ter me ligado para me dizer que estava bem. No entanto, talvez não estivesse. Talvez precisasse de alguém. Talvez esse alguém fosse eu.

Então, voltei para aqueles lados. O sol acabara de subir quando cheguei à estação. Desta vez, na casa dela, havia uma luz acesa. E a caixa de correio estava vazia.

Minha Chefe Criativa - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora