Capítulo 9

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"Eu quero isso"

Nicolás Villaruel

Me sinto muito mal por tudo que disse a Vanessa, meu peito dói sempre que seu rosto me vem à mente, suas lágrimas quase rolaram, seu olhar cheio de emoção, decepção, dor, ela se sentiu traída, me arrependo demais de tudo que fiz, mas não tive outra escolha, assim que sua toalha caiu de sua cabeça, seus cabelos ruivos me trouxeram de volta à realidade, eu quis muito continuar beijando ela, sentindo ela tão perto, mas eu não consegui. É meia noite e eu ainda não consigo pregar o olho, oiço algum barulho vindo do quarto da Vanessa, uma batida, alguém batendo forte em alguma coisa, latidos da Lucky, altos latidos, mas não pode ser ela, eu ouvi ela vindo buscar seu pijama de dormir.
Saio do quarto e vou até o seu, bato na porta algumas vezes mas ela não responde e nem abre, sem pensar muito atravesso a porta e quase não acredito no que estou vendo.

"Mamacita? Mamacita, você está dormindo?" Tento acorda-lá, mas ela não abre os olhos, Vanessa está em pé e de olhos fechados, ela caminha em direção da janela aberta, calmamente e devagar, "acorda" grito e caminho em sua direção, ela coloca um pé na beirada da janela, ela vai pular, "VANESSA" grito seu nome como poucas vezes faço e ela finalmente acorda, minha garota fica assustada, assim que seus olhos se abrem ela fica completamente em pânico, abraço ela de trás e caímos no chão, Vanessa chora e chora sem parar, "shh já passou" sussurro enquanto acaricio seu cabelo, beijo sua testa e abraço ela mais forte. À carrego em meus braços e coloco ela de volta na cama, mas mesmo assim ela não me solta.

"Não me deixa, por favor, não me abandone outra vez, não me abandona" ela implora, cacete, como isso dói em mim, vê-lá sofrer desse jeito é muito angustiante.

"Eu estou com você gata, nada vai acontecer" fico ao seu lado e pretendo ficar a noite toda, o quanto ela precisar de mim. Deixo ela chorar o quanto precisar, ela deita em meu peito e quando para de chorar, ouço ela soluçar algumas vezes, faço carinho em seu cabelo, e depois finalmente ela volta a dormir de tanto chorar, me faz sofrer ver ela sofrer, nunca passou pela minha cabeça que Vanessa tivesse sonambulismo. Eu passarei a noite aqui, e só sairei quando ela se sentir melhor. Sem parar de acariciar seus cabelos ruivos, continuo beijando sua cabeça algumas vezes, parece que isso deixa ela calma, eu fico muito feliz por isso.

***

"Eu não quero trabalhar hoje" estou com muita preguiça hoje, eu não quero trabalhar mesmo, a semana está um pouco cansativa e muito lenta.

"Você tem que vir, a gente precisa programar a viajem até Venezuela, temos negócios pra tratar semana que vem meu amigo" diz Maximiliano e eu bufo com os lábios.

"Estou aí em trinta minutos" ouço sua gargalhada e ele finalmente desliga. "Eu preciso ir" digo a Vanessa, obrigo ela a dormir agarrada a mim desde aquele dia, ela me odeia e eu entendo isso, mas eu jamais irei deixá-la sozinha no meio da noite outra vez, principalmente em quartos separados.

"Tanto faz, talvez assim você finalmente me deixe respirar" ela revira os olhos, me empurra, levanta o dedo do meio pra mim e sai do quarto.

Estou no trabalho à mais de duas horas e eu nunca quis tanto estar em casa, é Sábado, está chovendo e eu quero muito estar com a Vanessa.

"Vamos, eles chegaram" levanto e vou até a sala de reuniões. A reunião de hoje conta com participação dos fundadores e herdeiros da Trípoles, ou seja, meu pai e seus amigos estarão presentes. Assim que entro na sala, sinto os olhares deles em mim.
Primeiro o senhor Julian Martinez, pai do JJ, sempre tão sorridente e feliz. O senhor Fernando Salinas, pai do Maximiliano, cabelos pretos e alguns fios grisalhos assim como todos eles, e por fim o senhor meu pai, com seu terno que contém o valor de um carro.

A Ruiva que me pertenceOnde histórias criam vida. Descubra agora