Capítulo 24

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Capítulo 24
"Oi, mãe"

Vanessa Ortega

Eu e Nicolás estamos no carro a caminho da minha casa, faz dois dias desde o ano novo, não viemos ontem porque assim que acordamos teve um pequeno almoço incrível e tivemos muita preguiça de simplesmente abandonar tudo e todos e sair. Mas essa manhã, me recordei que eu precisava mesmo fazer isso e me recordei das palavras de tia Carmen na noite de ano novo, se aquela mulher não sentir orgulho de mim, eu nunca mais olho pra casa dela. Assim que chegamos, Nicolás carrega o bolo e me segue, abro a porta e assim que atravesso vejo minha mãe, minha tia, mas assim que levanto minha cabeça alguém chega do banheiro.

"Não é possível" digo a mim mesma.

"Ruivinha?" Sorri.

"Sebastian" grito e corro até ele, é ele mesmo, meu irmão. "O quê? Quando? Como? Porquê não me contou?".

"Calma, nossa você já é uma mulher" quando essas palavras atravessam seus lábios eu me lembro que não estou sozinha, esses dois podem se odiar ou se amar, das duas, uma.

"Ah, Nico" arranco o bolo de suas mãos, deixo sobre a mesa e arrasto ele pelo braço. "Nico esse é o Seba de quem te falei, Seba esse é o Nico de quem te falei".

"Então você é o irmão dela?" Nico estende seu braço.

"Então você é namorado dela?" Seba corresponde seu aperto de mão e depois de segundos fitando os olhares, eles finalmente abrem um sorriso. Não vão se odiar.

"Vanessa" a voz da mulher que me trouxe ao mundo me tira o sorriso. Sebastián e Nicolás olham pra mim da mesma forma, como se os dois estivessem a me dar uma força.

"Oi, mãe" digo e depois suspiro derrotada, "vamos conversar?" não há mais volta a dar.

"Claro, minha filha". Nicolás beija minha testa e depois senta no sofá junto com Sebastián e minha tia. "Sobre o que quer conversar?".

"Eu não sei, eu só quero te perdoar mas não sei como" respondo me sentando de frente pra ela.

"Eu quero me desculpar pela maneira como falei no outro dia, não queria que soubesse daquela forma" suas palavras parecem sinceras.

"Eu não tenho como dizer se é verdade ou não, então eu vou acreditar nas suas palavras" digo, "eu não conheci o lado do meu pai que a senhora mencionou, portanto será difícil me fazer cair na sua realidade". Minha mãe conta a história outra vez, detalhadamente e com calma.

"Eu juro que não queria te abandonar e me arrependo dessa decisão até hoje" seus olhos começam a encher-se de lágrimas. "Vanessa me perdoa, você tem toda razão ao dizer uma mãe deve fazer tudo pra que uma filha não passe pelo que você passou". Olho para ela sem reação, pergunto a mim mesma que mal pode fazer essa mulher? Ela é mesmo a minha mãe, vejo a partir de seu cabelo que tantas vezes penteei quando nem ela mesma conseguia fazer isso de tanta tristeza, seus olhos que dizem tanto sobre sua nacionalidade mexicana.

"Onde estava esse tempo todo?" Essa pergunta atravessa meus lábios antes mesmo que eu possa evitar.

"Na Cidade do México" ela responde com um sorriso triste. "Eu fiquei com a minha família, trabalhei como uma louca e paguei todas as dívidas e assim que eu consegui pagar todas elas eu voltei imediatamente".

"Então quer dizer que a senhora me deixou aqui, foi para Cidade do México e trabalhou esse tempo todo para pagar dívida por dívida e só conseguiu onze anos depois?".

"Eu só consegui um emprego de verdade três anos depois de tudo" ela responde imediatamente.

"Ah" é tudo que consigo responder. Olho para Nicolás que está no sofá com minha tia e Sebastian, ele detesta gente nova mas sempre respeitou minha família, ele faz isso tão bem que minha tia é apaixonada por ele. Nesse momento Pablo corre até seus braços e Nico o coloca em seu colo, ele sorri e fita os olhos no menino enquanto ele conta suas histórias. Nicolás parece sentir-se bem aqui, com a minha família, que é exatamente como eu me sinto em relação a ele, pois ele é minha família agora, ele também já cometeu erros mas nem por isso eu deixei de amá-lo, então quer dizer que até a sua família pode cometer erros, é claro que por ser família não nos impede de ficar chateados, porém nunca odiar. Fico pensativa por alguns minutos, mas no fim de tudo sorrio pois pensar em tudo isso me trouxe de volta à sanidade. É minha mãe. "Eu não sou ninguém pra ter que te perdoar" minha mãe fica confusa, "quem sou eu pra te julgar? Magoou-me muito o que a senhora fez mas eu não sou ninguém para te julgar, até porque a senhora fez por um motivo".

A Ruiva que me pertenceOnde histórias criam vida. Descubra agora