7 - Mendonça Industries

665 110 38
                                    

Pov Maraisa Pereira

Eu realmente preciso começar a pegar táxis — resmunguei enquanto subia as escadas do metrô e seguia em direção ao prédio em que eu já deveria estar, se o trem não tivesse parado por vinte minutos. 

Minha entrevista era às onze e já eram onze horas. Talvez trocar de roupa oito vezes nessa manhã não tenha ajudado a pontualidade. O edifício Maxim era um moderno arranha-céu todo de vidro, com mais de cinquenta andares. No saguão, enorme e elegante, levei um minuto até descobrir onde ficava o diretório da empresa – tudo era prateado, brilhante. Uma vez lá, procurei pela Mendonça Industries e passei o dedo no vidro para encontrar a localização correspondente. Trigésimo terceiro andar.  Correndo para os elevadores, vi que um deles estava prestes a fechar, então enfiei o pé para detê-lo. Funcionou, mas quase arrancou meus dedos no processo. 

— Merda. Argh. 

As portas se abriram e eu entrei mancando, sem perceber que o salto fino havia ficado preso na pequena abertura do trilho da porta. Com o calcanhar preso, meu corpo continuou, mas meu pé não e eu vacilei, caindo para a frente. Um braço me segurou e me impediu de cair de cara no chão. 

— Puta merda — resmunguei, percebendo que meu sapato estava completamente fora do pé e preso no elevador. 

— É bom ver você, Maraisa. 

Levantei a cabeça e vi, pela primeira vez, quem exatamente me impediu de cair. 

— Só pode estar brincando comigo! Quantas impressões ruins uma pessoa pode causar em outra? 

Depois de me estabilizar, Marília se ajoelhou e tirou o sapato preso no elevador. Em seguida, bateu em minha panturrilha, indicando que eu levantasse a perna e colocou o sapato de volta em meu pé. 

— Com certeza não foi uma impressão ruim — disse, permanecendo de joelhos por mais tempo que o necessário. — Você tem ótimas pernas. 

— Obrigada... por soltar meu sapato, quero dizer. 

Ela parou e ergueu as sobrancelhas. 

— Você não está me agradecendo por elogiar suas pernas? 

Fiquei vermelha e me senti aliviada quando ela voltou a atenção para o painel de botões. 

— Qual andar? 

— Hummm... Trinta e três? 

A empresa dela ocupa mais de um andar? 

— Você está indo para a Mendonça Industries? Está aqui para encontrar a Lu? 

— Sim. E Josh Lange. 

— Josh? 

— Sim. É ele quem vai me entrevistar, certo? O vice-presidente de marketing? 

— Certo. Sim. Josh é o vice-presidente de marketing. — Ela concordou, mas tive a sensação de que Marília não sabia que eu estava ali para uma entrevista. 

Ficamos em um silêncio desconfortável. Quando as portas se abriram, ela estendeu o braço para que eu saísse primeiro e caminhamos juntas até as portas duplas de vidro da Mendonça Industries. A recepção estava vazia. 

— Por que não se senta e eu aviso que você está aqui? — perguntou. 

— Obrigada. 

Um ou dois minutos depois de entrarmos, a recepcionista voltou para a mesa. 

— Oi. Me desculpe, tive que fazer algumas cópias. Espero que você não esteja esperando há muito tempo. 

— Imagina. Na verdade, entrei com Marília e ela ficou de avisar Luísa Sonza e Josh Lange que estou aqui. 

Minha Chefe Criativa - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora