10 - Café com Maiara

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Pov Maraisa Pereira  

Fiz sexo mentalmente. 

Só que não era com Hugo que eu queria fazer isso. Tomamos dois drinques. Contei tudo sobre o novo emprego, e ele de fato ouviu. Agora estávamos no bar e ele colocou sua mão em meu joelho. 

— Estava pensando... o que você acha de irmos ao Jersey Shore no fim de semana? Um fim de semana na praia, jantar em uma barraca que vende cerveja gelada e mariscos? Um amigo tem uma casa em Long Beach e não vai usá-la. 

Eu adorava praia e um bar especializado em mariscos e que serve cerveja gelada eram a minha cara. No entanto, eu não tinha certeza se deveria aceitar. Precisava de um pouco mais de tempo para pensar. 

— Posso responder em alguns dias? Acabamos de iniciar esse grande projeto no trabalho, e eles talvez queiram que eu trabalhe no fim de semana. Não tenho certeza. 

Como de costume, Hugo levou numa boa. 

— Certo. Claro. 

Depois disso, encerramos a noite mais cedo, pois teríamos que acordar praticamente de madrugada. 

Quando entrei no apartamento, Tallulah, aquela droga de gata feia, me assustou. O som de minha coleção de trancas se tornou seu chamado pavloviano pessoal para ação. A sala de estar estava escura, exceto por dois olhos verdes brilhantes olhando diretamente para mim. Ela estava empoleirada no encosto do sofá, me esperando. 

— Deus, você é feia demais — eu disse, quando acendi as luzes. 

— Miau. 

— Eu sei, eu sei, você não tem culpa. — Passei as unhas em suas costas. Parecia tão estranha sem nenhum pelo. — O que acha de eu comprar um daqueles suéteres para gatos? Talvez algo elegante e preto? Ou, quem sabe, com pelo falso, hein? Gostaria disso, sua feia? Você precisa de um pelo para esse corpo que parece um peru. 

— Miau. 

Eu a carreguei enquanto fazia meu ritual, abrindo todos os armários e portas, olhando atrás das cortinas e debaixo da cama. Depois de encontrar tudo vazio, tomei um banho rápido, hidratei o corpo e me deitei na cama. Tallulah pulou e se acomodou no travesseiro ao lado. 

Depois de catorze horas em um novo emprego, seguido por dois martínis, eu deveria estar cansada. Mas não. Estava... excitada. Meu problema poderia ter sido facilmente resolvido. Tudo o que eu tinha que fazer era convidar Hugo para vir até minha casa e ele teria cuidado de minhas necessidades com prazer. No entanto, escolhi ficar sozinha. 

Tallulah ronronou perto de mim, em seguida bateu na minha cara com a pata. Quando a ignorei, ela repetiu o gesto. Na segunda vez, levei a pata ao nariz. Cedendo, alcancei sua barriga cor-de-rosa e a cocei novamente. Ela rolou de costas, entregando-se ao carinho. As patas esticadas e apoiadas na lateral do corpo pareciam asas. Ela realmente lembrava um peru. Me esticando até o criadomudo, peguei o celular e tirei algumas fotos que pretendia enviar por e-mail para minha mãe de manhã, mas então me lembrei da mensagem que Marília havia me enviado a respeito da gata na outra noite. 

Digitei uma mensagem, anexando a foto. 

Eu: Tenho certeza de que ela é gêmea do peru de Natal que está no freezer de algum supermercado por aí. 

Passou menos de um minuto, e meu celular tocou com uma mensagem recebida. 

Marília: Girei o telefone algumas vezes antes de me dar conta do que estava olhando. Essa gata é feia pra caramba. 

Eu: HAHA. Ela tomou conta de mais da metade da minha cama. E também é muito exigente e me bate com a pata na cara se eu parar de fazer carinho. 

Minha Chefe Criativa - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora