"Sabe que dia é hoje?"
Vanessa Ortega
Olha, e se a gente se odiasse seis dias por semana? A gente se odeia de Domingo até sexta-feira, e sábado será o nosso dia sem ódio. Tenho que admitir, adorei essa ideia. Fica difícil odiar alguém que te atrai e que sou obrigada a dividir a cama com ele, pra ele parece tão fácil, a única vez que isso aconteceu eu estava tão bebada que nem sequer me recordo. Assim que acordei ao seu lado surtei, eu não soube como reagir, tanto que chutei ele da minha casa. Já é segunda-feira e eu simplesmente estou ansiosa para que sábado chegue logo."Vanessa sai daí por favor, eu tenho que trabalhar" grita Nicolás batendo na porta, só agora me recordo que estou no chuveiro, e agora que dividimos o quarto temos que dividir o banheiro também.
"Estou saindo" grito de volta.
"Você está dizendo isso à vinte minutos" dou gargalhada, porque ele tem razão, estou aqui a bastante tempo, "você está rindo? Quer saber? Foda-se" ele diz e entra. Grito que ele está me desrespeitando, e ele grita que já esperou demais. Enquanto eu fico dentro da banheira, ele fica lavando os dentes, "Chega Vanessa, agora é minha vez, você não tem aulas online?" eu nunca contei ao Nico que estou fazendo faculdade online, ele é capaz de dar gargalhada do curso que escolhi. Ele pega a toalha e me entrega sem olhar pra mim, ele sempre faz questão de respeitar minha privacidade como ninguém nunca o fez..
"Pronto, ele é todo seu" digo e deixo ele murmurando no banheiro. Me visto e desço até a cozinha, tia Carmen e a mãe da Lisa foram ao super mercado, porque segundo elas não têm nada pra comer nessa casa.
Nicolás vem apressado e quando vê a mesa vazia, murmura outra vez e outra vez. "Puta merda, calma, senta aí que eu faço algo pra você comer, você sempre reclama tanto assim?" Pergunto e parece que isso o dá mais moral para continuar, encontro alguns ovos e legumes na geladeira, uso para fazer um omelete, com torradas e café. "Pronto, coma e vê se fica calado" digo e sento ao seu lado. Não sei o motivo mas eu gosto de o assistir enquanto come."Sua comida me lembra a comida da minha mãe" ele diz com a boca cheia e eu o repreendo por isso, "desculpa, mamãe" ele brinca e sorri. "Eu tenho que ir, aquele hospital não irá se gerênciar sozinho, mande um beijo para a tia Carmen" ele me despede e sai.
Assim que tia Carmen chega juntamente com Lisa e sua mãe, ela surta só de pensar que o Nicolás foi ao trabalho sem comer, assim que conto tudo que aconteceu ela se tranquiliza.
"Ele ama sua comida, diz que lembra sua mãe" diz tia Carmen sorrindo e colocando as compras no balcão.
"Ele me disse hoje mas eu não acredito" digo e ela diz para que o acredite.
"O Nicolás parece superficial, mas ele não é. Ele é o menos superficial" começa tia Carmen, "ele tem seus hábitos de gastar dinheiro do nada, mas ele é quem menos gasta nessa casa, o que ele gasta é só com a bebida do bar, ou seja, o dinheiro volta automaticamente para seus bolsos" diz ela e eu consigo acreditar, Nicolás sempre bebe garrafas inteiras principalmente quando está puto com alguém, e nada mais que isso.
***
Sexta-feira, como os dias passam devagar, enquanto penso, "Eu não estou afim" ouço Nicolás sussurrar ao celular, "Pare com isso, é claro que eu a odeio, mas ela é minha garota eu tenho que a respeitar" espera, Nicolás tem uma namorada? E não me contou?
"Nicolás meu amor, você pode me ajudar a fechar o zíper dessa calça por favor" grito e ele fica tão assustado que dá um pulo de susto e desliga a chamada.
"Que zíper garota?" Ele diz quando se vira.
"Não tem zíper nenhum, era só pra você desligar a chamada mesmo" digo sorrindo.
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A Ruiva que me pertence
RomanceSer filho único do grande Alejandro Villaruel me trouxe grandes vantagens, mas houveram desvantagens também. Meu pai não é o melhor do mundo mas é meu pai, ele faz tanta merda desde que aconteceu que agora tanto faz, eu perdoo sempre porque, como e...