"Eu sou grato por te ter"
Nicolás Villaruel
Minha namorada, Vanessa Ortega é minha namorada. Ela sempre me pertenceu mas agora eu posso dizer - ela me pertence porque ela é minha namorada - merda, isso é tão bom. Estamos sentados na cama, com a luz apagada sendo iluminados apenas pelo abajur, Vanessa está de roupão como sempre, mas dessa vez o roupão está aberto, hoje descubro que ela veste um short um pouco mais grande que o meu e uma regata por baixo e só tira no meio da noite, eu nunca prestei atenção pois ela sempre levanta antes de mim. Seu short e sua regata são de ceda, com alguns enfeites floridos, expondo suas pernas claras, mas então sua gargalhada me trás de volta a realidade.
"Então está dizendo que nem transar com a Cookie você transou?" Assinto, ela inventou essa brincadeira de perguntas para saber até o meu segredo mais bem guardado, sua gargalhada diminui e então, "sua vez" bem, o que eu quero saber sobre ela, penso mas nada me vem à mente.
"Quem é Sebástian?" Ela olha feio pra mim, mas em seguida sorri. Eu já escutei esse nome vindo de seus lindos lábios em meio de alguma de nossas discussões, mas eu sempre esquecia de perguntar.
"Seba? Ele é o filho da minha tia Helena, ele foi como um irmão gémeo pra mim, ele é só um ano e alguns meses mais velhos" ela faz uma pausa e se aconchega ainda mais em meus braços, "Sebástian me ajudou muito quando a minha mãe me abandonou, quando eu fui morar na casa dele a gente ficou inseparáveis, ele foi o meu primeiro beijo, mas a gente achou esquisito demais e nunca mais voltamos a fazer isso" agora tudo faz sentido. Imagino uma versão mais nova de Vanessa parada do lado de fora de casa, esperando sua mãe chegar e horas depois descobrir que ela nunca mais irá voltar.
"Eu gostaria de ter te conhecido naquela época, talvez eu pudesse estar no lugar do Sebástian agora" digo revirando os olhos.
"Nem pensar, o Seba é como um irmão gémeo, você é diferente" sorrio, "como era sua aparência quando criança?" Ela pergunta e eu sorrio, aposto que se ela me conhecesse naquela época ela não sentiria nada por mim.
"Se eu disser, você não vai acreditar" me afasto e vou até o criado mudo, pego o porta retrato e entrego pra ela, "esse sou eu, meses antes de perder a minha mãe" digo.
"Não pode ser, isso são aparelhos?" Ela pergunta, olha para foto e depois para mim, de novo para a foto e de novo para mim, "impossível" ela coloca o porta retrato ao lado do meu rosto e eu reviro os olhos, "é você mesmo, o revirar dos olhos". No retrato minha mãe está me dando um abraço de urso, revirei os olhos pois eu não gostava de fotos, depois que ela se foi se tornou minha foto favorita, estou com catapora, de óculos gigantes e aparelhos dentários, meu vestuário é o pior que uma criança podia usar, "que fofo" olho torto pra ela. Vanessa olha pra foto mais alguns segundos, "espera, essa é sua mãe?" Ela pergunta e eu reviro os olhos. Vanessa parece assustada, "é ela Nicolás" não entendo nada, "a mulher misteriosa que sempre vinha me visitar após a morte do meu pai".
"Impossível, não tem como, minha mãe nem sequer te conhecia" digo mas, pensando bem, "merda, tem sim, tem como ter sido a minha mãe, quando foi a última vez que você viu ela?".
"Quando eu tinha dez anos" sua voz fica trêmula, "isso quer dizer que você tinha treze".
"Foi quando a minha mãe morreu, ela parou de ir porque ela tinha morrido" digo e os olhos de Vanessa se enchem de lágrimas.
"Eu vivi todo esse tempo achando que ela simplesmente não queria me ver" beijo sua testa e então ela passa os dedos sobre o retrato, "mas como é que o seu pai sabia quem sou eu, eu nunca havia visto o seu pai na vida até o dia em que me mudei".
"Só há um jeito de descobrir" levantamos da cama e caminhos até o escritório do senhor Villaruel, quando eu bato na porta ele mesmo vem até ela abrir, o que ele nunca faz, será que a porta estava trancada?
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A Ruiva que me pertence
RomansSer filho único do grande Alejandro Villaruel me trouxe grandes vantagens, mas houveram desvantagens também. Meu pai não é o melhor do mundo mas é meu pai, ele faz tanta merda desde que aconteceu que agora tanto faz, eu perdoo sempre porque, como e...